segunda-feira, 10 de outubro de 2016

Poesia Pichada - uma flor nasce na rua


Lá fora, a arte passa em alta velocidade. Os muros, alto falantes de quem não tem voz. Gritam, clamam, imploram atenção.
- Olha para mim, tenho tanto a dizer! Estão tentando me calar, mas você precisa me ouvir!
Lutando contra o cinza, em letras garrafais questionam. Mobilizam-se pela vida, pela liberdade, pela beleza. Cores jogadas na cara de uma sociedade que sufoca, formas livres e desimpedidas dançam diante dos olhos, e a poesia vocifera, agride, incomoda, exige.
"Não pense, não exista, só assista."
"Pixo, logo existo."
"Faça mais do que existir."
"Só peixe morto vai a favor da correnteza"
"Aonde você encontra sua liberdade?"
"Qual o significado da máscara que cê desenha?"
"Quantos mal me quer existem em uma única flor?"
"Mais amor, por favor."
E por fim, uma arte etérea, mutável e recém criada, clama para que o cinza não a devore. Clama para que não devore suas crianças, suas famílias, sua existência. Um ciclone de medos em uma única frase.
"Apaguem a miséria e não o grafite."

Heloísa Ramalho

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