A lua
mandou avisar: esta noite a edição #39 do jornal Plástico Bolha será distribuída em primeira mão nos
intervalos do espetáculo O Rei da Vela, na Cidade das Artes, na Barra, comemorando o último dia de apresentação da peça no Rio, e a união da poesia e do teatro! A cultura unindo
a força de resistência da poesia contemporânea à anarquia e ao desbunde do
grupo Oficina! 2018: a cultura está unida em prol da Primavera!
domingo, 29 de abril de 2018
quinta-feira, 26 de abril de 2018
Latas de 20
Noites em claro
Memória desperta a vã tentativa
de ludibriar o tempo
Acorda a criança em mim adormecida
Pelo Diazepam da vida moderna
Filmes em preto e branco
são exibidos na minha TV sem LED
válvulas, fusíveis
imagens de íngremes degraus
esculpidos no argiloso barro cinza
desenham a escada de chão
cumeada céu adentro
Dura escalada cotidiana da gente
Que leva consigo um tanto de mim
cabeças rodilhadas n’algum pano velho
de um colorido encardido
a sustentar um equilíbrio distante
para o peso da água parca
Gente boa, gente de fé e as latas
Latas d’ água, d’ pedra, d’ vida e de tudo
Tudo aquilo que é suor, quente e salobro
Tudo que é trabalho árduo e mal remunerado
Gente boa, gente de fé, relegada às suas colinas
e seus castelos de areia fina
arrastados na primeira chuva insistente
que venha espiar-lhes o cansaço
E eu, assistindo minha TV sem LED
Reflito que até as intempéries
parecem contribuir com as injustiças desse mundo.
Elizabeth Manja
quarta-feira, 25 de abril de 2018
terça-feira, 24 de abril de 2018
Adeus
Para Pedro Almodóvar
Que seja com um machado.
Prefiro uma lâmina aguda
um simples martelo
num golpe de misericórdia.
Com palavras, não.
Elas ferem muito mais
penetram mais ainda
mais fundo.
Nada de desculpas
de explicações.
De um só golpe
Certeiro
definitivo.
Se não,
Saia em silêncio.
Apague a luz.
...
(Laura P.)
Personagem de Pedro Almodóvar)
Antonio Miranda
segunda-feira, 23 de abril de 2018
Sobre os goleiros
Medita o goleiro-engenheiro na geometria
dos gestos mais econômicos
Traves são planetas
grávidos de gols,
vicejados de noite
O gol é o melhor
psicanalista do atacante,
o gol redime quase tudo
É a meta representação
ideal para toda cirurgia do jogo;
para o verão forçado de
um gol
Antes de qualquer tempo
inaugural,
já pairariam os
goleiros
com suas aparências
desoladas
a beijar solitariamente
suas traves
Goleiro, mãe do galináceo,
guardião do marco zero
O mistério dos
goleiros:
Eles também não
aprenderam a voar
Augusto Guimaraens Cavalcanti
quarta-feira, 18 de abril de 2018
Poeta Lucas Viriato no Midrash
O poeta Lucas Viriato estará na noite de hoje, 18 de abril, no Midrash Centro Cultural, para uma exclusiva leitura de poemas e um bate-papo amigável e descontraído com o público. Esperamos vocês lá!
domingo, 15 de abril de 2018
o nosso céu
a cama
ainda quente
nossos corpos
cansados
suados
(porém felizes)
se abraçam
e suas bochechas de pêssego
descansam
sorrindo
em meus braços
e eu,
olho pra cima
e me pergunto
se existe algum céu
mais bonito
e estrelado
que o teto do nosso quarto
Victor Hugo
sábado, 14 de abril de 2018
Um poema de "Nihil Zine", de Nelson Neto
Será que serei brindado novamente
com o olhar dessa menina
Será que conseguirei esquecer
dos segundos em que nos fitamos
Acalento, de momento,
Proporcionado pela beleza
mais que carnal,
Divina em platonismo
sonho a preencher com sorriso
toda a roda da fortuna.
Toada de dezembro canto do silêncio
marcado por um só expectador
Nelson Neto
sexta-feira, 13 de abril de 2018
Plástico Bolha no Abril Gráfico da Audio Rebel
Neste fim de semana, esperamos vocês com edições do Plástico Bolha, além dos livros da OrganoGrama Livros, muita conversa, simpatia e animação na feira Abril Gráfico — Publicações e Arte Impressa, na Audio Rebel. Mais informações no flyer abaixo.
Orbison
what happens in dreams
when pretty woman
walks away
Augusto Guimaraens Cavalcanti
quarta-feira, 11 de abril de 2018
Cabelos versados versos trançados
Hora de virar a página, preta
Aquela escrita lisa e rasa
Deu lugar às escrituras encrespadas, sagradas
Tua história é permeada em cada
linha de teus versos
No entrelace da tua trança
Mãos, dedos e a magia dessa dança
Mechas versos embalados
Na criança, menina, mulher
Fios da memória e a paciência de quem hoje
Sabe o lugar que se quer
Trançar palavras
É o mesmo ritual de versar os cabelos
Elizabeth Manja
terça-feira, 10 de abril de 2018
Maturidade
Eu sou um privilegiado
e nem percebia:
vivo a minha fantasia.
Tenho tanto
em tão pouco
mas não me basto
no pleno usufruto
do qu'eu queria.
Antonio Miranda
segunda-feira, 9 de abril de 2018
Na boca Lâminas, de Domingos Guimaraens
Como
se tivéssemos na boca
Lâminas
de slide
Algo
comum
Maravilhoso
Porém
Diário
Lâminas
que com a baba
Enquanto
estrutura
De
bola de sabão
Criássemos
películas
Para
projetar imagens
Ao
invés de projetar o som
Das
bocas projetoras
De
toda milimitragem
Sairiam
as imagens
Dos
nossos sonhos
Como
a do Lula livre
Abraçando
o povo
Projetando
da sua boca
Projecionista
O
Brasil que queremos
E
que ele sempre
Sonhou
Imagens
cortantes
Pois
não é fácil
Mudar
500 anos
De
projeções de
Privilégios
Acabar
com os vários andares
Dessa
sala de cinema do real
Que
deixam uns tão perto
E
outros tão longe
Das
imagens que são sonhos
Transformar
a vida
Em
cinema a céu aberto
Em
praça pública de encontros
Para
que cada boca
Possa
estar equidistante
Da
tela onde quer proejtar
Seu
sonho
Sonho
que continua em nossas bocas
Como
uma lâmina de slide
Maravilhosa
Cotidiana
Se
aquela boca presa
Censurada
Velada
Injustiçada
Continua
projetando sonhos
Não
é a nossa
Aqui
livre
Que
pode parar
De
inundar o mundo
Com
as imagens
Do
Brasil que queremos
Do
país
Que
ele sempre sonhou
Pense
numa imagem para:
A
luta continua, companheiros.
Abra
a boca.
Inunde
com ela o mundo.
Domingos Guimaraens
domingo, 8 de abril de 2018
À margem do douro, poema inédito de Paulo Henriques Britto
Não espero nada, e já me satisfaço
com a consciência de ainda estar em mim
e não de volta ao nada de onde vim.
Por ora, ao menos, ainda ocupo espaço,
junto a uma mesa no Cais da Ribeira;
permito-me, sem culpa, desfrutar
de pão, e queijo, e vinho, e vista, e ar,
todo o entorno da minha cadeira.
Que os dias que me restam não me tragam
apenas a miséria de contá-los
pra ao fim ver que as contas não fecham. Peço
demais? Eu, que não sou desses que tragam
a vida num só gole e no gargalo,
sem ter nem mesmo perguntado o preço.
Paulo Henriques Britto
Paulo Henriques Britto, é professor da PUC-Rio e um dos maiores tradutores e poetas atuais do Brasil. Irá lançar seu próximo livro, que está com o título provisório de "Nenhum mistério", no segundo semestre deste ano.
sexta-feira, 6 de abril de 2018
terça-feira, 3 de abril de 2018
suor
deslizemos juntos
depois da siesta
deixando todos nossos problemas
coloque uma onda sobre mim
trago o trago da tarde
a rede do depois
o desfazer da barba
a cama larga
joelhos que se opõem
meu todo antes
Gabriele Gomes
segunda-feira, 2 de abril de 2018
Meu coração
Meu coração é um túmulo funéreo,
Um mausoléu desértico, esquecido,
Que bate solitário e adormecido,
Nos becos de um soturno cemitério...
Meu coração é triste, um tom cinéreo...
No escuro de meu peito empedernido,
Ele palpita lento e dolorido,
Repleto de agonia e de mistério...
Silente ele se tranca enclausurado,
Na nostalgia ingrata do passado,
Recôndito de angústia e de amargura...
E no atro descompasso da batida,
Nas curvas cadavéricas da vida,
Tornou-me solitária sepultura...
Sérgio Márcio
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