Cuspo no chão
na esperança que uma flor
nasça
por entre pernas e
saias
regada pela saliva úmida
mas ela não nasce
ela é dura, José!
Extremamente salgada,
talvez seja isso.
Com a boca mordida
e o sangue nutrido
cuspo de
novo
mas o asfalto é quente e negro
Meio dia na Bahia
não é hora de cuspir
as bocas não mais se cospem
alguns nunca cuspiram,
e o cuspe evapora
no chão que ferve os pés descalços.
E após vários cuspes
a secura é presente
a língua tem câimbra
a boca se fecha
os dentes se mordem
e nem sinal de flor.
O cuspe elaborado ainda não há
a flor é exigente
exige dos seus o tempo que for
o cuspe é
necessário
mas não suficiente
a vida não basta
não basta o cuspe e a esperança de flor
é preciso mais
talvez mais fome
talvez mais dor
talvez mais
eu.
Nenhum comentário:
Postar um comentário