terça-feira, 31 de agosto de 2010

Fábrica — um poema de Laura Liuzzi

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Enquanto fabrica seu elefante
forjo a grafite uma cigarra
em momento final:
o coro e a couraça.

Componho sua aspereza
com eletricidade
das asas prismáticas
aos olhos de galáxia.

Registro nas patas
desesperada fixidez
- âncoras
para quem não quer partir.
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Laura Liuzzi
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Laura Liuzzi é autora do livro de poemas Calcanhar (7Letras, 2010) e acaba de estrear no Plástico Bolha com dois poemas inéditos na edição #28. Fábrica é um deles.
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segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Homenagem à Profa. Claudia Castro

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Amigos e alunos da professora Claudia Castro farão uma homenagem a ela no dia 2 de setembro, quinta-feira, às 16h, no auditório Junito Brandão (anfiteatro do Bosque), no campus da PUC.
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A ideia é que todos aqueles que tinham carinho por ela se reúnam e compartilhem memórias, textos e saudade. Serão soltos balões em referência ao texto publicado no jornal Plástico Bolha, onde ela compara o ofício do professor àquele do baloeiro. Ao final da homenagem, será plantada uma roseira no jardim da universidade em sua memória.
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Contamos com a presença de todos que, de algum modo, foram marcados pela Claudia!
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Alunos e amigos da Claudia (homenagemclaudiacastro@gmail.com)
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Affonso Romano de Sant'Anna na FBN

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Saparada — poema de Breno Coelho

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Tem sapos que não lavam
os pés
a vergonha da cara
só lavam as mãos

tem sapos que viram
príncipes
princípios

os sapos bois
bóiam
os sapos cururus
jururus com a vida
se bolam

tem sapos que cantam
mais do
que
pulam
tem sapos que pulam
mais do
que
cantam

sapiência
sapos cientes
se preocupam com
a sua condição de anfíbio

tem sapos querendo
estrelato
sapos cacos
sapu-caí
sapos arteiros
sapateiros
outros querendo ser
pererecas
rãs
saporra

Todos os sapos
do Mario de Andrade

se ocupam com a forma
não querem reforma
separados de sua coletividade.
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Breno Coelho
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terça-feira, 24 de agosto de 2010

CEP 20.000 = Comemoração de 20 anos!

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Sérgio Porto 25 /08 5 reais 20:30
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CEP 20.000 : SÓ INDO SÓ VENDO OUVINDO VIVENDO
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O CEP quer comemorar com todos que por lá passaram e vão passar esses e os próximos vinte anos:
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opavivará - diahum - os azuis - coletivo cachalote - plástico bolha - falapalavra - irmãos abdalla - sete novos - estrondo - gregório duvivier - alice sant’anna - carlito azevedo - chacal - mimi lessa - domingos guimaraens - mariano marovatto - augusto guimaraens - lucas viriato - isabel wilker - ismar tirelli neto - carlos andreas - paloma espínola - gabriela bonomo - elisa pessoa - gabriela marcondes - nana carneiro - valeska de aguirre - cristina flores - gabriel fomm - jonas sá - fausto fawcett - carmen molinari - charles peixoto - ronaldo santos - alex hamburger - pedro luís - tavinho paes - daniel soares - juju holanda - pedro rocha - éber inácio - dado amaral - justo d’ávila ....
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Entre a hermenêutica da academia e o mais do mesmo da cultura de massa, o CEP, há 20 anos, cavou sua trincheira volátil. CEP 20.000: o que as escolas não conseguem ser, por medo ou acomodação dos mestres desse mundo em suspensão. CEP 20.000: ponte sobre campo minado, de muros, guetos e redutos de poder. CEP 20.000: encubadora de indivíduos inquietos, que insistem em se comunicar ao vivo e a cores nesse mundo digital. CEP 20.000: celeiro de poetas, viveiro de artistas e músicos, turbilhão de inventores. CEP 20.000: experimentação de outro projeto educacional onde o não da lugar ao sim. Incluindo, incluindo, incluindo. CEP 20.000 : em 20 anos são 3, 4 gerações de artistas, que lá, vão buscar o que não há nas escolas, na televisão ou no google. CEP 20.000: beijo de língua na língua, um brinde a todos os que fazem de sua arte uma investigação para sintonizar a melhor maneira de ver, ouvir e escrever esse mundo mutante vertigem.
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O CEP faz 20 anos. voilá!
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segunda-feira, 23 de agosto de 2010

domingo, 22 de agosto de 2010

educação sentimental — de Jovino Machado

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como abortar um amor
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não é uma lição
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que pode ser estudada na biologia
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mas pode ser apreciada
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em qualquer antologia
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Jovino Machado
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sexta-feira, 20 de agosto de 2010

a bordo — um poema de Diana Sandes

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esse ônibus até parece uma carroça
sopra o trocador irritado
por entre as geladas barras de ferro
e aquela moça, tão demorada
indo pelo infinito corredor prateado
é como um bicho preguiça
quando quer descer da árvore
as janelas abertas: mil passagens
por onde eu talvez fosse
minhas pálpebras aos poucos despencam
são duas bigornas
até que os cílios se encontrem
selando união, trocando juras de amor
eu consinto a ousadia destes meus
e cansada, falo baixinho
feito cochicho pra dentro:
só queria que esse banco fosse
uma cama, uma onda, um corpo
um acalanto qualquer
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Diana Sandes
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quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Desafio Poético 'Amores Vagos': Homenagem

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Precisamente agora
sem atinar por que nem como
repleto de sentido
conquanto vago e longo
é cãimbra nos meus braços
o tanto querer firmar um abraço
contra o que, presente, segue desde sempre
e o sempre é nada
e o presente um facto
que ileso escapa
aos meus olhos (os perseguidores)
de incomensurável alcance
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Precisamente agora
dentro da costa Oeste do meu peito
também o Lado Esquerdo
submarinos assombram o baile dos cardumes
e um seixo entressonhado
sabe-se de onde vindo!
empurra uma carga amorosa
como se eu, o poeta,
o retivesse entre os dedos
mas estes nada tocam, nada
e o nada é sempre, ou fora?
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Precisamente agora
talvez sem Ser, eu sinto
a rocha dividida. Feliz quem
se contenta com a cabida
parcela de amor que tem.
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Danilo Diógenes
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terça-feira, 17 de agosto de 2010

ATÉ QUANDO? — de Gustavo Guimaraes

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Certa vez, um professor que eu admirava justamente pelas qualidades intelectuais, me disse, contrariando um grande filósofo, que o ser humano não existe porque pensa, mas porque outros seres humanos constantemente o lembravam disso, eles que diziam-lhe que existia. Em outras palavras, o ser humano, na lógica do meu professor, apenas poderia ser chamado como tal porque se relacionava com outros, e desta maneira um homem sozinho no mundo não poderia ser chamado de homem. Ninguém é uma ilha, diria ele. Este pensamento me veio à mente ao ouvir a história contada pelo meu amigo Francisco Rondon, há pouco mais de duas horas. Chico, como é chamado pelos amigos, relatou-me que na madrugada de sexta para sábado, no último dia 13 de agosto, foi espancado por três jovens na saída da festa organizada por ocasião da formatura dos alunos do Instituto de Economia da UFRJ, no clube Marapendi, na Barra. Seu estado não o deixava mentir. Escoriações, ferimentos e marcas se espalhavam pelo seu corpo. Estupefato, ouvi Chico contar-me que estes três jovens não tinham motivo algum para espancar-lhe, e que o fizeram deliberadamente e sem escrúpulos. Na tentativa de fugir, ele machucou-se ainda mais ao pular a grade de um condomínio vizinho ao clube. Quase inconsciente, conseguiu arrastar-se até a portaria do prédio, quase sem roupas e em um estado lastimável. Um carro de polícia o socorreu e o levou até sua casa.
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Eu quase não acreditava no que ouvia, já que Chico é uma das pessoas mais pacíficas que conheço, e jamais pensei que isto pudesse acontecer logo com ele. Logo, a minhas estupefação e preocupação misturaram-se com uma indignação melancólica, quase que uma tristeza. E esta indignação é o que move este breve texto. Como um lampejo, a máxima do meu professor reavivou-se na minha memória, na tentativa de responder a algumas perguntas que giravam na minha mente. O que leva jovens de classe média alta, com oportunidades, acesso a informação, a praticar um ato hediondo como este? Qual é a motivação destes jovens? Em outras palavras, porque este tipo de comportamente existe? Então, revi a máxima do meu professor e concluí a seu favor: somos seres humanos apenas na medida em que nos sensibilizamos com o próximo, que respeitamos a vida e a dignidade humana acima de tudo. Não somos seres humanos porque construímos prédios ou elaboramos leis, mas fundamentalmente porque nos relacionamos, aprendemos, choramos, sentimos, rimos. Se nos é privado esse direito, o direito à vida, então o que nos resta?
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O episódio da madrugada passada envolvendo Francisco Rondon poderia ter terminado pior, caso ele não tivesse pulado o muro do condomínio. E o fato ocorrido, infelizmente, não é um acontecimento disperso, mas conecta-se a diversos outros que também poderiam ilustrar que mais que um desvio de conduta, esse tipo de comportamento é efetivamente uma prática cultural amplamente difundida dentre alguns grupos de classe média alta da juventude carioca. A cultura da violência parece disseminada em alguns deste grupos, vide os inúmeros casos de agressão e brigas em boates e festas. Grupos de jovens se reúnem e marcam hora para brigas pela internet, outros queimam índios na rua ou assassinam prostitutas. Recentemente, ouve o caso do atropelamento do estudante Rafael Mascarenhas, por jovens que praticavam pega em um túnel fechado. Parece que mais que uma exceção, este tipo de comportamento vem cada vez mais revelando uma tendência crescente nociva à sociedade, que deve ser imediatamente coibida.
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O mais assustador, para mim, como jovem nascido e criado na Zona Sul, é atestar que este tipo de comportamento está tão perto de nós espacialmente que muitos preferem fingir que não o vêem, em vez de tratá-lo como um problema, uma patologia social. Provavelmente, alguém que leia este texto conhece os três espancadores de Chico Rondon, e até convive com eles. Nossa tentativa será ir atrás dos meios legais para identificar os três espancadores e fazer-lhes responder sobre seus atos. Esperamos que eles sejam identificados o mais brevemente possível, e não cessaremos nossas forças enquanto isto não acontecer. Mais do que isto, esperamos que esta cultura da violência seja banida das práticas de uma juventude que parece desconhecer mínimas regras de convívio social e respeito pela vida humana em sua forma mais simples.
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Gustavo Guimarães
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Gustavo Guimarães é mestrando em Sociologia pela Puc-Rio e nos enviou esse artigo referente ao espancamento do estudante Francisco Rondon, na Barra da Tijuca, no ultimo final de semana, conforme noticiado no jornal O Globo. Mesmo sabendo que o jornal é majoritariamente voltado para poesias, achou que esse artigo imprime uma reflexão interessante no comportamento de certos grupos de jovens, e seria uma interessante leitura voltada exatamente para o público do Plástico Bolha.
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segunda-feira, 16 de agosto de 2010

FILHO, um poema de Pedro Du Bois

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Eu, filho imprevisto
do outono faço desabar
mistérios e dos céu
sem acometimento
rasgo espaços e me faço
alegre ao desgaste: estar
preciso na estação derradeira
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..........eu, filho inaudito
..........acometido em vida
..........desvisto os olhos
..........e nego enxergar
..........ao longe o horizonte.
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Pedro Du Bois
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sábado, 14 de agosto de 2010

Glória

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um amor passageiro
de tremores subterrâneos
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levou-me as palavr...as
poltronas vazias
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poemas de coleção
na bagagem de dotes
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solto e perdido
numa estação
errada.
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Braulio Coelho
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sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Ver a cidade — de Erick Moraes

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Ver de verdade.
Ver da deformação de verde
É ver melhor, evolução.
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Verde Verdade.
Verdade: formação de verde
É vermelho revolução.
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Erick Moraes
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Semana dos alunos da pós de Filosofia na PUC

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Para ampliar o programa, basta clicar na imagem.
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NAVEGANDO PELA PÓS-VIDA PESSOAL DE UM DESBRAVADO ALUNO DE PÓS

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Estamos num Mar. Shuá!
Textos boiam ao nosso redor,
prendem-se no casco da nossa pequena embarcação,
forjando, outrossim (outro-não),
um encouraçado marché.
“E vamos em quê direção?”,
ruflam as velas, “Hein, capitão?”
Nunca sabemos para que praia
as correntes do intelecto vão nos levar.
Ondas de acontecimentos nos pegam desprevenidos
E… Shuá! “Homem ao Mar!”
Outras vezes somos nós a remar
com os próprios braços de finas canetas
para algum pensamento que nos atrai…
Sereia encantada!, “cuidado marujo para não se afogar”.
E ainda há os amigos piratas
que nos abordam e raptam para outras paragens,
pilhando nossas capacidades
ao som de uma cantoria de taberna
e da eterna promessa
de que chegaremos cedo em casa
para ler Derrida.
Shuá! Shuá! Shuá!
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quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Poesia de dois andrades (e outros temas)

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Negros olhos — um poema de Fernando Brum

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Negros olhos
Tudo em mim
Sopros das nuvens
Todas de píneas.

Rochedo em ares
Livre dos meus
Todos os sonhos
Quebram aqui.

Lúridas penas
Que agora voam
Dissipam no ar
Na época lívida.

Pobres afoitos
Perdidos em caos
Sobram nas noites
Em pleno inverno.

Sabor de chumbo
Teu rosto virado
Enlaçam meus pés
Livres de tudo.
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Fernando Brum
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"do artista quando jovem" de volta ao Rio

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Nova temporada da peça "do artista quando jovem", no Teatro Tablado. Para ver o programa ampliado basta clicar na imagem.
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quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Pureza: uma alegoria brasileira

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Não quero contar minha vida. Ela é tao pequena,
tão sem relevo, que não merece isso. Se escrevo
estas impressões, é mais para tomar o meu tempo.
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O paraibano José Lins do Rego, sem dúvida um dos mais notórios e importantes escritores brasileiros – muito por escrever do Brasil um íntimo sem rasuras – traz na obra Pureza uma cronologia que remonta o nordeste e a formação coronelista sem ser, em momento algum, alheio a psicologia de seus personagens: coisa que faz como delicada composição neste romance.
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Seu Lola, ou Lourenço, desde moço cresceu com a morte ao seu lado: muito cedo perde a mãe, em decorrência da tuberculose, e, logo em seguida, a irmã Guiomar - a mesma com a qual se abraçara quando a mãe agonizava no quarto ao lado. O pai, no desespero da vida, imprime-lhe o excessivo cuidado de quem viu a família desmoronar no átimo dos dias. Em seguida morre também, por vias cardíacas: “E desde esse dia meu pai começou a agonizar. Mais de um mês de dispnéia, arriado na cama, vivendo às custas dos remédios de Dr. Marques. Morte terrível. Uma vida comida com todas as dores”. Há ainda Felismina, “boa negra” que lhe acompanha desde os dias da enfermidade da mãe e lhe dá todo o afago e cuidado, muito em razão dos traumas; uma escrava sobre a alforria da confiança tutelar, repleta de esmero e resignação.
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O início do livro, ou mais precisamente, suas primeiras linhas, são a conversa entre Dr. Marques e Lourenço. Os conselhos médicos lhe indicam ir para um lugar mais calmo, repousar, dando-lhe, mesmo assim, indicações que sua saúde estava de fato regularizada. O temor do jovem Lourenço, rapaz de 24 anos, é ser atacado pela morte em suas fraquezas, muito por ter sido domesticado ao lado das convalesças, o que faz o rapaz migrar para a longínqua e erma Pureza. Seu Lola, de malas prontas, muda-se para uma espaçosa casa na região junto com Felismina, a negra que lhe abastece de cuidados permanentes. A indicação do romance psicológico é, portanto, o que motiva a narrativa, mesmo que essa seja ocupada por imagens do Brasil nordestino repleto de historicidade. A fuga faz mais sentido como a busca de uma tranqüilidade que, pretensamente, não se encontraria nos grandes centros comerciais da época: o descanso enquanto isolamento. A aflição mental que desencadeia o deslocamento para Pureza, logo, o fio condutor da narrativa.
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Pois é a partir daí que a narrativa se impregna de metáforas. A pureza é como um recanto de pasmaceira onde a vida corre numa alegoria teatral. Poucas pessoas convivendo isoladas em uma pequena cidade nos rumos dos trilhos do trem, trem esse que traz o que é novidade e que também a leva rapidamente, deixando o efêmero e o inédito conectados sobre a mesma forma metálica locomovida pro cima dos trilhos. Entre idas e vindas, uma dimensão de personagens se aflora no contexto, mesmo que esses sejam estáticos, moradores estanques de Pureza: Landislau, o cego pedinte que junta meticulosamente seu dinheiro enquanto toca sua triste rabeca na chegada do trem; Luís, o pobre negrinho que foge do engenho do coronel Zé Joaquim e vai viver sob os afagos de Felismina, até que o coronel vem reclamar o que lhe pertence por intermédio dos seus jagunços; Antônio Cavalcanti, chefe da estação férrea que perde todo seu dinheiro na jogatina pelas redondezas; D. Francisquinha, mulher de Cavalcanti, que vende cafezinhos para os recém-egressos em Pureza, e suas filhas, Margarida, a mais velha, e Maria Paula a mais moça. Ainda há Chico Bembém, o rapaz que trabalha na estação e por fim se torna noivo de Maria Paula. As duas, entretanto, acabam se envolvendo com seu Lola, que, mais a mais se aproveita separadamente da carne de cada uma. Mas é quando Margarida foge de Pureza (o movimento inverso de Lourenço), que ele começa mesmo a se envolver com Maria Paula, mesmo ela noivando-se com o humilde Chico Bembém: “A moça me amava. Da janela da estação ela vivia a comer com os olhos os passageiros, todos os dias, ora com um, ora com outro. E aparecia em Pureza um jovem rico, amante da irmã. Crescera os olhos, me conquistara, fazendo com que eu abandonasse Margarida. Que podia lhe valer Chico Bembém? Acalantei Maria Paula naquela noite e amei-a, fui dela com mais vigor. Aquela fraqueza me tocava, me despertara mais alguma coisa. E vi como ela se animou com as minhas palavras, fortificando-se com os meus carinhos. Aquela me pertencia. Mandava nela com mais segurança que em Felismina”.
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Tudo, somado, acaba por construir um livro de sutilezas formidáveis. Um esboço do processo histórico nordestino, com um olhar sobre a questão escravagista; uma alegoria do processo coronelista e de políticas trocadas; um retrato do Brasil feito por um autor essencialmente brasileiro que, na maioria dos seus livros, insiste em contar ao seu povo mais a respeito do seu próprio país. E, ainda, uma pungente estruturação psicológica que mostra para além da historicidade de um povo, a fraqueza humana ante o perecível; tudo isso colocado num vilarejo na beirada dos trilhos de um trem, o trem que leva a isolada Pureza.
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A vocação maior de José Lins do Rego é ser trovador de um Brasil visto do prisma sociológico, de um Brasil nordestino construído pouco a pouco nas chagas de um tempo usurpado. Entretanto não deixa de sê-lo sensível e dar personalidade a sua história, personalidade e personagens que são um retrato do Brasil personificado, descrito e delineado por um escritor que soube narrar com seu texto de um corrimento enxuto a série de complexidades que é e foi à desordenada formação brasileira.
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terça-feira, 10 de agosto de 2010

Wilmar Silva e Francesco Napoli em BH!

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Evento no Palácio das Artes, em Belo Horizonte, com a participação do nosso amigo de bolha Wilmar Silva, que publicou uma pequena amostra de seu livro anu, no Plásico Bolha #27.
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Aflitos — um texto de Marcus Paulo Eifflê

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A aflição é um formigamento de incerteza e temor. Qualquer despreparo para a espera fria e calculada de uma ideia que se faz sobre uma condição não pretendida que a mente faz iminente e as formigas sobem nosso corpo, transformando a inquietação numa sensação horrível, onde só uma boa distração é capaz de aliviar ou mesmo suplantar o mal crescente. Como, por exemplo, a execução de técnicas manuais apaziguadoras aos nervos sobre o corpo aflitivo praticadas por um símbolo sexual desses da moda. Ou uma sessão de massoterapia, que é o que eu quero dizer.
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O sublime nos males humanos (sim, sublime) é que, com um pouco de paciência, tudo tem um paliativo. No mínimo. É o que salva a gente do escape máximo dos aflitos e desesperados: o suicídio. O suicídio é um paliativo sem graça, além de vexatório. Não se corre pro vestiário enquanto o juiz está dando tempo de jogo. Todo time tem alguém na torcida e esta torcida está pronta para te levantar nos braços se você mostrar ao menos espírito de luta. Para que se erguem bustos em passeios públicos e nomeiam ruas por aí? Demonstrações de reconhecimento. Nossa alma clama é por reconhecimento.
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Mas o melhor mesmo é quando você encontra uma fã pronta para ceder aos impulsos máximos da idolatria. Pense na possibilidade. Aflição é apenas um sinal que você tem imaginação demais para o lado desfavorável da situação. Aflito, não desespere.
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Marcus Paulo Eifflê
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segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Íris — um poema de Ana Salek

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Das pisadas secas, fundas
Dessa gente pacata, ora besta
Compreende o firmamento
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Das montanhas corcundas
Instaladas sobre o cimento
Medita o vento, a brisa incesta
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Da luz do poste pendurado
Que avança sobre a cabeça,
Dessa vislumbra o olho:
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Uma bola de gude grudenta
(onde tudo a quê se manifesta)
Pende, ainda, instalada no osso.
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Ana Salek
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sexta-feira, 6 de agosto de 2010

poética política nacional (terra prostituída)

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invadindo mitologias bárbaras, Júpter
interagiu por mais uma Deusa ancestral
imaculada; usando seu clarão fálico
logo fecundou-a por trás e pela frente,
moeu os grãos férteis da divindade.
colheu fruto vasto pro seu pantheòn
restrito; temperou-o na arrebentação,
e cantou uma ode a navegantes perdidos.
sua solução foi rasgar-lhe o útero e
espreitar o ventre, espetar nas costas,
deslocar a bacia e queimar os joelhos,
atar-lhe os pulsos finos a um arreio
sem fronteiras e esperar que a mata,
sobre o corpo, preparasse a nação.
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Pedro Silva Bastos
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Poesia visual de Roberto Corrêa dos Santos

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Conferência sobre Estudos Judaicos na PUC

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quinta-feira, 5 de agosto de 2010

reversão: provocação emulada de poesia demais pra pouco riso

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pássaro de cenário, carrega um plumário mudo.
se foi começo a marca de um dia ido, começo
é passado, não siga. barro anterior: monumento
de palavra presa; filho do primeiro ato: ponta-seca.
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a imagem fácil de um fim de tarde cinza,
com a cor da gema estalada, faz do acidente
o trivial toque – que não vem e mata – o
co-movimento de opalas separadas no plano
vazio do belo inútil. ainda verde, a câmera
oferecida à vaidade do ofício (todo excesso
é notado, excelsa é a parca monta do recheio)
mostra queda caiada do risco: trinca-vidro.
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cortada de branco e rente, permuta do entre
no vão do verso, a mão só sabe das coisas
simples. teatra uma metáfora dura, feita só
de unhas: delírio essencial da pedra gasta,
máscara na nulidade do cume, a palavra
do poeta é uma arma sem disparo: nem zune.
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André Capilé
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André Capilé é um dos organizadores do evento Eco - Performances Poéticas, em Juiz de Fora, e também participou das últimas edições do CEP 20.000. Seu poema Inversões foi publicado na atual edição #28 do Jornal Plástico Bolha. Falando nisso, amanhã tem Eco - Performances Poéticas com Dado Amaral, Beatriz Bastos, Ana B. e Tatiana Franca. Veja mais abaixo!
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Amanhã: ECO - Performances Poéticas, em JF

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# Dado Amaral # Beatriz Bastos
# Ana B. # Tatiana Franca
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Microfones Abertos
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05/AGOSTO
20h
MEZCLA
(Rua Benjamin Constant, 720. Centro.
Juiz de Fora - Minas Gerais)
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ENTRADA FRANCA
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O elenco do Eco - Performances Poéticas do mês de agosto é uma mistura de estrangeiros e locais. Sobem ao palco os cariocas Beatriz Bastos (trazendo poemas de seu livro Da Ilha) Dado Amaral (e os textos de olho nu) e Ana B. (com seu quase publicado Impublicáveis). A mineira Tatiana Franca completa a noite que, como sempre, terá muita poesia e será embalada pelas pick ups de Pedro Paiva. No segundo tempo o esperadíssimo e já clássico Microfone Aberto.
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05 de agosto, 20h, no Mezcla (Rua Benjamin Constant, 720. Centro) e a entrada é grátis.
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Coleção Ladrões do Fogo — 5 lançamentos!

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Hoje: palestra de Maximiliano Liñares na PUC

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quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Homenagem à professora Claudia Castro

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por Claudia Castro
do departamento de Filosofia da PUC-Rio
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Comecei a ensinar ainda menina. Primeiro, para as almofadas de meu quarto de criança. Depois, quando apenas alguns anos me separavam dos olhos curiosos que tinha a minha frente. Passados quinze anos como professora nesta universidade, talvez possa perguntar: o que é ensinar filosofia? Há uma grande diferença entre o ensino que hoje realizo e minha brincadeira infantil de falar com as almofadas? Não seria esse prazer primevo a antecipação, já a elaboração da tarefa que um dia iria realizar e à qual dedicaria minha vida inteiramente? Hoje vejo que sim. Porque no trabalho de formação filosófica não é o conteúdo o que mais importa, aquilo que podemos chamar de saber e que traz consigo, freqüentemente, um poder mutilante e nefasto. Em seu sentido mais elevado, ensinar filosofia (se isto é possível) é, ao mesmo tempo, ter o privilégio de viver e suscitar uma experiência de parada, de interrupção no curso das atividades práticas e automáticas de nossas vidas, para que um pouco de ar fresco, livre, possa atravessar.
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Desde sua origem, os grandes pensadores concluíram que o pensamento puro é desprovido de utilidade. Ele é um momento de crítica, de indagação sobre o que somos e desejamos profundamente. E o professor enfrenta, a cada aula, o desafio de despertar esse sutil questionamento.
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Ensinar é, antes de tudo, amar. Entrar num movimento em que nos despojamos de tudo que nos caracteriza como um sujeito pequeno, “humano demasiado humano”, nas palavras de Nietzsche, e, nessa abertura, pensar-com, pensar junto aos espíritos com os quais o acaso nos colocou em relação. Espíritos que também se abrem para o pensamento que, de fora, os transforma, irreversivelmente.
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Assim, o trabalho do professor – que se inicia do zero a cada vez que ele adentra o espaço sagrado da sala, com as carteiras e a sua mesa, o quadro e o giz – se assemelha ao de um baloeiro que ensaia fazer subir um balão. Pois uma aula é como um balão. Se é boa, nos leva ao céu, para além de nós mesmos, até o reino mais perfeito da liberdade. Quando o balão consegue subir? Ele sobe se, inexplicavelmente, tanto o professor quanto os alunos, encantados com a magia misteriosa das palavras, tocam o insondável: a pergunta, sem resposta, sobre o sentido de nossas vidas.
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Publicamos aqui a coluna Aos alunos com carinho, da edição #16, como uma homenagem do jornal Plástico Bolha à professora Claudia Castro, do departamento de Filosofia da PUC-Rio, grande especialista em Walter Benjamin, que faleceu hoje pela manhã, no Rio, deixando muitas saudades em seus alunos.
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terça-feira, 3 de agosto de 2010

Editora Oito e Meio: Antologia do Plástico!

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Hoje também saiu matéria na coluna Gente Boa, do segundo caderno do jornal O Globo, em que os editores Flávia Iriarte e Augusto Guimaraens Cavalcanti, da nova editora Oito e Meio, falam um pouco sobre esse novo projeto, que estreia esse ano com o lançamento de uma antologia do jornal Plástico Bolha! Veja aqui a entrevista completa dos editores para o Gente Boa.
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Entrevista completa referente à matéria publicada em 03/08/2010
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Gente Boa: Quem está à frente da Oito e meio?
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Flávia Iriarte tem 25 anos e é formada em cinema pela UFF. Já trabalhou como editora de vídeo, produtora, pesquisadora e livreira, dentre outras coisas. Em março de 2010, iniciou o curso de publishing management — o mercado editorial, na FGV e, em maio desse mesmo ano, fundou a Oito e meio. Augusto Guimaraens Cavalcanti tem 26 anos, é formado em jornalismo pela PUC e terminou em março de 2010 o mestrado em Antropologia pela mesma universidade. É poeta, integra o grupo poético Os Sete Novos e lançou seu primeiro livro de poesia, Poemas para se ler ao meio-dia em 2006 pela 7Letras (apresentação de Heloísa Buarque de Hollanda e orelha de Zé Celso Martinez Côrrea). Em 2008 lançou o livro coletivo AmorAmérica junto com Domingos Guimaraens e Mariano Marovatto também pela 7Letras. Para 2010 prepara seu segundo livro individual Os tigres cravaram as garras no horizonte (prefácio de Cláudio Willer).
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Gente Boa: Desde quando existe a Oito e meio?
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A Oito e meio foi concebida em maio de 2010.
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Gente Boa: Qual é a proposta da editora? Vocês vão editar única e exclusivamente livro de novos poetas?
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A Oito e meio foi concebida com o intuito principal de contribuir com a formação, organização e divulgação da produção literária contemporânea, pretendendo, dessa forma, atender a isso que a crítica literária vem chamando de “geração 00”. São milhares de pessoas, jovens de 20 anos em diante, fortemente atuantes, através de blogs, jornais e eventos literários, mas, apenas uma parcela muito reduzida é contemplada pelo formato do livro. Apostamos que o interesse pela poesia não seja tão pequeno assim como parece afirmar o conservador e tradicional mercado editorial. Qual é a editora, atualmente, que possui um projeto central e explícito de editar poesia? Não há. E a proliferação de blogs, apenas para citar um exemplo de manifestação, está aí para mostrar que o interesse pela poesia não é pequeno. É um público reduzido, sim, pois sabemos que a literatura e, ainda mais, a poesia, no Brasil, é uma arte bastante elitizada. No entanto, é um público fiel, pessoas que enxergam o livro não apenas como um objeto de consumo, mas como um objeto dotado de “aura”, através do qual materializam a relação com a arte. Não editaremos apenas livros de novos poetas. Outros formatos literários estão previstos, como o conto, o romance, o ensaio e a crítica. O próprio Plástico Bolha será contemplado com uma antologia de prosa, além de uma de poesia. E temos como previsão, para o próximo ano, lançar um segundo selo, especializado em publicações relacionadas à música popular brasileira, que é outra clara lacuna do mercado editorial.
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Gente Boa: Lucas Viriato (editor do jornal Plástico Bolha) comentou comigo que em outras editoras é comum os autores arcarem com certa parte do custo para editar um livro. E que vocês planejam realizar projetos em que não seja necessário para os autores arcarem com os custos do livro. É isso mesmo?.
Temos como estratégia de editoração trabalhar com tiragens pequenas que possam ser vendidas de forma mista, ou seja, em parte, pelos mecanismos tradicionais do mercado editorial, mas também de forma independente, através de eventos literários, festas e eventos criados pela própria editora, em parceria com outras instituições. Essa estratégia de distribuição diferenciada é fundamental para sustentar o nosso projeto e não precisar repassar custos para os autores. Mas trabalharemos sob demanda também.
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Gente Boa: Como vocês avaliam o atual cenários de novos poetas (e escritores em geral) cariocas?
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Avaliamos de forma positiva, creio. Muita gente teima em proclamar o fim da leitura, do leitor, do livro. Acho que esses discursos apocalípticos tendem a ser bastante redutores. Há interesse pelo livro, sim, e muita coisa boa sendo produzida atualmente. Assim, acreditamos que esse ano de 2010, que encerra a primeira década desse século, seja um momento interessante para se fazer um balanço, uma avaliação dessa produção contemporânea. O lançamento das três antologias que iremos realizar até o final desse ano, é ele mesmo, uma forma de ir fazendo essa avaliação. Depois do ultra-academicismo que caracterizou a década de 90, o que podemos foi observar uma imensa libertação da forma e, paralelamente, uma explosão de novos formatos e escritores. Como toda explosão, entretanto, ela gera estilhaços. Acho que, hoje, temos muito mais gente produzindo do que havia na década anterior ou na década de 80, por exemplo, no entanto, é também uma produção muito menos criteriosa e que tende à rarefação, por conta do caos que, por outro lado, a pós-modernidade trouxe.O formato do livro é, portanto, também uma maneira de condensar essa produção, de operar como um filtro que, ao mesmo tempo em que preza a diversidade que os novos tempos vêm afirmar, preza também a qualidade que ele parece haver esquecido.
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Gente Boa: Quais livros vocês já estão preparando?
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No momento, estamos preparando três projetos que são, na realidade, três antologias: duas que contemplam os seis anos do Jornal literário Plástico Bolha, que é, hoje, já uma referência nacional da produção literária contemporânea; e uma terceira, que irá reunir oito poetas atuantes que, entretanto, não tiveram, ainda, a oportunidade de lançar seu primeiro livro. Já estamos começando a pensar também em quais serão os primeiros livros a serem lançados no ano que vem. Temos já alguns originais prontos sobre canção brasileira que, provavelmente, despertarão interesse de outros públicos também.
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Banho de Língua: Fotos do PB no CEP 20000!

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Hoje, a revista MegaZine do jornal O Globo notíciou o evento Banho de Língua, do quadro Espaço Plástico Bolha dentro do consagrado evento CEP 20000, organizado pelo poeta Chacal. Aproveitamos para agradecer ao público e aos participantes do quadro: professor Antonio Mattoso e a incansável Isabel Wilker; além de André Capilé e nosso parceiro Mariano Marovatto, que participaram do quadro Homenagem a James Joyce, do CEP do mês de Junho. Agradecemos também ao Chacal pelo espaço, e à Clara Balbi e a todos da equipe da MegaZine, pela atenção ao Plástico! Aprovetamos para postar umas fotos do evento da última quarta.
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Evento: Cabaré da Poesia — no Catete

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segunda-feira, 2 de agosto de 2010

PLÁSTICO BOLHA #28 — É INVOLUNTÁRIO...

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É com muita felicidade que contamos que, depois de uma longa pausa, finalmente nasce mais uma edição impressa do jornal literário Plástico Bolha. A edição #28 vem com muitas novidades, algumas reformulações e a boa literatura de sempre. Confira quem está na edição e aguarde, pois em breve o Plástico chegará até você!
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PLÁSTICO BOLHA #28
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BEATRIZ BASTOS + ANGELO ABU + HEINZ LANGER + CLARA BALBI +
LAURA LIUZZI + DIEGO GRANDO + CLAUDIA CHIGRES +
ROSÁLIA MILSZTAJN + ANA BEATRIZ FERREIRA BATISTA +
TÂNIA TIBURZIO + LAURA ASSIS + CONSTANZA DE CÓRDOVA +
DIANA SANDES + LUCAS VIRIATO + LETÍCIA SIMÕES +
ANDRÉ CAPILÉ + SUELI RIOS + DOMINGOS GUIMARAENS +
SANTUZA CAMBRAIA NAVES + JONAS SOARES LANA +
MAURO FERREIRA + RODRIGO CAZES COSTA +
MIGUEL DEL CASTILLO + GRINGO CARIOCA + CARLOS JÚNIO +
JOÃO LIMA + FELIPE RIBEIRO + THIAGO ROCHA + ALINE OSORIO +
MIRIAM SUTTER + JOÃO INADA + LUIZ FERNANDO PRIAMO +
DADO AMARAL + ALICE SANT’ANNA + ANA GUADALUPE +
RAÏSSA DEGOES + LUCIANO LANZILLOTTI +
RUY ESPINHEIRA FILHO + ISMAR TIRELLI NETO
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domingo, 1 de agosto de 2010

Jornal Plástico Bolha invadindo Tiradentes!

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Este final de semana, o Plástico Bolha invadiu a simpática cidade mineira de Tiradentes! O jornal foi distribuído em bares, restaurantes, galerias e hotéis. Quem for da cidade e quiser conferir, basta buscá-lo na Biblioteca do Ó, que possui galeria de arte, acervo de marcas litográficas da estamparia mineira do século passado, além de livros para consulta e empréstimos.
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Aproveitamos também para contar que, a partir do próximo número, o jornal inteiro estará aberto aos textos dos nossos colaboradores mineiros, não sendo mais necessário a coluna Bolhas Geraes para canalizar essas publicações. Assim, nossos leitores e escritores de Belo Horizonte, Juiz de Fora, Tiradentes e dos demais municípios de Minas estão convidados a colaborar mais do que nunca com essa bolha plástica de literatura e poesia!
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Retratos da Literatura Brasileira na FLIP

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