quarta-feira, 5 de fevereiro de 2025

Para vovó, de Guilherme Ottoni


''_Vocês são_...'' - li-te, em meu primeiro verso -
Logo teu papo, qual de sapos-bois,
Tua risada, de um amor perverso,
Me advertiram: ''Um poeta põe _vós sois_!''

Posso ser o teu único reverso,
Aquele que buscou vadiar depois
De cair ao teu rigor incontroverso
Num poema onde negamos a nós dois!

Fossem outras as tuas mil certezas
E das minhas ridículas fraquezas
Sirvam a amorfa cinza do teu pó!

Mas hoje, escrevo tudo que me ulcera,
Muito apesar da tua luz severa,
Que se ora brilha, brilha aqui tão-só!


Guilherme Ottoni

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