quarta-feira, 5 de setembro de 2012

Coreografia do absurdo


: na dança, o vazio
do corpo em pé
do enfado incorporado
ao incômodo desesperado
por gestos.
 
: pelo chão, rastros
de pés primitivos
nus em risco
na brusca busca
pela explosão
riscada em puro
movimento
anulador.
 
: inumano, o corpo
em forma deformada
distrai os contornos e
transpõe-se ao ritmo
conforme atravessa
a pele sobre os
músculos.
 
: orgânicos, atlânticos,
pés em braços sob costas
encostadas no outro
que é pura extensão
de si em um só.
a perna segue sozinha
com voz encaminhando
os ossos.
 
: coreografia do absurdo -
o corpo não se sabe
só.
o corpo só
se cabe
morto.
 
Maíra Ferreira


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