segunda-feira, 25 de maio de 2015

Haicai Combat - o Micro Slam


Os poetas Marcos Bassini e Yassu Noguchi, que estão na edição #36 do Plástico Bolha, apresentam hoje uma edição do Haicai Combat, slam de poemas curtos, às 20 horas, no prédio do Fórum de Ciência e Cultura, durante o evento Arte de Segunda, promovido pela UFRJ.

O link do evento:

https://www.facebook.com/events/1413014315688444/





quinta-feira, 21 de maio de 2015

Pedido de ânsias


Foi numa balsa de crânios de pato
Que atravessei o rio de Roraima
Procurando uma flor
Que perto duma árvore espinhosa caíra.

Precisava voltar ao túnel subterrâneo
E apresentar a flor ao mago,
Que com conjuros, lapsos, e traças de ferro
ia encobrir, desmedir e reintegrar
um
estame
de açafrão
à medida do contratempo.

Quando voltei, abstrato
Eu supliquei
Mago meu,
Mas por que contrair o tempo?

Porque as lambadas planetárias estão todas erradas!
Replicou furioso.

Observei o relógio ossudo
Que cada segundo salpicava sangue à parede nua,
E entendi que Roraima
Minha aurora, rima amena
Era só um lírio, caído no rio
Num atardecer
Que eu nunca teria tido
Atravessado em uma balsa.


Naomi Garcia Pasmanick

Palíndromos! –- matéria na revista O Globo





Matéria da Revista O Globo que cita o nosso último desafio poético de palíndromos.

terça-feira, 19 de maio de 2015

Plástico #36 nas ruas!


O Plástico Bolha 36 já está ganhando as ruas! Em breve, você e o jornal terão o prazer de se encontrarem. Até lá, confira a lista de autores cujos textos se espraiam pelas 16 páginas do nosso bom e velho jornal:

Ricardo Sergio Albuquerque
Augusto Seixas
Vinicius Varela
Yassu Noguchi
Vidi Descaves
Frederico Barbosa
Guilherme Costa
Cacau Vilardo
Carlos Meijueiro
Thiago Gallego
Daniel Granato
Guilherme Ottoni
Marcos Bassini
Yasmin Nariyoshi
Alexandre Bruno Tinelli
Catarina Lins
Renato Augusto Farias de Carvalho
Marcio Rufino
Santiago Perlingeiro

segunda-feira, 18 de maio de 2015

Novo livro de Santuza Cambraia Naves




É com muita alegria que anunciamos o lançamento do livro "A Canção Brasileira", um lançamento póstumo, da nossa grande amiga e apoiadora Santuza Cambraia Naves.

"A Canção Brasileira", organizado por Frederico Coelho, Juliana Jabor, Júlio Naves Ribeiro, Paulo Henriques Britto e Tatiana Bacal, reúne onze artigos produzidos por Santuza ao longo da sua carreira. Tomados em conjunto, os textos acompanham por cem anos a história da música brasileira.

Editora Zahar
200 páginas
Preço livro impresso: R$ 59,90
Preço livro digital: R$ 34,90








Plástico Bolha #36 — Poesia Agora



O Plástico Bolha está de volta! 
Na edição #36: poemas, contos, desafio poético e muito mais.
 Poetas novos e consagrados reunidos em torno de um novo mantra: Poesia Agora.
Em breve, perto de você.







sexta-feira, 15 de maio de 2015

Lançamento do livro “Versos para uma flor morta”, de Guilherme Ottoni




Ode à loucura

Ver tua mãe aturdida em pranto ao chão,
Com seus olhos vazios, encharcados
Pela álgida e triste constatação
De ter aquele seu filhinho amado

Entre estilhaços que lhe cortarão...
Com os pulsos em sangue e decepados,
Pois agora tem pensamentos vãos,
No hospício neste momento internado...

Não me consoles nem me digas nada!
Tu não hás de compreender como é
Ter a noite infinda em plena alvorada!

Morte: descendo da cabeça ao pé!
Ter o sangue escorrendo pela espada
E a psicose inumando minha fé!



Guilherme Ottoni



Lembrando, lançamento do livro “Versos para uma flor morta”, de Guilherme Ottoni, hoje, dia 15, na Livraria Argumento (Rua Dias Ferreira, 417, Leblon), às 19 horas.


Esperamos todos lá!


Alicerces, poema de Bernardo Cordeiro


Por alicerces de um mundo caído
Não existe Atlas que sustente
Este mundo tão triste e chato
Existe apenas uma esperança

Digo-lhe que a vida mudou
Não para melhor e nem para pior
Apenas teve sentido,teve vida
Que mora em um amor

Mais uma vez lhe digo
Amar é algo tão difícil que
Ridiculariza qualquer filósofo
Imprestável ao conhecimento
Alicerces de um mundo caído
Não serão sustentados por algo
Amor será seu sustento mundo


Por alicerces de um mundo caído...

Bernardo Cordeiro

quinta-feira, 14 de maio de 2015

Poema de Felipe Andrade


Não olhe para o poeta
com esses olhos
de quem se olha no espelho
observando sempre
  a mesma boca pequena
  o mesmo nariz afunilado
  o mesmo queixo alongado
  e a cara redonda.

Olhe para o poeta
com o mínimo de olhos
de quem se olha nos olhos.

E quem sabe
nos olhos do poeta
verá a tua
verdadeira

dimensão.

Felipe Andrade

terça-feira, 12 de maio de 2015

Lançamento de "Versos para uma flor morta", de Guilherme Ottoni


O plástico Bolha vem anunciar o lançamento do livro de estreia de Guilherme Ottoni, um desses poetas que de vez em quando aparecem no jornal como breves e fascinantes flashes divinos. “Versos para uma flor morta” é uma obra de fôlego e dedicação desse jovem autor que não teme a tradição e abusa de recursos métricos e formais, atualizando as influências múltiplas que destilou ao longo da vida e condensando-as em um romantismo inconfundível. Sentimentalismo, sofrimento, amor: o livro traz poemas de alguém que trilha seu caminho na literatura como quem se agarra a uma tábua de salvação.
Sexta feira, dia 15, na Livraria Argumento (Rua Dias Ferreira, 417, Leblon), às 19 horas.

Esperamos todos lá!

segunda-feira, 11 de maio de 2015

Miriam Sutter e Affonso Romano de Sant'Anna na Reinauguração do Anfiteatro Junito Brandão


O Plástico Bolha divulga a reinauguração do Anfiteatro Professor Junito de Souza  Brandão (PUC-Rio), que será amanhã, terça-feira, dia 12 de maio, às 17 horas. Haverá, em celebração, um encontro com participação do escritor Affonso Romano de Sant'anna e da professora Miriam Sutter Medeiros, autora da coluna Oráculo do Plástico Bolha e integrante do Departamento de Letras da PUC-Rio.

terça-feira, 5 de maio de 2015

3º Movimento - Nua na Voluntários da Pátria, amada Brasil


para Francisco Tito Yupanqui

Hoje saí de casa de camisola. Uma camisola razoavelmente publicável, confundível com vestido, de um preto comportado, mas com a qual sei que dormi, o que sonhei vestida dela, a coisa mais distraída que faço, a coisa mais desastrada que faço, a coisa mais infinitamente desejável que faço, dormir. Saí com a banana por terminar, pra comprar pó de café que acabou, ando escrevendo até os pássaros adiantados das 4 da manhã e isso só com café mesmo, que geralmente revezo com vinho pra amenizar os sobrenados e ajudar minha cidade a guardar sua ordem nenhuma. Meu Deus, quanto tempo faz que não corto as unhas dos pés. Saí pelo café e já voltando, a cica da banana não sai mesmo, me lembrei de um livro fundamental, todos os dias tenho um estalo de um livro fundamental, nunca terei tempo de ler todos os livros que considero fundamentais às minhas plantas dos pés que se mantenham calejadas e me conservem de pé diante do vermelho dos sinais. Peguei o metrô e fui até a Travessa de Botafogo. De camisola. Botafogo é logo ali, quase uma extensão da minha casa, eu geralmente caminho sobre o alívio de braços que me estreitam em Botafogo, minha identidade não se desloca em Botafogo. Eu esqueci que estava. Eu esqueci que estava de camisola fora do meu bairro, mesmo em Botafogo, verão, uma água de coco de carrinho, máquina de costura, a gente não é nada, pensei, por mim e pelas pessoas que me viam caminhar nua fora do meu bairro, e sorri por mim e pelas pessoas que me sorriam sem qualquer domínio sobre o desfecho de seus sorrisos, bocas se fechando trêmulas, o fim do sorriso sem dar-se por ele é a maior distância possível entre dois habitantes. Já lavei as mãos, a cica não tem jeito. Eu sorria de volta, mas não era verdade. Aproveitei pra comprar uma canjica, pilhas palito e adaptador de tomada que somem todas as tardes pelos cantos abstrusos do meu apartamento, e claro que não me dei por satisfeita com 1 só livro fundamental. Agora eu era nua na calçada com o peso da história que os escritores inventam para não morrerem sob meus punhos, sob a história que invento para não morrer. A camisola não cumpria qualquer papel de indumentária, não conversava por mim, não protegia minha pele nem a carne, meu pulmão, minha garganta, a camisola era só o vento que ela fazia entre as minhas pernas. Não tinha me dado conta da diferença que faz um túnel entre uma casa e o objetivo, no tanto que pode interferir no despojamento de um habitante. Entendi que a cara de qual o problema dos rapazes do bar vizinho em Copacabana por onde passo todos os dias, e todos os dias com a roupa que estiver mais perto, é por causa do costume que já têm em me ver de qualquer jeito. Eu nunca durmo de roupa e era como se não tivesse excepcionalmente dormido dessa vez, meu corpo estava ali completamente nu em plena Voluntários da Pátria, amada Brasil. Temo um dia sair com a roupa nenhuma com que durmo em Copacabana. Seria a mesma coisa que estar de camisola em Botafogo. Minha casa é Copacabana, eu não ligo em Copacabana, tudo me é familiar em Copacabana, carrego tudo na mão, é carteira é chave é celular, não há estrangeiros em Copacabana, os estrangeiros de Copacabana são meus vizinhos, vizinho é uma palavra mais forte que qualquer outra denominação pra gente desconhecida, minha vizinhança é o que sopesa o templo do meu calendário, e Botafogo apesar de bairro vizinho à minha vizinhança não é a minha casa, não é bonito igual, não dá pra sair de camisola, não tem cavalos de madeira em tamanho natural, não tem camelos, nem camelôs que se prezem, não descobriram o teclado no meio da rua, não se vê resgate de princesas velhas que nunca existiram, os rapazes não estão acostumados com o vento que a camisola faz entre minhas pernas em Botafogo, e eu nunca fui boa em desviar de bueiros que ventam pra cima, eu não sou mulher pra Botafogo. Quanto mais me sentia uma estrangeira naquele bairro, mais arrumava função pra ver se o tempo dedicado a ele me fazia sentir como se fosse meu, algum bálsamo da minha terra, Copacabana!, alguma calamidade de maresia pelos orifícios. Costumo me sentir em casa em Botafogo mas é porque geralmente estou de roupa de sair, em Botafogo. Ir a Botafogo é sair. Copacabana não. Me pergunto se foi o que aconteceu comigo ou com Botafogo. A cidade já não é do morador faz tempo, pensei sem meus botões, a carteira a chave o celular na sacolinha de plástico das pilhas palito. A cidade do habitante é o bairro do habitante quando não a rua dele, a casa, o quarto dele, o banheiro, a privada dele, a cidade do habitante é o vaso sanitário do habitante, o chuveiro, as gavetas, a cama, o travesseiro mais tardar. O poste do habitante é a luminária de mesa dele, o abajur de cabeceira do habitante, a luz fria da cozinha, a luz quente do computador, da cafeteira dele, do forno, do ferro de passar, da vela de sete dias, do fogo soprado pelas bocas do fogão do habitante, do isqueiro, do celular, da luz insolente do vizinho que entra pela janela mais tardar. O corpo do habitante é o único vestíbulo unívoco do habitante. Não era nada disso que eu ia falar.

Querido Rio de Janeiro,
estou apavorada com a gentrificação de Botafogo. O Estação agora é NET, tem japonês com neon azul na Arnaldo Quintela, um Zona Sul, uma Travessa, nenhuma locadora, 5 bares por quarteirão, comprei laranja e não deu troco, couve já faz tempo, uma penca de apartamentos a mais de 1 milhão vazios, não deu vazão para vender na planta, tantas opções que os corretores tinham, mas eu juro que ainda compro tapioca milho e churros na entrada do metrô, e canjica na saída do metrô, que daqui a pouco, aos moldes madrileños, vai virar Metrô Vivo Botafogo. Viva Botafogo, viva o Soho Botafogo, viva o Rio de Janeiro Manhatã, mãe ateia, quê que te deu que eu não tava aqui pra ver?, que santo anda baixando nesse povoado?, você se lembra do rapaz do abacaxi?, vê se não esquece o troco da pipoca, vê se não esquece o cinema baratinho, vê se não esquece de me cumprimentar da próxima vez.

Luana Carvalho