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Passar o dia com sapatos apertados, como se os pés fossem gêmeos no ventre por dez meses. Como se apertassem nervos, movimentos, e a boca de um mudo gritasse pelos pés desbocados.
Andar em desequilíbrio quando estão frouxos: poder ficar na mão, pisar em ovos - talvez contra o risco de cambalear.
Arrancar a sola, não pisar em falso. Da sola sem sola, escavar com estilete os restos de cola que grudam no chão e tiram o impulso. Buscar outra base. Cobertura. Fecho.
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Maria Cecilia Brandi
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