sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

Blog do Plástico Bolha em breve recesso

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Olá, querido leitor,
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o Blog do Bolha entra de férias agora, mas volta em 14 de Janeiro! Aguardem... Feliz Natal e um ótimo fim de ano para todos!

quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

Feira de livros no Campo de São Bento

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Diversas editoras e escritores de Niterói estarão no próximo domingo, dia 21 de dezembro, no coreto do Campo de São Bento, em Icaraí, apresentando seus últimos lançamentos, a preços especiais de Natal, das 10h às 14h. Participam do evento a Editora da Universidade Federal Fluminense, Niterói Livros, Intertexto, Muiraquitâ, Nitpress e C.L Edições, além de autores filiados à Associação Niteroiense de Escritores.
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A feira tem como objetivo divulgar o trabalho literário desenvolvido na cidade. Não é a primeira vez que as editoras niteroienses unem forças. No ano passado, firmaram parceria para participarem da Bienal Internacional do Livro do Rio de Janeiro ocupando uma área de 200m2, batizada de Letras de Niterói, na qual foram realizados lançamentos, palestras, debates e contações de histórias.
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FEIRA LITERÁRIA
DOMINGO, 21 DE DEZEMBRO
CORETO DO CAMPO DE SÃO BENTO, ICARAÍ - NITERÓI

Três Constructos, um poema de Lucas Viriato

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Existe mais verdade
no rastro da cobra
que rasteja no chão
escrevendo na areia
do que nessas palavras tolas
mera observação, por certo besteira.

Existe mais verdade
em qualquer vôo de pássaro,
na invisível movimentação de ar
escrita com a ponta das penas,
do que nessas palavras fugazes
tentativa de contemplação digna de pena.

Porém, não fossem essas palavras hábeis,
zumbindo entre o céu e o chão,
nunca que estaríamos aptos
para ver verdades alheias
a escrita invisível do pássaro,
o rastro da cobra na areia.

Lucas Viriato de Medeiros

Do Livro Retorno ao Oriente, 7Letras, Novembro de 2008

Show de Do Amor, próximo Futuros Estouros

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A coluna Futuros Estouros, é um espaço do jornal Plástico Bolha dedi- cado às novas revelações musicais da cena independente. Assinada por Mauro Rebello, já apresentou bandas como Os Azuis e Alexia Bomtempo.

Para o próximo número, quem assinará a coluna será Raïssa Degoes, que fez uma entrevista exclusiva com a banda Do Amor, composta por Ricardo Dias Gomes, Marcelo Callado, Gustavo Benjão e Gabriel Bubu. Certamente você já deve ter visto algum deles por aí, tocando com o Caetano, Los Hermanos, Lucas Santana entre muitos outros artistas.

Quem quiser vê-los, todos juntos, antes da próxima edição, pode ir ao show do Do Amor, este sábado, no Cinemateque, em Botafogo. O evento ainda contará com festa à fantasia, gravação de clipe, apresentação de DJ’s e... aniversário do Bubu, guitarrista da banda.

Do Amor já se apresentou em diversos estados do Brasil, incluindo São Paulo, Bahia, Rondônia e o Distrito Federal. Quem quiser conhecer um pouco mais, pode visitar o seu MySpace aqui.


SHOW DA BANDA DO AMOR
SÁBADO, 20 DE DEZEMBRO, 21 H.
CINEMATEQUE – RUA VOLUNTÁRIOS DA PÁTRIA, 53

Entre na comunidade do Plástico no Orkut!

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Esta é para quem está no Orkut: faça parte da comunidade do Plástico Bolha clicando aqui. Por hora, a comunidade está com 103 participantes; mas, trantando-se de Orkut, quanto mais amiguinhos melhor! Então, se você é leitor do jornal, do site e do blog, entre também da comunidade do orkut — envie comprovante disso tudo para a nossa redação e ganhe um kit PB com camiseta, imã de geladeira e adesivo!

quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

Triagem, um novo poema de Lasana Lukata

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Rio de Janeiro,
muitas de tuas casas
foi meu avô quem fez;
muitas de tuas casas
foi meu pai quem fez;
muitas de tuas casas
foi meu irmão quem fez;
e chegou a minha vez...
mas vieram certas mãos me separando
da marreta, do ponteiro e me dando
uma peneira toda azul e desde então
passo a noite peneirando estrelas
mesmo as estrelas têm de ser peneiradas
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Miniatura n º. 18, de Marcelo dos Santos


O direito à fala. Quem o dá? O que o dá. A fala que se escreve, riscada, um dito que rasga o outro, interrompe-o, sobretudo. Nesse estágio, nesse “aquém do logos” (Derrida em A farmácia de Platão), precisamente lá, encobrem-se todas as falas de direito, no impresso. Um direito encobre o outro. O direito que advém do legislado, do legitimado, do legível encobre como uma sombra a região das falas. O privilégio da letra é civilizatório. O texto é uma permissão dada à fala para falar, este “pronto para o prelo”, quando “ficou resolvido que deveríamos conceder-vos esta nossa permissão pelo citado motivo” (idem), autorização pelo rei; isso interrompe todas as outras falas, preenche os espaços em branco. A fala se faz lei. A lei a atravessa. Logo, constam códigos do escrito, direitos de autoria, crimes contra a violação, contabilidade da produção do escrito. A literatura tenta perverter esse literal-lei, é uma tentativa de abertura, de violência. No buraco desse corte, ela vê a fera não-civilizada. Será que precisaríamos ainda fazer a ressalva de que a historiografia crítica é também uma história da lei?
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Marcelo dos Santos entrou na Bolha indicado pela professora de Literatura Ana Chiara, da UERJ e já publicou um conto curto, intitulado Neguinho, na edição #17. Ele também realiza estudos breves sobre literatura, cinema, artes aos quais deu o nome de Miniaturas. Publiquei aqui a Miniatura 18, que tem tudo a ver com o Blog do Bolha. Caso queiram, temos mais miniaturas na gaveta. Para conhecer um pouco mais do trabalho de Marcelo, basta entrar em seu blog. Atenção especial para o trabalho "literatura de ouvido" em que se pode escutar os textos.

terça-feira, 16 de dezembro de 2008

Blind Date, um texto de Marilena Moraes

Alto, louro, olhos azuis, mas de óculos, lentes grossas.

Baixa, morena, tão comum, olhos castanhos, sem óculos, tiques ou manias; essas coisas que marcam as pessoas.

Pela banda larga, passaram as informações. Pelas ruas de Ipanema, ela levou o carro até o bar conhecido, onde iriam se encontrar.

Alto, louro, olhos azuis. Poderia ser o príncipe montado num corcel. O seu corcel era vermelho, fácil de reconhecer.

Ela passou devagarzinho pela porta do bar. Lá estava ele, encostado no carro.

Reduziu, quase parou. Lá estava ele. Alto e louro.

Pisou fundo no acelerador.

Ele não tinha olhos azuis.

Marilena Moraes



Este texto de Marilena Moraes foi publicado na edição número oito. Bem humorado, rápido e certeiro, Blind Date é um continho maravilhoso. A concisão e a rapidez são apenas alguns dos talentos de Marilena Moraes, que além de chefe do processo de revisão do Plástico Bolha, esse ano também revisou o livro Saga Lusa, de Adriana Calcanhotto e Música, Ídolos e Poder — do vinil ao download (subtítulo sugerido por ela!), de André Midani.

Silviano Santiago no próximo Plástico Bolha!

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Silviano Santiago é o entrevistado da próxima edição do Plástico Bolha, que sai no começo de 2009. As perguntas foram elaboradas por Luiz Coelho e tiveram a colaboração do restante do conselho editorial do jornal, além da professora de literatura Marília Rothier Cardoso.

Silviano Santiago é ensaísta, contista, romancista, poeta, professor, ufa!, e todo mundo que já estudou um pouquinho a teoria da literatura aqui no Brasil já deve ter cruzado com alguns de seus textos. Uma literatura nos Trópicos, Em Liberdade e Histórias Mal Contadas são apenas alguns dos títulos mais famosos de sua vasta obra.

Quem já leu a entrevista afirmou que é uma das melhores da bolhosfera. A foto aí de cima foi tirada pela nossa querida fotógrafa Márcia Brito.

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

Marla de Queiroz lança Flores de Dentro

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Amanhã, a poeta Marla de Queiroz, vai lançar seu livro de estréia Flores de Dentro no Espaço Multifoco, na Lapa. Além da noite de autógrafos, o evento ainda terá a apresentação de dois DJ’s tocando música brasileira a noite toda. Marla é mais uma que passa da internet para o impresso. Quem quiser, pode conferir o blog da autora aqui.


TERÇA-FEIRA, 16 DE DEZEMBRO
A PARTIR DAS 19H
ESPAÇO MULTIFOCO — Av. Mem de Sá, 126 – Lapa – RJ

O Solilóquio do Príncipe

Verdade seja dita,
gostaria que ela
me desbeijasse,

transformasse-me de volta
no sapo que eu era
e criatura feliz

naquele pequeno lago
no Tennessee.
O que posso dizer?

Devolva-me as noites
quando desafiei a lua,
gorda e redonda,

a descer
e nadar nua
até a alvorada.

Esses calções de veludo,
o alvoroço que saúda
minhas aulas de canto,

a fanfarra que soa
quando engulo mosquitos,
nada aqui se compara

àqueles momentos
em que ela despia o manto,
testava a água

com os dedos do pé
e afundava, prateando
o lago escuro

e nadava ao som
do barítono retumbante
do meu gracioso grasnido.
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Tradução de Luisa Noronha para o poema The Prince's Soliloquy, de Ricardo Sternberg. Realizada com a supervisão do professor e tradutor Paulo Henriques Britto.

Jornal Plástico Bolha está na mão do povo!

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Um Plástico Bolha flagrado pelo campus da PUC-Rio nas mãos dos leitores. Foto de Isabel Diegues.

domingo, 14 de dezembro de 2008

Canto XXIII da Odisséia traduzido e comentado por Rafael Huguenin

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Make it new
Pound
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E para cima foi a velha gargalhando
à senhora dizendo que o esposo voltou.
E os joelhos rangeram, pés pularam rápidos.
E postou-se-lhe então sobre a cabeça e disse:
“Ergue-te, filha amada Penélope, e veja
cos olhos teus as coisas que tu tanto ansiavas.
Pois Ulisses voltou, que há muito se perdeu.
E matou pretendentes que toda tua casa
e tuas posses comiam oprimindo-te o filho.”
Respondeu novamente Prudente Penélope:
“Ama, numes puseram-te louca, eles podem
tanto destemperado fazer o que é são
como sóbrio fazer o que tem pouca têmpera.
Decerto te enlouquecem, ama outrora sã.
Zombas-me, eu que tenho alma em polipesar
falando estas tolices e assim me acordando
do sono que meus olhos ata e brando enleva-me,
sono bom que eu não durmo desque ele se foi
para o Tróiço maldito que o nome não ouso.
Mas Eia! Vai-te agora e encerre-se no quarto,
pois se outra das escravas dentre as muitas minhas
vem aqui e falando tais coisas me acorda,
curta e grossa no quarto a poria em castigo,
mas disso com certeza a velhice te salva.”
Respondeu novamente Ama Amada Euricléia:
“Não zombo-te, querida, mas digo em verdade
Pois Ulisses voltou, em verdade declaro,
o estrangeiro, que muitos na sala insultavam.
E Telêmaco apenas há muito sabia
mas astuto ocultou os planos do seu pai
a fim de que aos varões cobrasse pelo crime.”

Odisséia, Canto XXIII - Versos 1 ao 31



Comentários

Nossa humilde tentativa, antes de tudo um esforço de um apaixonado pela poesia pouco afeito aos rigores que o estudo das línguas clássicas exige, é fruto de um estudo que realizamos acerca da poesia oral grega e da tradução de algumas partes da Odisséia. A transcriação que ora apresentamos, em versos alexandrinos, constitui apenas uma dentre as inúmeras possibilidades de invenção poética que o texto grego oferece aos poetas de língua portuguesa. Entre a condensação máxima da tradução decassilábica obtida por Odorico Mendes, que o obrigou a pular versos e a criar uma série de neologismos e novos arranjos sintáticos, e a tentativa de Carlos Alberto Nunes de buscar um metro equivalente ao hexâmetro grego, que, a despeito da fidelidade em número de sílabas ao original, não constitui um metro típico da poesia de língua portuguesa, optamos pelo verso de doze sílabas, o metro regular mais largo de nossa tradição.

A parataxe, isto é, relações coordenadas, é uma característica fundamental da poesia oral e, segundo alguns, da própria mentalidade de uma cultura de oralidade primária. A maioria das traduções contemporâneas de textos arcaicos tende a projetar sobre o texto antigo critérios discursivos que não se aplicam devidamente ao contexto da época. É mais cômodo ao ouvido moderno estruturar os enunciados de forma hipotática, isto é, estabelecendo relações subordinadas/lógicas entre eles, do que tentar ouvir o texto em toda a sua estranheza originária. No entanto, nossos critérios lógicos não se aplicam, de forma alguma, a um texto composto provavelmente por volta de 800 a. C. Sendo assim, tentaremos utilizar, sempre que possível, relações coordenadas.

Verso 7 – A parte inicial deste verso, êlth' Odyseùs kaì oîkon ikánetai, é repetida mais adiante no verso 27, o que caracteriza a utilização de uma fórmula, recurso típico da poesia oral. Cerca de um terço da Ilíada e da Odisséia é constituído por repetições, ipsis litteris, seja de versos inteiros, seja de partes menores de versos, chamadas fórmulas. O poeta homérico possuía um vasto repertório de expressões formalizadas, que ele utilizava em contextos métricos específicos, de modo a facilitar a improvisação. Qualquer semelhança com o nosso repentista não é mera coincidência.

Verso 10 – A parte inicial deste verso (tên d'aûte proséeipe) é repetida adiante, no verso 25, o que constitui outra utilização de fórmula. Traduzimos a expressão perífrôn Pênelópeia por Prudente Penélope, grafando com maiúscula o adjetivo de modo a caracterizar melhor o conjunto nome-epíteto, o tipo de fórmula mais comum nos poemas homéricos. Caso contrário, correríamos o risco de sugerir, na tradução, algum tipo de uso adverbial, certamente inapropriado.

Versos 12-13 – Os dois versos constituem um paralelismo, recurso largamente utilizado na poesia homérica e na poesia oral de modo geral. Fizemos uma tentativa de reproduzir, ainda que de forma provisória e um tanto arbitrária, a aliteração sugerida pelo emprego de quatro palavras com a mesma raiz: áphrona (acusativo singular de a-phrôn, palavra composta de um alfa privativo mais a raiz phrên, que pode ser traduzida, literalmente, por sem-entranha, mas também por demente, sem juízo, tolo, etc.), epíphrona (acusativo singular de epí-phrôn, que pode ser traduzido por pensador ou prudente), chaliphronéonta (particípio ativo acusativo singular do verbo chaliphronéô, composto por chaláô, que significa perder, mais a raiz phrên. Pode ser traduzido, literalmente, por que perde entranha ou perdendo entranha). E, por fim, saophrosynês (genitivo singular da forma poética de sôphrosýnê, palavra composta por sôs, que significa seguro, saudável, e phrên. Pode ser traduzida por temperança.) Um dos modos possíveis para manter a mesma raiz nas quatro palavras é utilizar os termos destemperado, têmpera, intemperante e temperança.

Verso 14 – Nossa opção (boas têmperas) para a expressão phrénas aisímê, que pode ser traduzida, literalmente, por entranhas corretas, soa esquisito em português. Tem obviamente o sentido de ter juízo, segundo o léxico Liddell & Scott. Isso explica-se pelo fato de que os gregos situavam nas entranhas, phrénes, o centro de atividades intelectuais, emotivas e intencionais. Phrên é equivalente ao termo latino praecordia, que pode ser traduzido por diafragma, coração, peito, vísceras, sentimento, etc.

Verso 15 – Polipesararosa, isto é, cheia de pesares, é nossa solução para polypenthéa, acusativo singular de poly-penthês, palavra composta de polýs (muito) mais pénthos (pesar). Acreditamos que o português é rico o bastante para traduzir qualquer expressão grega. O que falta é um pouco de esforço, e alguns quilômetros a mais de leitura dos nossos quinhentistas.


Rafael Huguenin é aluno do mestrado em Filosofia na PUC-Rio e, segundo ele mesmo, para sua desgraça, também é poeta e tradutor. Além disso, ainda acaba de terminar uma outra graduação em Letras (Português-Grego), na UFF.

Já publicou dois poemas no Plástico Bolha e, dessa vez, enviou essa belíssima tradução (ou transcriação) em versos alexandrinos do canto 23 da Odisséia, de Homero, seguida de alguns comentários.

Neste breve texto, podemos ver o quanto nosso amigo domina o assunto e o quão fascinante é a dedicação de algumas pessoas pelos textos clássicos. Sempre admirei muito pessoas que passam horas de suas vidas em frente à Ilíadas, Odisséias, Bhagavad Gitas ou Bíblias, destrinchando termos, analisando escolhas, chegando um pouquinho mais perto de outros tempos, de civilizações que já não estão mais por aqui. Esse tipo de estudo, que cruza os séculos, faz parecer que os 20 anos de espera de Penélope nem são tanto tempo assim.

Viva Junito Brandão e todos aqueles que usam o passado para nos fazer entender o presente e construir o futuro.

Corujão da Poesia faz arrecadação de livros

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Se você é antenado em poesia e mora no Rio de Janeiro, certamente já ouviu falar do Corujão da Poesia — evento em que os loucos pela palavra viram a noite recitando poesia no café da livraria Letras e Expressões, da Ataulfo de Paiva, no Leblon.
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O projeto organizado pelo professor João Luiz de Souza, assessor de cultura da universidade UNIVERSO, acontece sempre às terças-feiras, a partir da meia-noite e vai até o sol raiar. Ao longo do último ano, o projeto se desenvolveu e abriu "filiais" na Barra (na livraria diVersos da Érico Veríssimo) e em Niterói (no Bar G3, na rua Cinco de Julho, em Icaraí).
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Agora, o Corujão da Poesia está convocando seus aliados culturais e os amantes da leitura em geral para doarem livros para a montagem de bibliotecas populares. O projeto já vem sendo desenvolvido há um tempo, mas nunca é tarde para participar.
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Quem quiser ajudar a campanha de arrecadação de livros pode levá-los ao próximo Corujão da Poesia, que acontecerá no dia 22 de Dezembro, na diVersos da Barra da Tijuca e terá a presença do jornalista e escritor Arnaldo Bloch. Para conhecer um pouco mais do projeto, basta entrar no blog do Corujão aqui. É a poesia sem hora para acabar!

Centro de Espirituosidade Mãe Ida

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Letícia Féres
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Pai e mãe de santo que emporcalham a cidade tem de montão, nenhum com o humor do Centro de Espirituosidade da Mãe Ida, uma brincadeira de nossa amiga mineira Letícia Feres, que publicou na última coluna Bolhas Geraes.

sábado, 13 de dezembro de 2008

Novo poeminha de Isabel Diegues

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Estava péssima.
Me olhei no espelho e
não estava tão péssima assim.
Eu me conserto
para a platéia que sou
eu mesma.
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Isabel Diegues
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Isabel Diegues é diretora e produtora de Cinema. Desde 2004, começou a se aventurar pelas Letras. Este ano, nossa amiga de Plástico Bolha abriu uma editora chamada Cobogó, que publicou o livro Saga Lusa, de Adriana Calcanhotto, além de livros sobre a Bienal de São Paulo.

sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

Estátua no centro da cidade

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Posso seguir ou permanecer; permaneço parado! Não inicio nem continuo! A decisão era continuar; continuo a pensar, mas, caminhar que é bom, nada. Eu odeio pombos; eles vivem para cagar e importunar! Caminhar, dar continuidade; não, isso não fazem! Já passa do meio dia, e o calor cola em mim através do mormaço que me derrete: — Saci pererê! — É sim, responde a criança. — Ele não tem uma perna. E o moleque passou, parou, fitou, ofendeu, e vazou.
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Ouvi dizer que terei uma perna nova; assim, vou poder seguir, continuar, e percorrer; correr, eu não posso! Queria alguém pra me acompanhar; alguém de bem, sei lá, teria de ser quem? É duro ficar no sol, com uma cidade inteira pra vigiar. Melhor se eu fosse o Drummond na praia.
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Mauro Rebello escreve, canta e compõe. Quem quiser, pode conferir o seu MySpace e conhecer um pouco mais do seu trabalho enquanto seu CD de estréia, prometido para o início de 2009, não vem. No Plástico Bolha, Mauro vêm desenvolvendo seu trabalho de escrever sobre música na coluna Futuros Estouros, onde já entrevistou Alexia Bomtempo e Os Azuis.

Lançamento do Bondinho no Cinemateque

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A revista O Bondinho circulou no início da década de 70, principalmente por São Paulo, e entrevistou diversos ícones da contra cultura da época, como Maria Bethania, Gal Costa, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Chico Buarque, Zé Celso, Zé Vicente de Paulo, Chico de Assis, Novos Baianos, Mutantes, Hermeto Pascoal, Milton Nascimento, entre outros.
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No próxima terça-feira será lançada uma compilação das melhores entrevistas d'O Bondinho, feita por Miguel Jost, na Cinemateque de Botafogo. O livro investiu no trabalho editorial e no conteúdo — são 359 páginas! Haverá uma promoção especial de lançamento, além do show Canduras, álbum de estréia do cantor e compositor Qinho, vocalista da banda Vulgo Qinho & Os Cara.
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No evento ainda serão lançados livros sobre os 40 anos da Tropicália e os 50 do Teatro Oficina, com presença confirmada de Zé Celso!
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LANÇAMENTO BONDINHO
TERÇA-FEIRA, 16 DE DEZEMBRO
A PARTIR DAS 19H
CINEMATEQUE - RUA VOLUNTÁRIOS DA PÁTRIA, 53

The Prince’s Soliloquy

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Truth be told,
I wish she would
unkiss me,

turn me back
into the frog I was
and happy being

in that small pond
in Tennessee.
What can I say?

Give me back nights
when I dared the moon,
fat and round,

to step down
and skinny dip
until dawn.

These velvet britches,
the foofaraw that greets
my singing lessons,

the fanfare raised
when I swallow gnats,
nothing here even close

to those moments
when she dropped her cloak,
tested the waters

with her toes
then slipped in to silver
the dark pond

and swam about
to the booming baritone
of my lovely croak.


Ricardo Sternberg


Ricardo Sternberg é carioca, mas mudou-se para os Estados Unidos com a família aos quinze anos de idade.

Bacharel em literatura inglesa pela University of California, Riverside, fez mestrado e doutorado em literatura comparada na UCLA. Seus poemas já foram publicados em revistas como The Paris Review, The Nation, Poetry (Chicago), Descant, American Poetry Review, The Virginia Quarterly e Ploughshares. Publicou The invention of honey (1990, reeditado em 1996), Map of dreams (1996) e Bamboo church (2003, reeditado em 2006).

Desde 1979, vive no Canadá, onde dá aulas de literatura portuguesa e brasileira na Universidade de Toronto. Escreve quase exclusivamente em inglês, mas não nega a influência de Bandeira, Drummond e Cabral.

Em 2007, fez uma visita à PUC-Rio, apresentando uma pequena palestra para os alunos da Oficina de Poesia do professor Paulo Henriques Britto. Nesta ocasião, Sternberg enviou ao Plástico Bolha cinco poemas. Quatro deles foram traduzidos por Marilena Moraes, Mariana Lopes Peixoto e Luisa Noronha, todos com a supervisão de Paulo Britto.
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O quinto, The Prince's Soliloquy, acabou não sendo publicado e, por isso, nem foi traduzido. Quem tiver interesse em traduzir o poema de Ricardo Sternberg, pode enviar sua tradução para o e-mail do jornal, jornalplasticobolha@gmail.com, que a publicaremos aqui no Blog.

Jornal do Brasil escolhe os melhores do ano

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O Caderno B, do Jornal do Brasil, está escolhendo os melhores do ano em diversas categorias, como Música, Teatro, Dança, Cinema e (por que não?) Literatura!
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A equipe do jornal fez uma primeira seleção, agora é com o público. Escolha seus favoritos; você pode votar quantas vezes quiser. Os artistas mais votados vão estampar as capas do Caderno B a partir do dia 24, em matérias especiais.
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Concorrendo na categoria Literatura, estão Salman Rushdie — que não morre logo, ao contrário do que o Islã gostaria —, Emily Dickinson, Philip Roth, João Gilberto Noll, Vanessa Barbara, Mark Haddon, entre outros. Mas, é claro que todos nós iremos lá é para votar na nossa amiga de Plástico Bolha, Alice Sant'Anna que também é uma das concorrentes!
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O site pode ser acessado aqui. Aí, basta clicar em "Livros" e na "Dobradura". Vamos lá, participe até cansar!

quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

Crawling, texto de Marcela Sperandio Rosa

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Tem uma força forte que me prende ao chão desta minha casa.
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Como um apaixonado deita em cima do seu objeto de paixão, eu deito sobre a minha cama ou me estendo pelo chão, fazendo uma verdadeira ode existencial à vida horizontal. Me deleito ao sentir o roçar das almofadas de veludo entre as coxas, ou ao perceber o quão macios são os travesseiros de penas.
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Ao ler, estudar ou jogar videogame, fico sempre de bruços, com a barriga apoiada no chão. Quando tomo banho, sento no box e lavo a cabeça deixando a água do chuveiro cair em minha barriga.
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Outro dia eu resolvi sair de casa, estava com muita saudade das gaivotas da praia e pretendia me estender até lá para vê-las voarem em V.
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Me vesti como sempre, sentada no chão, primeiro uma perna depois a outra, levantando os quadris, apoiada nos ombros e pés. Coloco calça depois blusa.
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Após calçar os sapatos, na intenção de me levantar para abrir a fechadura de cima da porta, caio desajeitosamente, o que me rende uma enorme fenda sanguinolenta na testa. Passada a tonteira, faço uma nova tentativa e me rendo.
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Parece que desaprendi de andar.
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Marcela Sperandio Rosa estuda filosofia na PUC-Rio; participa do Coral da PUC; é vocalista da banda Spllash!; e já publicou diversos textos no Plástico Bolha. Quem quiser pode conferir o seu MySpace, ou então um ou outro vídeo das suas apresentações no palco que estão no YouTube

Índia em fragmentos poéticos

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Ir à Índia e mergulhar numa cultura tão sofisticada e diversa da ocidental pode mudar a vida de uma pessoa – a ponto de desencadear um processo de escrita que já gerou dois livros. Foi isso o que aconteceu com Lucas Viriato de Medeiros, aluno do Departamento de Letras da PUC-Rio, que acaba de lançar Retorno ao Oriente, uma espécie de diário de viagem em forma poética que inclui crônicas, textos em prosa e até piadas.

Em 2006, Lucas embarcou em sua primeira aventura pela Índia, a convite de sua professora de yoga. O único contato dele com a cultura daquele país tinha se dado por meio do
Movimento Hare Krishna, fundado no Ocidente pelo mestre espiritual indiano Srila Prabhupada, na década de 1960. Essa experiência resultou no livro Memórias Indianas, uma coletânea de fragmentos poéticos que intercala jogos de linguagem com passagens mais narrativas.

– Na primeira viagem, passei a maior parte em Pondicherry, uma cidade do sul da Índia que lembra a Riviera francesa. Lá, tive uma convivência muito real, diferente da visão de turista tradicional. Ir à Índia é sair completamente do nosso mundo eurocêntrico. Gosto muito do que choca e gera estranhamento cultural, diz o escritor.

Também escrito em fragmentos, Retorno ao Oriente é o resultado da segunda viagem de Lucas, dessa vez ao norte da Índia. “Este livro surgiu assim, um pouco como pretexto, um pouco como desculpa ou contrapartida para a nova viagem”, conta o autor. Na cultura indiana, o número 108 tem um significado relevante, que remete à transcendência. O livro consiste em 108 pequenos flashes que, segundo ele, “se deslocam entre a apreensão poética da realidade e o exercício da imaginação”. Para Paulo Henriques Britto, professor do Departamento de Letras, esse é o aspecto mais interessante da obra:

– A concepção do livro é muito inteligente. A Índia não é um país, é um mundo. Por isso, ao invés de fazer um texto unificado, ele fez vários fragmentos. Esse caráter do texto tem tudo a ver com o pluralismo indiano, afirma.

No prefácio, a professora
Marília Rothier Cardoso destaca como a escrita de Lucas desperta a imaginação. “Este livro exige atenção, raciocínio e disponibilidade para o fascínio e a alucinação. Nenhum instante de tédio nessa viagem pelos roteiros da escrita”, diz.

Lucas também é editor do
Plástico Bolha, um jornal que nasceu em 2006, com quatro páginas, e hoje circula com dezesseis páginas, com uma tiragem de treze mil exemplares. O Plástico Bolha já publicou textos de cerca de 250 autores, muitos deles estreantes, e, agora, também está presente na internet, no site http://www.jornalplasticobolha.com.br/, e em várias cidades do estado do Rio de Janeiro, além de em Belo Horizonte, Vitória, Vila Velha, Porto Velho, Salvador e Brasília
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Matéria de Carlos Heitor Monteiro, Jornal da PUC, Dezembro de 2008

quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

Novo texto de Jota Maia

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João Maia, ou Jota Maia — como é mais conhecido, publicou seu primeiro texto na última edição do Plástico Bolha. O poema, sem título, ficou conhecido como Quero te ter em Honolulu, e é bem divertido. Mostra que o humor também pode ser uma das ferramentas para se explorar a linguagem. Quem quiser conferir um pouco mais dos textos de Jota Maia, pode entrar em seu Blog aqui. Segundo o próprio autor, há mais prosa que poesia.
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A seguir, um de seus textos, ainda inéditos na Bolhosfera:
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Quando, em 16/04/2043, o cérebro de Anthony Silva deu um curto, depois de mais de 10 anos de consumo semanal de ecstasy, pó, anfetas, LSD, Álcool, Antihistaminico, Ritalina, anti-depressivo, uppers, downers e pringles, ele sabia muito bem: era hora de comprar um novo.
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Cineclube Beco do Rato, toda quinta-feira

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Para quem não conhece o CINECLUBE BECO DO RATO, aqui vai a oportunidade de aproveitar o fim de ano para conhecer. O evento que reúne Poesia, Música e Cinema acontece não só amanhã, dia 11, como todas as quintas-feiras, a partir das 20h. Ah, e o melhor: é gratuito!

Os filmes da sessão de amanhã são:

No Princípio Era o Verbo, de Virginia Jorge
BMW Vermelha, de Reinaldo Pinheiro
Manequim de Flor, de Criação Coletiva

Logo após a sessão, começa o evento de poesia com os Ratos Di Versos. Vá e leve também os seus amigos!



EVENTO GRATUITO
TODAS AS QUINTAS
A PARTIR DAS 20 HORAS
BECO DOS CARMELITAS, 9 – LAPA
Informações: 2221-2832
ratoeira@cinemaneiro.com.br

Poema inédito de João Ayres

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eu canto o silêncio
que roça o que não sei
os nomes todos perdidos
na inconsciência da hora escura
como quem jamais sabe
para que lado o vento sopra
como qualquer pronome indefinido
nesta terra de ninguém.
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eu canto o animal morto
por qualquer caçador sanguinário
que esteja a beber contente
o sangue da vitória no abandono
no delírio constante de um louco suicida
que esteja a devorar as entranhas de um porco.
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João Ayres

terça-feira, 9 de dezembro de 2008

Sarau Conecte fecha o ano na Lapa

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Na próxima quinta-feira, dia 11 de dezembro, ocorrerá o último Sarau Conecte! de 2008. Quem quiser, deve aproveitar, pois o projeto, que completa um ano de existência, só será retomado em fevereiro de 2009. Os organizadores avisam que o evento está aberto a todos que quiserem levar seus poemas, canções e idéias. O Sarau Conecte será no Estilo Lapa, na Av. Mem de Sá, 127. A entrada é franca!

2 poemas do novo livro de Gregório Duvivier

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Na próxima segunda, Gregório Duvivier lança seu primeiro livro de poesia, "A partir de amanhã eu juro que a vida vai ser agora", pela 7Letras. Nosso amigo de Plástico Bolha, que já assinou a coluna Subjetivas, mandou em primeira mão para o Blog 2 dos poemas do livro.
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sobre a exaustão das retinas

já não me diz nada um pôr do sol em cancun
e um coqueiro em alto mar já vagou por protetores
de tela demais para me causar qualquer sensação
de bem-estar; os casais parisienses que habitam
calendários já não me dão sequer vontade
de ir a paris assim como não me comovem
mais as crianças de sebastião salgado nem
a menina que foge do ataque do napalm
e que em breve estampará cangas e biquinis;
as imagens estão gastas e não há nenhuma
que erga pontes como a palavra que.
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elephant gun
para Isabel Wilker
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Te encontro na Moldânia ou na Manóvia
às sete da noite de 2016 na praça
principal de uma cidade excusa
em que as ciganas foram proibidas
de tomar café e os negros pintam a palma
da mão de amarelo e as pousam sobre
a fronte cansada da longa viagem de trem.
(chegaremos a pé cada um de um lado
e você se sentará sobre um banco envolta
em serpentinas e um manto xadrez
e sobre o teu colo eu tombarei como um boi.)
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Ana Cristina Cesar, a nossos pés

Apresentação de Manoel Ricardo de Lima:
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Há 25 anos uma moça de olhos bonitos e mãos cobertas com luvas de pelica — Ana Cristina Cesar — interrompia um imprevisto e impunha outro. Daí em diante o que se tem, além dos poemas rasgados e charmosos de seu livro intitulado A teus pés, é um sem número de tentativas para juntar os cacos dos imprevistos: a reunião dos poemas deixados que foram editados sob o título de Inéditos e Dispersos, as cartas apontadas para si mesma como uma correspondência secreta, alguma crítica, alguma tradução, algumas anotações num caderno distraído etc. Nada que o sol não explique, diria Leminski. Ou ela mesma num poema-deboche quase um samba curto: "ela quis / queria me matar / quererá ainda, querida?"
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Assim, este livro vem a partir de uma proposta feita por Dorva Rezende, amigo e bom parceiro de conversa, para organizar uma ocupação de duas páginas no segundo caderno do Diário Catarinense com algo que não fosse apenas uma efeméride, mas uma revisão por dentro dos poemas de Ana Cristina Cesar. O que logo pensei em armar foi algo como poema rompendo poema, uma armadilha para desfazer um pouco esta coisa muito cansativa e repetida da poeta precoce que se matou (e ainda a poeta carioca, a genial, a burguesa, a quase mito etc, e que hoje é muito mais uma grife ou um carimbo póstumo do que qualquer outra coisa). E isto para manter o sufoco da deliciosa poesia de Ana Cristina Cesar. Mas jamais conseguiria fazer isso sozinho, daí convidei uma artilharia imprecisa, um exército errante que veio de lugares espalhados pela distância para compor alguma diferença: raspar com poemas a poesia de Ana.
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Convidei 13+1 bons conversadores de linha e verso para fazer algo mais generoso com Ana, mais gentil, mais delicado: escrever linhas de circunstância, mas não por isso com menos desejo e menos política. Muito obrigado a cada um pela companhia. Aqui está o resultado do impasse depois das páginas do jornal: este livro. Livro que abre uma parceria muito generosa e afetiva, entre a Editora da Casa e a Dantes Editora, que espero seja uma espécie de começo dentro do começo, um rodopio. A poesia de Ana Cristina Cesar merece, e muito, esta conversa que não é de céu nem de reverência, mas é de chão: colocar sua poesia a nossos pés.

A nossos pés — 14 poemas para Ana C.

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Dantes & Editora da Casa convidam
para o lançamento do livro
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A nossos pés
14 poemas para Ana Cristina Cesar
(org. Manoel Ricardo de Lima)
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Anibal Cristobo
Annita Costa Malufe
Carlos Augusto Lima
Henrique Schroeder
Cristiano Moreira
Eduardo Sterzi
Heitor Ferraz Mello
Júlia Studart
Laura Erber
Manoel Ricardo de Lima
Marília Garcia
Ricardo Aleixo
Verônica Stigger
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No Rio:
dia 13, sábado - 18 hs
OCUPAÇÃO COPACABANA FILMES
Rua Marquês de São Vicente, 431
+ pocket show AVA Rocha
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Em Belo Horizonte:
dia 13, sábado - 16 hs
LIRA - Rua Divinópolis 301 / casa 03
+ leituras com Júlia Studart, Ricardo Aleixo e
Manoel Ricardo de Lima

segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

Chansong II

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"I’ve never been in Paris for the summer
I’ve never drank a Scotch with this bouquet"
Antônio Carlos Jobim

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Nunca vendi cavalos nas feiras da Tartária
ou me perdi nas formalidades dos mestrados
Nunca fundei dinastias sobre reis assassinados
ou joguei comediantes bestas sobre as feras
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Jamais encontrei Buda no menu dos restaurantes
tampouco acendi lâmpadas na guerra da Coréia
Jamais corri assustado alvejado por manifestantes
tampouco li Gilgamesh na língua da Caldéia
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Não produzi chacinas ou dividi famílias e alianças
nem dirigi carros de embaixada com insígnias de estado
Não enriqueci com poços de petróleo no Arkansas
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nem engordei bezerros nas planícies do el dorado
Não fui gerente de bar ou garimpei nas minas de ouro
apenas escrevo sonetos antes de entrar na arena dos touros

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Calos Andreas
do livro Abissínia, Ed. Multifoco, Setembro de 2008

Adriana Calcanhotto fura o Plástico Bolha!

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Sempre assinada por uma autoridade no assunto, como os professores Miriam Sutter e Antonio Mattoso, a coluna Oráculo do jornal Plástico Bolha é dedicada aos assuntos relativos a antiguidade clássica, paradoxalmente sempre os mais atuais. No último número, vimos como as eleições em Roma continham as mesmas práticas questionáveis de hoje em dia, como a compra de votos e as falsas promessas por parte dos políticos.
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Na edição #23, Antonio Mattoso usou o espaço da coluna para fazer uma análise de uma das faixas do novo CD de Adriana Calcanhotto, Maré. Escrita por Péricles Cavalcante, Porto Alegre tem a letra inspirada na Odisséia. O texto, intitulado Nos Braços de Calipso, foi parar nas mãos da cantora, que o colocou em sua página na internet.
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Para a próxima edição, Antonio preparou uma nova análise sobre Maré, dessa vez voltada para a faixa Sargaço Mar, de autoria de Dorival Caymmi. O texto é excelente. Nele aprendemos que Iemanjá quer dizer "mãe dos peixinhos" (que graça!) e Odoiá, "mãe do rio", saudação que conserva a relação original da entidade com o rio, e não exclusivamente com o mar.
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Dessa vez, a idéia foi fazer o texto chegar logo às mão de Adriana, que o adorou e imediatamente o colocou em seu site! Quem quiser, pode entrar lá e conferir o texto bem antes dele chegar nas páginas do Plástico Bolha. Ser furado pela Calcanhotto, ploct, é um luxo!

domingo, 7 de dezembro de 2008

Dica do dia: Dobradura, de Alice Sant'Anna

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A idéia é indicar um livro a cada domingo. Para começar com o pé direito, a dica de hoje é o badaladíssimo livro de estréia da poeta, nossa amiga de Plástico Bolha, Alice Sant'Anna.

Ao longo dos 47 poemas do livro, Alice mostra que já está a vontade na poesia. As longas horas de observação pela janela do ônibus, as memórias trabalhadas, as anotações no caderninho, as postagens no laboratório-blog; tudo isso contribui para que a sua poesia ganhasse um valor indiscutível. Em A dobradura, a autora nos apresenta uma subjetividade cuidadosamente construída que apreende o mundo de forma simples mas sempre com muita graciosidade. Alice forjou uma dicção poética tão natural que parece já nascer pronta — aquele tipo de construção linguística que parece sempre ter estado ali, tendo cabido ao poeta apenas descortiná-la. Mas Alice não é ingênua: "suspende o fôlego (é tudo ensaiado)"... No campo sonoro, o trabalho também não deixa a desejar, assim como a produção editorial da 7Letras que fez um livro tão delicado quanto o seu conteúdo.

Alice já é velha conhecida dos leitores do jornal Plástico Bolha. Os seus textos já publicados podem ser encontrados no link . É legal ver como algumas versões do livro são bem diferentes das publicadas no jornal. Atenção especial para "Marcelina" e "o que sei sobre os gatos", que tiveram alterações mais significativas.

A partir da próxima edição, Alice vai estrear uma coluna exclusiva no Plástico Bolha. Devido ao trabalho que ela já vem desenvolvendo, e ao estilo trocadilhesco do jornal, a coluna foi batizada como Dobradinhas e será co-editada pela autora. A idéia é publicar sempre um poema dela com o de um convidado. Para a Dobradinhas de estréia, Alice convidou Ismar Tirelli Neto e o tema serão as manias de cada um. As ilustrações da coluna serão assinadas por Raïssa Degoes.

Para fechar, uma das minhas poesias preferidas do livro:

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quando faltou luz

ficou aquele breu e eu

com as mãos tremendo

morta de medo

de tudo se iluminar

de repente

Alice Sant’Anna

Poema de rede

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Me deixa branda
Quando me abraça,
E sem ele fico escassa.

Me lança saudosa
E eu me venho embora
Espero ansiosa, e a hora não passa.

Mas ele me amansa.
Minha voz baixa o tom,
Minha angústia descansa.

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Adélia Jeveaux




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Este poema da Adélia é o primeiro texto inédito desse novo espaço. Ele já foi aprovado pela Comissão Editorial do jornal, mas como a fila para a publicação no impresso é muito grande, é legal que o Blog possa fazer justiça e publicar alguns dos que esperam há tanto tempo para ver seus textos nas páginas do Plástico Bolha.

Lançamento de "O Velho Oeste Carioca"

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O jornalista e escritor André Luis Mansur lança "O Velho Oeste Carioca" na livraria Arlequim do Centro. O livro conta a História da zona oeste do Rio de Janeiro, de Deodoro a Sepetiba. André já publicou o livro "Manual do Serrote - nos botequins da vida, sem contas nem despesas" e, hoje, além de críticas literárias para jornais e revistas, está reunindo as suas críticas, feitas desde 1995, no blog http://www.criticasmansur.blogspot.com/. Quem quiser, pode conferir um pouquinho mais do seu trabalho em http://www.emendasesonetos.blogspot.com/.

Com solo, Consolo


Deixe eu deliciar esse cotovelo que tu tens. Cotovelo concreto e completo que tu tens, onde guardas ainda um pouco de simplicidade. O resto do teu corpo é todo complicado, uma confusão de dentes e cabelos, cérebro úmido e mal-entendido amarrado no nó dos intestinos. Amarrado à barriga, amarrado ao útero inútil. Deixa eu tocar-te o cotovelo. Cotovelo belo como aquela torta macieira que subias nos verões da tua infância. A macieira tinha a mesma pele seca e umas cicatrizes que vocês deram uma à outra. E tu ficavas escondida nos braços dela, e tu matavas as formigas. E comias as maçãs, e comias as sementes das maçãs porque a tua mãe te disse que uma pequena macieira cresceria dentro de ti se tu comesses as sementes das maçãs. Era uma mentira de mãe, mas tornou-se verdade da filha quando arrancaram tua macieira numa tarde de raízes súbitas. Deixaram só as pétalas caídas na bacia.

Eu quero despetalar-te. Deixa eu ver este teu cotovelo, maçaneta do teu ser. Deixa eu entrar e assim entrando entender, talvez, a tua insistência nas coisas que não existem.
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Chloe Paisley é havaiana! Já esteve por Portugal e pelo Brasil, onde, além de adquirir enorme habilidade na língua de Camões, acabou conhecendo a galera do Plástico Bolha em uma oficina de texto poético oferecida na PUC-Rio pelo professor Paulo Henriques Britto. Nossa amiga parece lançar uma luz sobre a língua portuguesa como só alguém de fora poderia fazer. Esse texto é um dos clássicos do Jornal Plástico Bolha e foi publicado na edição #16, de Setembro de 2007.

sábado, 6 de dezembro de 2008

Lançamento do livro "A partir de amanhã eu juro que a vida vai ser agora"

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Gregório Duvivier, nosso amigo da Bolha, lança seu primeiro livro na segunda-feira, dia 15 de Dezembro, na Casa de Cultura Laura Alvim. Como ele mesmo diz: "Ficaria muito feliz de vê-los todos lá. Muito mesmo. Saudades de todos. Até breve! Um beijo,G"

Terças Literárias com Bia Bedran

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A cantora e compositora Bia Bedran participará da última edição do ano do Terças Literárias, às 18h do dia 9 de dezembro. Niteroiense, Bia sempre dedicou sua carreira à composição de músicas e espetáculos lúdicos e pedagógicos, que ajudam a sensibilizar crianças de todas as idades. No Terças Literárias, ela falará sobre a literatura nas músicas infantis, traçando um paralelo entre a narrativa dos livros e das composições voltadas para o público infantil. O encontro acontece na Livraria Icaraí da Editora da UFF, na Rua Miguel de Frias, 9, anexo. Para participar do Terças Literárias basta se inscrever gratuitamente através do e-mail eduffonline@vm.uff.br ou do telefone 2629-5289.

Lançamento de "O outro lado do sol"

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Este é o convite para o lançamento da antologia de contos "O outro lado do sol", que acontecerá no dia 10/12/2008, no Palácio da República, Catete, das 18:00 às 22:00h. Leonardo Vieira de Almeida é da pós-graduação de Letras da PUC-Rio e já publicou alguns de seus contos na coluna Contos Insólitos do Jornal Plástico Bolha. Quem quiser, pode dar uma lida nos seus textos no link: www.jornalplasticobolha.com.br/autores/autor_leonardo_vieira.htm

Alice

ao mastigar as horas
amargo as demoras.

a cumbuca vazia
de açúcar e sal
e a falsa alegria
do pôr do sol
são a vida insossa
e a nossa lida

a dança das cortinas
ao evaporar o som
das brisas melódicas
o vácuo da sensação
e o sussurro das
gralhas
angustiadas pelo
outono

tudo absolutamente
concomitante à
ausência do olhar
ardente de Alice

dos olhos de Alice
cintilam eucaliptos
amortizando a
falibilidade
da humanidade

Luiz Coelho



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Esse poema foi publicado na primeira edição do Jornal Plástico Bolha. Na verdade, foi o primeiro texto que recebemos, no final de 2005, quando começamos a preparar o projeto literário que viria a se tornar o Plástico Bolha. Ao Luiz Coelho e Carlos Andreas o agradecimento por estarem juntos nessa nova fase do projeto: o Blog do Bolha.

sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

Estréia

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Publicação de textos de poesia e prosa, divulgação de eventos relacionados à literatura, notícias, atrações e muito mais. Se você ainda não conhece o jornal impresso, esta será a sua porta de entrada. Se você já conhece, então sinta-se em casa. Bem-vindo ao fabuloso mundo do Plástico Bolha.