segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

FIGUEIRA DA FOZ

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Eram de Figueira da Foz
Os meus avós.

Figueira,
Árvore sagrada,
Leitosa,
Cujos frutos
Se abrem roxos,
Testículos do outono.

Foz,
Encontro do rio e do mar,
Lá onde a areia é cor de prata
E forma uma renda
De espuma e nata
Pela costa atlântica.

Deixaram a pesca,
O sal,
Os navios,
Os molhos de trigo
E atravessaram o oceano
Rumo à América.

O vento moderado soprava,
O relógio girava na torre,
A claridade era forte na praia
Quando meus avós
Vieram de Figueira da Foz.

Um albatroz acompanhou a viagem,
Em nenhum momento se sentiram sós,
Havia um chamado,
Uma missão,
Uma voz
E aportaram no cerrado.

O tempo passou tão veloz
Desde que meus avós
Chegaram de Figueira da Foz,
Por isso há dentro de nós
Sementes de figo
E gotas do Mondego.

Raquel Naveira

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