sexta-feira, 30 de abril de 2010

Lançamento de 38 círculos, de Luís Maffei

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Luís Maffei é poeta, professor de literatura portuguesa, doutor pela UFRJ, e, agora, professor da UFF.

quarta-feira, 28 de abril de 2010

HOJE TEM CEP 20000, NO SÉRGIO PORTO!

20 ANOS - 1990 / 2010

ESPAÇO CULTURAL SÉRGIO PORTO

RUA HUMAITÁ, 176 (2266 0896)

QUARTA, 28 / 04 – 20:30.

5 REAIS – PREÇO ÚNICO.

OS FABULOSOS

CRIANÇAS INSUPORTÁVEIS

BEATRIZ BASTOS, ISMAR TIRELLI, LAURA LIUZZI,

LUCAS VIRIATO E MARIANO MAROVATTO

BARTOLO

CRISTINA FLORES & GABRIEL FOMM

AUGUSTO GUIMARAENS

WALNEY COSTA

MOBILE PING-PONG

ARNALDO BRANDÃO, BETINA KOPP & TAVINHO PAES

AUTORES AUTOGRAFANDO

LIVROS DA 7 LETRAS EM PROMOÇÃO.

terça-feira, 27 de abril de 2010

quinta-feira, 22 de abril de 2010

Lançamento de "Contos de Mary Blaigdfield"

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Vem aí o terceiro livro de Lucas Viriato de Medeiros, editor do jornal Plástico Bolha: Contos de Mary Blaigdfield, a mulher que não queria falar sobre o Kentucky (e outras histórias). São 13 contos, sendo cinco sobre esta misteriosa mulher de nome estranho e passado desconhecido. O livro é editado pela 7Letras e representa sua estreia na prosa. A capa é assinada pelo artista plástico Barrão e a orelha ficou por conta do jornalista e poeta Ramon Mello. O lançamento será no dia 11 de maio, terça-feira, a partir das 19h, no restaurante Ettore do Leblon, que fica na rua Conde de Bernadotte 26 .

Todos lá!

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segunda-feira, 19 de abril de 2010

de quando virei desconhecida

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vovó parece querer despir-se de
si aos poucos,
os olhos vítreos sem
dono e as mãos
desobedientes imóveis no
ar, a língua dormente de tanto
ter de engolir remédio
e minha surpresa quando
gagueja: quem é você?
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Clara Balbi
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sábado, 17 de abril de 2010

retrato n.2

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minhas raízes são remotas,

desvanecidas, elas remontam

assassinatos diários entre famílias

que se comunicavam aos gritos

em dialetos mortos, sob lava,

com machadinhas sem fio,

que faziam sua modesta lei

partindo ossos sem valor.

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talvez daí venha a atração

por ruelas com mal cheiro

onde a qualquer momento

há possibilidade de morte.

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daí talvez as letras firmes,

sem forma muito definida,

que denotam transtornos

psicológicos preliminares.

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ademais, a testa proeminente,

ossos que, restantes, estalam

encaixotados em carne dura

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e dizem qualquer coisa do sangue

volátil, que sobe rápido às idéias,

passos curtos na direção duvidosa,

passos curtos, de pernas amarradas

que apenas apontam trilhas, pedras,

que fundam feridas abstratas, leis.

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a saúde dos olhos indica apenas

lascas de tempo sobre chão frio.

da incomunicabilidade selvagem

arregalada em suores trêmulos,

fiz a sala onde vivo dos restos.

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as uvas do prazer, invariavelmente

elas terminam em restos gástricos.

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fui revelado no atropelamento

de anotações absurdas, pautadas

livremente pelo ritmo das ruas.

há que se endurecer ainda mais

após a revolução sem ternura,

ser o balaio mediterrâneo feito

do calor córsego, que escorre

pela incompreensão enojada

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do mistério que avança frente à face

e enche os livros de tédio e filosofia

enquanto, em quartos acarpetados de

paredes lisas, cadeiras de assento duro

premeditam a ambivalência teimosa.

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os pés já não tocam mais o chão.

de partir, não suportam mais dançar

um sapateado divertido em brasa,

do agrado dos calvos de braguilhas

abertas, dos senhores recomendados,

enfileirados nas prateleiras públicas.

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uma vez o Fred Astaire, hoje a ponte

desfeita a cada passo diante do nada.

como nos filmes ruins de aventura,

sem ter permissão para olhar atrás,

enquanto moedas brotam dos esgotos

da moral cívica – uma vez o maníaco

agarrado em alto-mar a gelados remos.

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vejo que perdi coisas, isso é notável.

mas me faltam as marcas da escolha

conflitante – ainda acredito em deus.

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não alimento escrúpulos,

sou um homem correto.

não exatamente um dândi,

operário com unhas limpas.

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muito difícil é prever a amputação,

falar sem voz pela geração festiva

quando os pés se agitam em doença.

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uma vez a superfície da lua, hoje a porta

escancarada – nenhum pedido de retorno.

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o fracasso é o hábito,

disse aquele homem

que morreu de amor.

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Leonardo Marona

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segunda-feira, 12 de abril de 2010

Ralo — um poema de Diego Grando

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Ocorre que me escorro
ultimamente
pelos ralos
em ralos pelos
emaranhados tufos
deste louro
que me é caro
e que na superfície
sempre mais lunar
do crânio
do couro
fica raso e raro
avaro
cheio de intervalos
e entradas
sem saída:
duas enseadas
de pura testa
frontes de uma guerra
piloglandular
funesta
perdida

Restam-me as quimeras
da finasterida
a ilusão dos anti-queda
no transplante uma esperança
uma espera
uma fé publicamente inassumida
a esmola dos que têm menos
os fantasmas nos espelhos
e o consolo de que os brancos
pelo menos esses
quando vierem
serão poucos
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Diego Grando
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quinta-feira, 8 de abril de 2010

Posse de D. Cleonice Berardinelli na ABL!

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Nesta segunda-feira, 5 de abril de 2010, Dona Cleonice Berardinelli, professora querida, tomou posse como imortal na Academia Brasileira de Letras. O Blog do Bolha já havia entrado na campanha pela sua eleição e vem, agora, postar essa foto como homenagem à mais nova imortal.
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terça-feira, 6 de abril de 2010

O rio e o mar — por Luciano Prado da Silva

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Afogaram-se os peixes no mar por falta d’água, morreu meu cão inchado feito uma bola, morreu Bolota. Mas eu fui ao enterro não, que a enchente a levou. Pra onde, eu não sei não, talvez pra água seca que afogou os peixes de ar. Ah, talvez você comece a me entender agora. É pena que eu te engane. Lê de novo este início, depois.

O rio barracento era uma torrente só. Muita casa caiu, muita gente sumiu e outro tanto de gente chorou na tristeza que a chuva pariu. E ali, bem perto dali, tudo há dias era só sequía. Mas o barro do rio da rua lambeu as fendas do chão salgado do que já fora oceano, inundando suas rugas.

Só que, tadinhos, nesse impossível, os mil de mais de mil peixinhos embeberamse de um marrom gosto de esgoto: cadê o sal do nosso azul? Veio a Bolota, durinha de tão inchada, e se juntou aos sofás que boiavam, aos pneus que boiavam e àqueles miles de peixinhos com as boquinhas em beijo pedindo ar, ah! Que cardume fúnebre.

E foi que no dia seguinte tava lá eu, a Bete, Pedrinho e o Alex, mergulhando naquele rio de mar, incomodando o urubu na Bolota, jogando peixe um no outro, felizes na nossa desgraça, criando montões de anticorpos. E as ideias que se misturam, as coisas que não casam, dizem que sou leso da cabeça, mas a Bete ainda fala comigo — eu acho.

A minha mente... às vezes boia.
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Luciano Prado da Silva
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Esse texto está na capa do jornal Plástico Bolha #27. Faz parte do livro Aneurisma matou berimbau, de Luciano Prado da Silva, que pode ser adquirido aqui. Publicamos novamente esse clássico em função da chuva que se abateu sobre o Rio de Janeiro. Que as mentes ilhadas boiem também!
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segunda-feira, 5 de abril de 2010