quarta-feira, 18 de novembro de 2015

É amanhã: mineiros lançam livros no Rio de Janeiro


O compositor Toninho Horta lança seu livro/biografia
“Toninho Horta – Harmonia compartilhada”
E o poeta Petrônio Souza Gonçalves
Lança seu terceiro livro “Um Facho de Sol como Cachecol”
Antes da sessão de autógrafo haverá um bate-papo com os autores
Dia 19 de novembro na livraria Argumento

Rua Dias Ferreira 417, Leblon. Às 20h. Rio de Janeiro. 

Toninho Horta é um dos maiores músicos do mundo. Tem vários discos gravados e distribuídos em todo o planeta e agora apresenta em livro um pouco de sua trajetória. Para citar apenas dois nomes, Pat Metheny e George Benson, considerados ícones da guitarra, estão entre os artistas que o reverenciam. Toda sua carreira, sucessos, discos e histórias curiosas poderão ser conhecidas agora pelo grande público com o livro “Toninho Horta - harmonia compartilhada”, escrito por Maria Tereza Arruda Campos.
O jornalista Petrônio Souza Gonçalves lança o seu terceiro livro, o segundo de poemas, com imagens poéticas inusitadas, como já revela o título: “Um Facho de Sol como Cachecol”. Composto por 231 poemas, os textos não têm título, o que é uma inovação na forma de compor os versos pelo autor, vindo cada um poema com a primeira frase em destaque, sendo o título de cada texto. Nas palavras de Luis Fernando Verissimo, o autor é uma revelação na poesia: “Entre o lírico, o irônico, o insólito e o confessional viaja a poesia do Petrônio. Realmente uma revelação”.
Antes da sessão de autógrafos, os autores farão um bate-papo, quando abordarâo detalhes e características de suas obras, além da poesia na música popular brasileira, histórias do Clube da Esquina, bastidores do mundo literário, e as eternas parcerias de Toninho Horta e suas gravações. Haverá, ao final, espaço para perguntas do público.
Toninho Horta - Compositor de Manoel, o audaz, música que lhe deu fama, Toninho Horta é cultuado pela crítica mundial especializada e por fãs ao redor de todo o planeta. Para citar apenas dois nomes, Pat Metheny e George Benson, considerados ícones da guitarra, estão entre os artistas que o reverenciam. Toda sua carreira, sucessos, discos e histórias curiosas poderão ser conhecidas agora pelo grande público com Toninho Horta – harmonia compartilhada, livro escrito por Maria Tereza Arruda Campos. Nascido em 1948, na cidade de Belo Horizonte, cresceu numa família extremamente musical: o avô materno era maestro e compositor e a avó tocava piano. Ganhou seu primeiro violão aos 10 anos e foi sua mãe quem lhe ensinou os primeiros acordes, junto com o irmão Paulo, 15 anos mais velho, músico profissional e um dos ídolos de Toninho. Não demorou para fazer sua primeira música, “Barquinho vem”, com letra da irmã, Gilda, uma das grandes incentivadoras de sua carreira.
Um dos primeiros encontros musicais foi com Milton Nascimento, na década de 1960. O irmão Paulo levou “Bituca” para tocar num evento musical que as irmãs promoviam em casa e pediu que Toninho, então com 16 anos, tocasse para Milton ouvir. A partir daquele dia tornaram-se grandes amigos, repetindo muitas vezes as sessões musicais.
A estréia profissional aconteceu aos 17 anos. Começou a ser conhecido pelo público em 1967, quando participou do II Festival Internacional da Canção, no Rio de Janeiro. Na ocasião, classificou duas de suas composições: Maria Madrugada , interpretada pelo grupo vocal O Quarteto, e Nem é Carnaval, cantada por Márcio José. No mesmo concurso Milton Nascimento maravilhou o Brasil com sua voz ao interpretar Travessia, Morro Velho e Maria, minha fé.
Após o Festival, mudou-se para o Rio de Janeiro, onde chegou a morar junto com Lô Borges, Milton Nascimento e Beto Guedes. A primeira cantora a gravar uma música sua na cidade foi Joyce, interpretando Litoral. A partir de então vários artistas passaram a conhecer o seu trabalho.
Um dos capítulos é dedicado ao disco Clube da Esquina, lendário álbum gravado em 1972 e que projetou definitivamente os músicos mineiros no cenário nacional. No ano seguinte Toninho acompanhou Gal Costa em turnê e fez sua primeira viagem ao exterior. O primeiro reconhecimento internacional veio em 1977, quando a revista londrina Melody Maker o elegeu como o 5º melhor guitarrista do mundo.
Embora tenha contado com a participação de músicos como Wayne Shorter e Herbie Hancock, seu primeiro disco solo, Terra dos Pássaros, levou quatro anos para ser lançado, em 1980, pela dificuldade de conseguir uma gravadora – todas achavam “artístico demais” e o álbum acabou sendo feito de maneira independente. A mesma dificuldade fez com que no final dos anos 90, após nove anos morando nos Estados Unidos, ele criasse sua própria gravadora, a Minas Records.
O livro passa também pela formação da banda Som Imaginário, legendária banda que por alguns anos acompanhou Milton Nascimento. Toninho fez parte de uma de suas formações e participou da gravação do disco Milagre dos Peixes. Na obra ele relembra, ainda, as apresentações em outros países asiáticos e europeus, além de sua relação com fãs. Um dos capítulos da obra é dedicado ao encontro musical com Pat Metheny, enquanto outro fala da gravação de um disco com George Benson, ainda não lançado comercialmente.
No final da obra Toninho faz também declarações de caráter pessoal, que dão a dimensão humana desse profissional da música.
Petrônio Souza Gonçalves - O jornalista Petrônio Souza Gonçalves lança o seu terceiro livro, o segundo de poemas, com imagens poéticas inusitadas, como já revela o título: “Um Facho de Sol como Cachecol”. Composto por 231 poemas, os textos não têm título, o que é uma inovação na forma de compor os versos pelo autor, vindo cada um poema com a primeira frase em destaque, sendo o título de cada texto. Nas palavras de Luis Fernando Verissimo, o autor é uma revelação na poesia: “Entre o lírico, o irônico, o insólito e o confessional viaja a poesia do Petrônio. Realmente uma revelação”.
Depois do livro de estréia, Memórias da Casa Velha, de contos, de 2004, e Adormecendo os Girassóis, de poemas, de 2007, Petrônio viaja, nesse novo trabalho, pela temática de um homem preso ao seu tempo e pelas paisagens mineiras que o cercam, que ele carinhosamente chama de ‘as coisas do porão’.
O poema que abre o livro é dedicado ao grande amigo de Petrônio, o jornalista Sebastião Nery, em que o autor aborda a temática do tempo, em que se lê: “O tempo é mesmo um deus cruel.../ Crava em nossa memória/ A espada enferrujada das horas./ No rosto,/ O traço roto dos anos sem pincel./ Sem demora,/ Minuto a minuto,/ Nos devora./ Nos mastiga com a força do pensamento/ E nos cospe na sarjeta da eternidade”. Na seção de máximas, encontramos uma sobre o amor: “O amor é como um poema,/ Tem vida longa,/ Em frases pequenas”. Outros também compõem o livro, como: “Para arrumar a casa,/ É preciso afastar os móveis” ou “Eu sei,/ Depois esqueço./ Melhor a vida assim,/ Recomeço”. Todos os poemas foram escritos nos últimos cinco anos. O livro teve o apoio cultural da CENIBRA – Celulose Nipo Brasileira SA.
Um Facho de Sol como Cachecol tem o prefácio assinado pelo cronista e dramaturgoAlcione Araújo, grande amigo de Petrônio, falecido prematuramente. O livro traz ainda a capa assinada pelo cartunista Paulo Caruso, além de depoimentos deFernando Morais: “Quem aprecia bons poemas, como eu, vai se deliciar com este ‘Um facho de sol como cachecol’. Como diria Tristão de Athayde, aviso aos navegantes: tem poeta na praça. Dos grandes”. Artur Xexéo: "Há uma delicadeza na poesia de Petrônio que a gente não vê muito por aí. Nela, a primavera tem sabor, as borboletas nascem em plantações, as madrugadas são música. É uma delicadeza mineira" e do acadêmico Zuenir Ventura: “Há na poesia de Petrônio um tema recorrente que ele aborda com muita sensibilidade: o tempo, com sua passagem implacável e fugaz. É o tempo devorador de pessoas e coisas, capaz de ‘cravar em nossa memória a espada enferrujada das horas’, assim como pode ‘manchar com sua ferrugem os paralelepípedos quebrados das ladeiras de Ouro Preto’. Ao contrário, porém, da fugacidade do tempo, os versos que ele inspira neste livro se destinam a resistir, a permanecer.” Para Alcione Araújo, “Petrônio fantasiou e coreografou nossas surradas palavras para dizer ‘Um Facho de Sol como Cachecol’, de um jeito que jamais diríamos”.
Escritor e jornalista, Petrônio mantém uma coluna semanal sobre política e cultura em mais de 40 jornais Brasil afora. Em 2005 ganhou o Prêmio Nacional de Literatura "Vivaldi Moreira", da Academia Mineira de Letras, como segundo colocado. Atualmente é editor da revista literária Imprensa na Praça e da revista Memória CULT, dedicada à história e à cultura mineira, ambas são distribuídas gratuitamente, além de ser o redator do programa televisivo dedicado à cultura brasileira Arrumação, apresentado por Saulo Laranjeira.
Crítica do Jornal Correio Braziliense: "Em suas 238 páginas de pura poesia, o autor conseguiu dar a ela, a poesia, uma imagem de pureza, ligeireza, leveza e beleza, que - vale confessar - , jamais vi. A cada página, uma surpresa, tal a sua originalidade e forma de fazer poesia, como a da página 114. em que se lê: "Aprendi a ser como o ipê: Quando escureço. Despido entristecido padeço; Aí é que floresço." Até que chegamos à última página com: "Para arrumar a casa/É preciso afastar os móveis". O óbvio mais poético de que se tem notícia."

terça-feira, 17 de novembro de 2015

Poema de Heitor de Lima


Descamasse talvez teu ritmo de braços e neutrinos
algo de infinito e além no ângulo de tua orelha. Há poetas feitos de orelhas
Poetas feitos da carne do sol
Poetas além de Orfeu como lastro aos mortos de março.
Há poetas com sede de cromo e prosas na alameda
Há poetas de leite materno e consolo estival
Poetas de madeira e jade, poetas de Celan
E a poesia é sobre seu cerne alado.
“Amor, daremos aos que passam qualquer boca de lábios secos”
Há poetas feitos de orelhas vertendo seus Ícaros informes.
Queimando o ar a terra e difundindo-os
pensando na lama e no beijo  no gosto inverossímil do teu riso.
e sigamos com todos, sozinhos

Heitor de Lima 

sexta-feira, 6 de novembro de 2015

Sintomas de Saudade


Tem horas que me dá um calafrio,
Que um sopro melancólico me invade,
Nos braços me percorre um arrepio,
Na alma a sensação é de vazio
E logo me dou conta que é saudade.

Tem horas que me pego pelos cantos
Sem ânimo, sem brilho, sem vontade,
Eu tento ver, com garra, se suplanto,
Contudo sou vencido, caio em prantos
E logo me dou conta que é saudade.

Meu coração dispara, dói-me o peito,
Cogito duvidar da sanidade,
Do juízo, que outrora foi perfeito,
Já não durmo, nem como mais direito
E logo me dou conta que é saudade.

As vezes não importa o que eu faça,
Não acho coisa alguma que me agrade.
Qualquer prazer a mente já rechaça,
O mundo já não tem mais tanta graça
E logo me dou conta que é saudade.


Nada para,
Segue o jogo,
Rio que corre,
Dor que arde.

Nada para,
Todos amam,
Só meu peito
Faz alarde.

Nada para,
Tudo gira,
Só meu mundo
Que se evade.

Então logo
Me dou conta:

É saudade.

quinta-feira, 5 de novembro de 2015

Lanternas nuas


Sorrateiros os gatos e os sapatos
  Felinos e engraxados
   Rumam pela madrugada adentro
    Ignorando as lanternas da rua
     Com as suas luzes amareladas
      Suas pernas compridas e nuas.

Os gatos com suas sete vidas
  Desvendam o trajeto do nevoeiro adiante
   Os sapatos com as prestações vencidas
    Sufocam as dores das feridas
     Pulsantes ou mal curadas
     
Sob a luz amarela há encanto
  Os gatos lambem a luz na poça ao lado
   Os sapatos tropeçam na ausência dela
    E a luz trêmula permite no seu canto
     Que a madrugada sua alquimia revela.

Perpétua Amorim

terça-feira, 3 de novembro de 2015

para virar uma árvore


respire muito muito muito fundo,
fundíssimo, como se fosse a última
vez que o ar estivesse disponível
antes de começar a ser vendido
em pequenos saquinhos amarelos.
(se o ar já estiver sendo vendido
em saquinhos no momento em que lês
o poema, não leia mais poemas).
plante os pés no chão, ao lado da mais
alta árvore que estiver ao seu
redor. agora, feche os olhos, pois
o resto acontece sozinho.

João Pedro Liossi

segunda-feira, 2 de novembro de 2015

Maria


É mais um fim de fria Madrugada,
com um espectro de uma neblina derrocada,
que fará de Maria novamente desalojada,
Ela esta em seu casebre , acordada,
olhando pra seus filhos que dormem
sem saber de nada.

Maria treme com  misto de frio e medo,
pois Ela, mais de uma vez,
esta vivendo este enredo,
eis que neste terreno que pagou pra invadir,
e que agora, forçadamente, tem que sair,
evidentemente, Ela e seus filhos não tem pra onde ir.

Maria é sozinha, 
nesta sua Vida descaminha,
só tem seus filhos,
pra seguir nesta agonia.

Maria não tem mobília,
esta descrente,
já não acredita em homilia,
cada vez mais esta sem energia.

Agora que mais uma vez foi despejada,
Maria esta encurralada,
não há programa de governo
que possa abriga – la
Maria não acredita mais em nada.

Maria novamente ira pagar pra invadir,
pois não tem pra onde ir,
até, que mais uma vez,
o rolo compressor imobiliário,
numa ação de despejo,
patrocinado pelo judiciário,
fará com que Maria e seus filhos,
tenham mais uma madrugada,
com um terrível espectro de neblina derrocada,
onde Maria irá tremer desesperada,
olhando seus filhos,
que dormem sem saber de nada.


Marco Aurelio Tisi

domingo, 1 de novembro de 2015

Em mãos, poema de Rachel Ventura Rabello


Ouve
com os olhos.
Sei que os olhos têm
uma audição própria.
Espero que o som seja
o mesmo
ou se assemelhe
ao roçar da língua
no ouvido...

Veja,
é só uma questão
de ouvir de dentro.
Preste atenção
ao que te digo
e não ao som
do que digo

Eu contarei o segredo:
S E G R E D O

Quero contar
como contar
o segredo
e, assim,
desfazê-lo.
(que segredo
que se conta
deixa de sê-lo).

Pegue, tome
tenho medo
de perder
o que direi
ao dizê-lo.
Então (por isso)

vou escrevê-lo: