sábado, 5 de dezembro de 2009

Poesia cinematográfica — de Yuri Amorim

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Reenveiou-lhe o sangue derramado, restituindo a vida ao corpo.
A bala devolve-se ao cano do revólver, estremecendo invisíveis paredes de oxigênio.

Olhos dessobressaltando-se em close.
Dedos trêmulos desfazendo a pressão no punhal sofisticado.
Derradeiras palavras temíveis sendo engolidas.
Uma gota desiludida sambando bochecha mal barbeada, brincando de contrariar a gravidade, escapa à retina.
Passos contrários afastam dois seres fadados.
O susto da porta derrubada e a derrubada porta ao chão resignam-se e voltam às suas devidas marcas.
Um olhar perde-se na janela.
Anuvia, empalidece e apaga.

A fita foi rebobinada.
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Yuri Amorim
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