Vem cá, desculpa! Vamos esquecer tudo o que aconteceu ontem à noite. Eu não entendi o que você quis dizer e você não entendeu o que eu falei. Tudo não passou de um mal-entendido. Apaga da mente e do coração. Temos vivido lindos dias juntos, não vamos deixar que uma noite estrague tudo. Hoje é um novo dia, vamos fazer dele o melhor!
Nada de ressentimentos. Senti minha cabeça girar e logo respondi: vamos! Escolhemos ir à praia das Flores. Enquanto estendia minha canga na sombra, Paulo corria para o mar. O vento estava agradável. Deitei e, olhando as folhas verdes da amendoeira, meus olhos começaram a fechar. Aos poucos fui lembrando do que tinha acontecido na noite anterior.
Nada de ressentimentos. Senti minha cabeça girar e logo respondi: vamos! Escolhemos ir à praia das Flores. Enquanto estendia minha canga na sombra, Paulo corria para o mar. O vento estava agradável. Deitei e, olhando as folhas verdes da amendoeira, meus olhos começaram a fechar. Aos poucos fui lembrando do que tinha acontecido na noite anterior.
Estávamos felizes pelo festival de forró. Animados, paramos na primeira barraca. Eu sempre pedia o mesmo; licor de jenipapo!
— O mesmo Betina? Não quer experimentar outro?
Mais um copo de licor, dois, três...
— Oi, Paulo! — André era um amigo local de Paulo. Fomos apresentados. André nos olhava de um jeito como se quisesse perguntar algo.
Depois de algumas rodadas, por fim, o último copo de licor. Seguimos para a próxima barraca.
— Betina quer tapioca com o quê?
— Banana com coco queimado!- Percebi que Paulo teve a intenção de perguntar: coco queimado? Mas desistiu.
— Betina, você é linda. - Agradeci com um sorriso.
— Banana com coco queimado!- Percebi que Paulo teve a intenção de perguntar: coco queimado? Mas desistiu.
— Betina, você é linda. - Agradeci com um sorriso.
Vamos! Mais um licor. Lá vem! Era o trio de forró. Seguimos felizes como se estivéssemos no carnaval. Paulo era tímido e não sabia dançar, mas bastava beber que a timidez ia embora. O trio parou na praça— Agora sim! Vem dançar Betina.— Apesar de estarmos bêbados, eu conseguia perceber as pessoas apontando em nossa direção e rindo.
Despertei às gargalhadas só em lembrar da cena. Olhei para o mar e lá estava Paulo me chamando para ir para a água. Mas tudo o que eu conseguia era rir ainda mais. De cansada voltei a deitar na tentativa de lembrar do fato principal, mas tudo o que vinha em minha memória eram “flashes". Depois de algumas horas dançando fomos até o bar do coqueiro, local em que todos vão depois que acaba a festa.
— Linda, essa é a última rodada de licor, depois vamos embora. — Paulo foi ao banheiro enquanto eu o aguardava. Foi tudo tão rápido que quando percebi uma pequena confusão já se formava. Aos gritos tentei puxar Paulo. Depois de muito consegui levá-lo a uma rua menos movimentada. Tento lembrar o motivo da confusão, mas não consigo. Só lembro que nesta rua menos movimentada nós desabamos. Não sei se pelo efeito do licor ou... Choramos. Senti as gotas rolarem pelo meu corpo.
— Betina?
— Oi! Nem percebi você voltar do mar. Está me molhando!
— São gotas de água salgada. Estava sonhando acordada?
Indira Kupfer
Indira Kupfer