quinta-feira, 19 de outubro de 2023

A gota, poema inspirado no conto de anteontem


redondinha e cristalina

sou volátil como um gato

que se espreme num buraco

atrás de uma sardinha


minha espécie é ordinária

somos do tipo mutantes

nos encontramos nas calhas

e também nos hidrantes


quando pingo é um estouro

sou sempre bem notada

ou me secam com toalha

ou lambida de cachorro


quando o clima fica quente

muita gente evapora

é um caso recorrente

aqui em ibitipoca


eu gosto é mesmo é de matar 

sede e me chamam assassina

porque odeio cloro

no meu reino, a piscina


tenho várias amizades

vida de gota é tão pública

clotilde é da minha idade

e é sempre tão cirúrgica… Paula Reis Vianna


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