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sexta-feira, 12 de setembro de 2025

Enfim


Quanta coisa fiz
quando tudo impedia
que a felicidade, alegria
quantificasse em mim

Enquanto fingia
sentir o que eu sentia
tanta coisa mudou
que acabou, enfim

Quando não mais quis
querendo você, veio e diz
o quanto gostaria
que a gente fosse feliz


Mariana Teixeira

quinta-feira, 11 de setembro de 2025

Quinta


Sempre quinta.
Primeiro: um breve intervalo,
uma conversa distraída
uma pausa do dia-a-dia.

E uma quinta...
Um dia foi mais longa,
porque eu aceitei deitar para descansar.


Rosilene Jorge dos Ramos

quarta-feira, 10 de setembro de 2025

Matrimandir


arquitetura que é poema
de água luz pedras
cristal e silêncio
— beleza

lugar idealizado
construído imaginado
a duras custas
— dedicação

reflexo no espaço
dos sonhos da Mãe
centro da galáxia
— Auroville


Lucas Viriato

terça-feira, 9 de setembro de 2025

Da inocência


No abatedouro das línguas
não vibra palavra encaroçada:
                doce no tacho,

olhar de criança cobrindo ossos de galinha
no chão de domingo
                               - anúncio de dança:
                                                   amarelinha
                                                   goiabada
                                                   e o gosto do verbo nos dedos


Carolina Barreto     

segunda-feira, 8 de setembro de 2025

azulão


nenhum não trava a boca do céu


Naila Rachid

domingo, 7 de setembro de 2025

Soneto social


É sete de setembro. E em muitas valas
Mil bocas putrefatas negam hinos...
Olhando o céu enxergam só senzalas
E a fúria sentem dos grilhões divinos...

É sete de setembro. E queimam balas
De fuzis que hoje marcham sob os sinos
Da catedral. Mil corpos sem abre-alas
Enfeitam de revolta seus destinos!...

É sete de setembro. E da avenida
Se sente a aura de um cuspo contra a vida
Na povo ali a se acenar, absorto!...

Hasteada sobre o curso do desfile,
A auriverde Bandeira envolta em bile
Fede ao cadáver de seu filho morto!...


Guilherme Ottoni

sexta-feira, 5 de setembro de 2025

pelé


dê um soco no ar e comemore até segunda-feira


Augusto Guimaraens Cavalcanti

quinta-feira, 4 de setembro de 2025

O quarto azul


No abismo oco o mundo exausto
Alto e forte o choro guerreiro
Tatuado e recluso em números
A fantasia de porta em porta
Disfarça ao mutante o preconceito
O quarto rosa é de algodão
O bebê no colo sacia a vida
Nos bicos de mel da enamorada 
A mulher ciente olha o tempo
O quarto azul é indicador 


Neuza Ladeira


quarta-feira, 3 de setembro de 2025

Como fugir


(decúbito frontal,
boca de gruta pro mar,
reunidos sal, dente-raiz,
concha e estrela morta)
           como o silêncio reconstruído
           na lenta aproximação dos minérios.

           como esfinge sem jurisdição,
           porto de um tétano intocado.

           como habitante - sem trabalho -
           do intestino de um colosso náufrago.


Daniel Valentim Mansur

terça-feira, 2 de setembro de 2025

Cantata pra Mnemosyne


finalmente li o poema "quando eu tinha seis anos"

era o paraíso. mesa para quatro, comida pra dois
os meus olhos correndo as antigas avenidas. solidão

tão espessa a chuva, para tão curto encontro, senhor

— senhor, era como chamava, em mania
senhor, era o que escorria fogo dos lábios.

o poema inesquecível, chuva de zeus sobre dânae
os dedos perdidos em algum buraco. ponte preta, manicaca.

tão perenes os traumas, pra o dilaceramento tão breve, senhor.


Nina Rizzi

segunda-feira, 1 de setembro de 2025

País


Quantas Igrejas de São Francisco
no topo de tantas ladeiras de pedra
e sem calçamento...

Quantas Sebastianas e Antônios
caminham até elas de olhar baixo,
desde o fundo mais fundo
do tempo mais antigo...


André Giusti

domingo, 31 de agosto de 2025

Desejo


Despistando o mar nos olhos
riria
e diria
ainda que nas entrelinhas
que um desejo assim
desse tamanho
não cabe no peito
e só um leito
acalma a alma
de quem ama


Mariana Teixeira

sábado, 30 de agosto de 2025

poema escarrado


este poema saiu assim porque eu queria cuspir na sua cara


Bruna Escaleira

sexta-feira, 29 de agosto de 2025

Lumbini


cidade de Lumbini
um mosaico de templos
e monastérios budistas
que parece não ter fim

as variadas vertentes
da religião precisam
marcar seu ponto em
algum lugar por ali

patrimônio histórico onde
as distâncias são longas
e caminha-se bastante
entre um canto e outro

e como um poema
no epicentro de tudo
está o lugar preciso do
nascimento de Buda


Lucas Viriato

quinta-feira, 28 de agosto de 2025

Uno, um poema de Paulo D'Auria


tem o elo
e a corrente
a ponte
e o muro
tem a mão
e o murro
o são
e o burro
vivendo dentro
da gente

tudo tem dois
lados
inclusive
o uno.


Paulo D'Auria

quarta-feira, 27 de agosto de 2025

Contato


seu corpo
sobre o meu
se espalha
feito
água
da chuva
na calha.


Hudson Pereira

terça-feira, 26 de agosto de 2025

Um fio gelado


Um fio gelado
Laminado
Desliza suave
Sobre a fase seca
Corta e revela
O guardado
Sagrado
E na terra fértil da memória
Brotam os espinhos
Que escondi de mim
De ti


Regina Mello

segunda-feira, 25 de agosto de 2025

Abissais


No abismo desses teus olhos
cristalizo meus ais.
Percorro luzes e sombras.
Em cada penumbra
deixo meus delírios
acontecerem.
Abro e fecho portas e janelas.
Esquecer-te?
Impossível jogo: te vejo na luz dessa foto por entre labirintos.
Portas e janelas te espelham
Sou cego de ti.


Vera Casa Nova

domingo, 24 de agosto de 2025

Para Woody Allen


Trago em mim 
Tuas mulheres
Todas
Só para te divertir 

Sou tua maravilha
Tela
Oitava arte
Barba Azul

Por outro lado
Tens todos os homens 
Que quis
Quando te quero
Só para eu te querer

Portanto
Não temos o que temer
Quando eu te amo
E a mim tu amas
Nós te queremos
Vós me quereis


Rosália Milsztajn

sábado, 23 de agosto de 2025

Muralha


Passam-se horas,
dias,
meses e anos
e eu aqui,
nesse compasso de espera...
Contagem regressiva
e prenúncio de longa viagem
sem retorno.

Atormentada,
ébria de desejos,
esbarro-me na miragem
de reflexos indefinidos
da minha própria imagem
destorcida e sufocada
pela ânsia de viver!


Lenita Holtz