sexta-feira, 15 de maio de 2009

Sala de Espera, um poema de Sérgio Medeiros

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Numa dessas salas
em que todos esperam algo,
sempre há um cheiro de tédio
e revista de fofoca.
E há pessoas com seus rostos
enigmáticos, que parecem
querer não demonstrar nada,
e dizer apenas que estão aguardando,
sem vontade, sem pressa,
sem receio e nem anseio.
Mas, um dos rostos descuida-se
e, num movimento rápido,
deveras revelador,
deixa ver uma meia infantil,
dessas que eu compraria,
se tivesse uma filha de seis anos.
Fico então a imaginar
os filmes que esse rosto vê,
e os livros que gosta de ler.
Agora, somos quase íntimos.
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Sérgio Medeiros
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