quarta-feira, 16 de abril de 2025

Memorial ao morto imaginário


Nublei os meus olhos
na alba da alma dispersa...
Imaginei-me morto.
O silêncio partido
de quem conheci vivo
e amei ensandecido
girou tardo e líquido
em minha inconsciência
de carrossel iluminado.
O mistério do desaparecido
terrenal
é intrigante e numinoso:
fica-se etéreo,
vulnerável,
à mercê da lembrança alheia.
Estar é não estar
horizontal na vertical
ou vertical na horizontal,
combustão passageira de sonho
na memória desfeita.


Diego Mendes Sousa

Nenhum comentário: