sexta-feira, 23 de maio de 2025

Purgatório, de Gabriel Silveira


duzentas e quarenta páginas brancas erguem-se ornadas de notas

os riscos a lápis tentam se impor na imensidão dos versos
que contêm em si
todos os demônios do inferno

o lamento das almas preenche o ambiente
e o mundo treme
sob seus pés

quebram-se os versos as folhas o tempo
e a leitura
desce
ao fim da página
e não há mais inferno

só a multidão sem rosto à espera do trem.


Gabriel Silveira

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