quarta-feira, 22 de julho de 2009

Lançamento do livro Clube da Leitura

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Convite para o lançamento do livro Clube da Leitura: Modo de Usar vol I, que ocorrerá em 28 de julho no sebo Baratos da Ribeiro. O livro é o resultado do clube da leitura que ocorre lá, onde a galera lê textos e, a partir de textos escolhidos que viram mote, escreve contos. Os contos do livro estão ilustrados por três quadrinistas: Johandson, Fábio Lyra e Eduardo Felipe. O livro teve pré-lançamento na programação da OFF-FLIP e agora tem seu lançamento no Rio! São 19 novos autores cariocas e 24 contos, entre eles a nossa amiga do bolha, Vivian Pizzinga.
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segunda-feira, 20 de julho de 2009

NINGUÉM FAZIA IDEIA, por Zé McGill

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Você já parou pra pensar sobre a renovação que certas palavras sofreram por causa do novo acordo ortográfico da língua portuguesa? Nos textos que você lê nos jornais, na internet, nas publicações mais recentes, você percebe que existe uma palavrinha que antes quase não era notada, mas que agora, depois do tal acordo, botou o pescoço pra fora da janela?
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A tal palavra é IDEIA. Segundo meu dicionário de bolso, surrado e manchado de suco de goiaba, significa: “Representação mental, imaginação; elaboração intelectual; concepção; plano, projeto”. Não sei se aconteceu somente comigo, mas após o tal acordo, parece que IDEIA começou a pipocar loucamente em 90% dos textos que leio. Eu não fazia IDEIA da assiduidade do nobre vocábulo. Acho que ninguém fazia IDEIA.
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E de quem terá sido a magnânima IDEIA de colher o maduro acento agudo lá do alto dos cachos da IDÉIA? Fico imaginando um acadêmico lusitano, cabeçudo e atormentado, desprovido de boas IDEIAS, que se depara com a palavra IDÉIA num canto escuro de seu escritório. Ele decide escalar o E para afanar-lhe o acento na mão grande. Trepa sobre o segundo braço da letra, olha à sua volta para certificar-se de que não há ninguém olhando e disfarça um pigarro antes de passar a mão no agudo e enfiá-lo no bolso do paletó. Em seguida, pega o telefone e começa a ligar para os colegas de academia, conta-lhes sobre o sequestro e propõe um... acordo.
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Ainda bem que o tal acordo ortográfico exclui os nomes próprios. Eu conheço uma moça bonita, de nome igualmente bonito, que tem o assassinado trema posto sobre a letra i, no meio do nome. Essa moça bonita não quer se livrar do trema e pode ignorar o tal acordo se assim desejar. Mas e a palavra linguiça, por exemplo, como é que fica?
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Violentou-se a lingüiça, justamente ela, que sempre sofreu as mais perversas violações: além de ser tostada nos churrascos da vida, tornou-se sinônimo de órgão genital e de embromação, antes mesmo que a coroa do U levantasse voo. Por sinal, esta última palavra (ex-vôo) é mais uma que foi descortinada. Eu diria que voo vem logo na cola de IDEIA na fila indiana das palavras defloradas que andam salientes. Não sei se foi o acidente da Air France ou a queda do acento circunflexo, que deixou careca seu segundo O, mas passei a ler voo com frequência muito maior nos últimos meses. Assim como passei a enxergar IDEIA em tudo que é folha de papel. E nisso reside aquele que talvez seja o único atributo positivo do novo acordo ortográfico.
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Dizem que Deus está nas coincidências. E talvez não seja por acaso que IDEIA esteja pululando sob nossas pupilas ultimamente. Em nossas vidinhas modernosas, onde somos quase todos consumidos pela urgência de ganhar dinheiro, consolidar carreiras profissionais e conquistar patrimônios materiais, sobra cada vez menos tempo para parir boas IDEIAS. Parece que vivemos um processo dormente de emburrecimento no mundo globalizado, onde a boa IDEIA está minguando e nem a Caninha 51 salva.
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Enfim, não sei se este texto em homenagem à IDÉIA foi uma IDEIA genial ou um sinal de que preciso beber menos, mas vou trocar uma IDEIA com aquela moça bonita (aquela, que manteve o trema no nome) pra ver se ela consegue dar um jeito de tirar esta IDEIA fixa da minha cabeça. Mas, que IDEIA...
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domingo, 19 de julho de 2009

Em Marselha — um texto de Luisa Noronha

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Olá!
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Estou em Marselha, uma cidade com um astral ótimo, autêntica e tão movimentada quanto denuncia a ventania constante — c´est le bon air de la Méditerranée — me disseram. E é mesmo o Mediterrâneo que sempre garantiu a autenticidade local. Seu vieux port é o mais movimentado da França e some no horizonte de tão longo; e foi nesse mesmo cais que aportaram os gregos no século VII a.C., passando pelos domínios romano e celta.
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Essa fusão de culturas que remonta à antiguidade é presenciada hoje na arquitetura de estilo, ora bizantino, ora neoclássico, nas feições miscigenadas e nas animadas feiras de rua, onde servem-se desde peixes frescos a kebabs turcos e um caldo marroquino estranhíssimo. Marselha é uma cidade de verdade: meio suja, alguns mendigos, fachadas encardidas e varais de roupas cortando o céu.
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Suas ruelas estreitas são tão instigantes quanto intrigantes, te levando longe ou de volta ao mesmo lugar, o que torna impraticável qualquer passeio sem um mapa na mão. O que mais se vê são turistas lutando contra a ventania para manter o mapa aberto.
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Caminhei pela cidade inteira hoje. Vi palácios, fortalezas, parques, o museu da história da cidade, uma catedral de peso à beira-mar e terminei o dia na principal atração da cidade: a Basilique Notre Dame de la Garde. No alto de uma colina, só a vista panorâmica da cidade já bastava, mas a basílica em esplêndido estilo romano-bizantino é uma pérola, revestida de mosaicos e folheada a ouro, é de ofuscar a vista de tanta beleza. Realmente de tirar o chapéu. assisti à missa e deu para acompanhar direitinho, até aprendi a ave-maria em francês.
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Acabo de voltar ao hotel, são quase 9h da noite, e o sol ainda teima em cair no horizonte. Vou dar um pulo no porto, a cidade deve ficar linda inundada pelo pôr de sol.
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bjs,
Luisa
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Luisa Noronha
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sábado, 18 de julho de 2009

ATENDIMENTO AO PÚBLICO

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escarro, catarrada, pus, soluço, espirro, tosse, mal hálito, remela, meleca, ressacas múltiplas... urubu traçando carniça de urubu torrado de sol e agora vai reclamar direitos; insônia às 04:32 no puxadinho alugado com o dindin da vovó misericordiosa e na manhã o infeliz vai reclamar direitos no escritório adjunto; dondoquinha que levou do namorado um soco no olho e se sentiu “lesada”; mosquito elétrico zanzando pra irritar geral... “É por serem verdadeiras que todas essas histórias são trágicas. A vida animal selvagem sempre termina tragicamente
(“Animais da selva que conheci”,
Ernest Thompson Seton)
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Paulo Vitor Grossi já publicou 3 textos no jornal Plástico Bolha. Esse aqui faz parte do seu livro Carne Viva (edição privada) que é poesia pura.
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quarta-feira, 15 de julho de 2009

Vai de Bala? — um poema de Bianca Rezende

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A bola que rola na rua
O carro que sobe a ladeira
O grito do moleque do alto do muro
E lá se vai...
...se vai mais uma estrela
...se vai mais um na pista
O tapa no canto da orelha
A barriga que nunca está cheia
E o moleque de calção de banho
E lá se vai...
...se vai descendo a onda
...se vai mais um dos bambas
As noites e as farras mil
Cachaça e conhaque, um barril
Um beijo em quem nunca se viu
E lá se vai...
...se vai amando torpe
...se vai trocando os pés
O corpo deitado e nu
Suor ainda nas têmporas
Foi tiro, foi pássaro, foi vento
Ninguém viu, nada se ouviu, nenhum relato
E lá se vai...
...se vai vivendo a beça
...se vai vivendo a beça
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Bianca Rezende
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sábado, 11 de julho de 2009

Carnívora, um poema de Priscila Lopes

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Não me verão torrar
em solo infértil.
— Não me verão! Não me verão!
Chove torrencialmente
e minha raiz é seca como é
meu ventre.
Suponho que estender a mão
implica em oferecer o braço
— depois de morta,
doarei meus órgãos, no máximo!
O sol de dezembro dilata-me
os poros;
o sol que cega exala
a falsa bondade nos intolerantes.
— Sol, que gente mais grávida!
Não que eu não ame
o Amor, é lindo
como a frase: clichê.
Mas em vez de gerar, basta-me
renascer.

Como as plantas após a poda,
da dor insurgem ramificadas

Mas não serei a mulher leprosa,
a planta suculenta
que dá de si doidamente.
Eu quero a palma da minha palma,
a embriaguez tão humana
do suco do meu ventre.
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Priscila Lopes é nossa leitora de Florianópolis, SC e acaba de nos enviar os seus poemas. Publicamos aqui este delicioso "Carnívora", quem quiser mais pode conferir o blog da autora aqui.
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segunda-feira, 6 de julho de 2009

Lobo Antunes no Real Gabinete Português

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REAL GABINETE PORTUGUÊS DE LEITURA
convida para encontro
com o escritor português

António Lobo Antunes

Mediação

Ângela de Carvalho Faria
e
Madalena Vaz Pinto


quinta-feira, dia 09 de julho, às 14 h.

R. Luís de Camões,30
Centro – Rio de Janeiro
Tel: (21) 2221-3138

Entrada livre

Organização
Pólo de Pesquisa sobre Relações Luso-Brasileiras
do Real Gabinete
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