Noites em claro
Memória desperta a vã tentativa
de ludibriar o tempo
Acorda a criança em mim adormecida
Pelo Diazepam da vida moderna
Filmes em preto e branco
são exibidos na minha TV sem LED
válvulas, fusíveis
imagens de íngremes degraus
esculpidos no argiloso barro cinza
desenham a escada de chão
cumeada céu adentro
Dura escalada cotidiana da gente
Que leva consigo um tanto de mim
cabeças rodilhadas n’algum pano velho
de um colorido encardido
a sustentar um equilíbrio distante
para o peso da água parca
Gente boa, gente de fé e as latas
Latas d’ água, d’ pedra, d’ vida e de tudo
Tudo aquilo que é suor, quente e salobro
Tudo que é trabalho árduo e mal remunerado
Gente boa, gente de fé, relegada às suas colinas
e seus castelos de areia fina
arrastados na primeira chuva insistente
que venha espiar-lhes o cansaço
E eu, assistindo minha TV sem LED
Reflito que até as intempéries
parecem contribuir com as injustiças desse mundo.
Elizabeth Manja
Obrigada queridos, honrada versar neste blog!
ResponderExcluirSuper beijo
Uma linear no meio do meu coração, de um lado a beleza da sua poesia incomparável, do outro a tristeza da (#NOSSA) realidade. Tudo junto. Um riso de orgulho com a mão no queixo e uma torneirinha abaixo da testa... <3
ResponderExcluirParabéns Eliz!!!!