segunda-feira, 30 de maio de 2016

Surrealismo poético


Os relógios de Dalí
Diluiram na minha frente
Os ponteiros giram soltos
Veloz e precisamente

Vivo a sensação do tempo
Completamente afetado
No presente e no passado
Há um movimento parado

Preso na engrenagem solta
Sem estrutura na mente
No compasso, o passo rápido
Cada vez mais lentamente

Então vejo cães amarelos
Levando as torres do WTC
Macho e femêa, magrelos
Pessoas pagando para ver

Notebooks viram panquecas
Nas bordas da escrivaninha
Dois mouses na biblioteca
Concentrados, lendo Caminha

A fantasia surreal
Termina meio sem fim
E imagino ao natural

Livre dentro de mim

Deivison Souza Cruz

segunda-feira, 23 de maio de 2016

Sem título


Em dia de sol
o que escorre
do corpo
é sombra.

Felipe Andrade

segunda-feira, 16 de maio de 2016

tá rindo de quê?


– para Chacal

o Rio de Janeiro continua lindo, e violento...
tem muito samba no pé, e dor de cotovelo...
a fantasia não mascara a realidade, de que a alegria virou alegoria...

no país do futebol, a corrupção é padrão FIFA...
a bunda é paixão nacional, e tá tudo mundo duro...
esse fogo no rabo, só pode dar merda...

tem tanta energia, mas falta luz...
já se foi a última gota d’água...
uma gelada não mata a sede, uma quentinha não alimenta a fome...

o pré-sal não tempera nem o churrasco…
a promessa de ontem ficou para amanhã...
se vendeu a preço de banana, só para pagar mico...

o milagre econômico só trouxe malogro…
a bolsa subiu, mas saiu do seu bolso...
de tanto dever, o Estado tá sem crédito...

o sistema de saúde tá doente...
as escolas apenas ensinam a ser mal-educado...
entre a ordem e o progresso, a nação perdeu a noção...

o palhaço foi eleito, e a festa acabou em pizza...
tirou tanta vantagem que levou à derrota…
o homem tá preso, enquanto o bicho tá solto...

a gente não se vê por aqui, muito menos se ouve...
domingão o cacete, planeta o caralho!!!
as redes sociais não tem saneamento básico...

o gigante acordou, e percebeu que era anão...
saiu do fundo do poço, e logo entrou pelo cano...
e aí... comeu, ou se fodeu???

acabou a farra, a gente tá ferrado...
pelo jeito, o jeitinho não deu...

o poema é piada! fala sério...

Gringo Carioca

segunda-feira, 9 de maio de 2016

Carta de Adeus


Me escreva uma carta de adeus
um bilhete de próprio punho
me deseje desejos genéricos
e me sopre um pouco de sorte
Nada além disso
Vire desmaterializado em história
lembranças que embaçam copos
Chegamos a ser mas não fomos
histórias a serem derramadas
pelas bocas dos outros
(desconhecidos)
Me escreva uma carta de amor passado
me negue os retratos e a divisão dos pratos
Chegamos a ser mais não fomos
Empurrão precipício abaixo
Coito interrompido
Vou adiante.
Te deixo uma poesia
um desejo de bom dia
e o iogurte que você gosta
que está na geladeira
Vou adiante.

Chegamos a ser mas não fomos.

Anaid Loup

segunda-feira, 2 de maio de 2016

Secretaria de segurança pública


Tenho reunião
marcada
às 5 da manhã
nos confins do presídio federal de segurança máxima
da consciência.
Enquanto isso,
ela joga paciência,
com um baralho de cartas
marcadas.

Renan Leal