terça-feira, 17 de dezembro de 2013

Vinte e oito segundos


no intervalo entre o andar ao teu lado e o
você parar e eu não, entre o não
perceber que você parou e o te buscar
com o olho despreparado, uma pesca
distraidamente atenta: já não o somos,
aquilo que somos,
aquilo que fomos, quando
você para e eu não, quando você sem
ver que eu ainda ando e eu sem ver que você
não mais, seguimos ambos espessos inteiros
bravios; vinte e oito segundos somente e
dentro deles, no entanto, o fora
invade o corpo aos
poucos como um fim
e logo já se perdeu tudo o que
nunca se teve.

Maíra F.


Maíra F. escreveu o poema 2113, capa da última edição do Plástico Bolha!

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