quarta-feira, 16 de abril de 2014

Menina dos olhos verdes (Em vão)


Enquanto o mundo desfalece,
me parece tudo tão mais vago;
afago com as mãos as desgraças,
e a graça percebo, mas em vão.

Tudo passa na vida, tudo corre;
discorre em mim a vontade inata
da nata colher dos teus olhos verdes,
rede que arria meus sentidos.

Maculo, internamente, o sentimento,
há descontentamento em não ver teu vil sorriso,
piso em estradas descalçadas,
em caladas, mas gritantes, teus olhares.

Tu, razão do meu suspiro,
inspiro-me em escrever em prosa e verso
nunca meço a dor em que me fere;
se queres ser minha não pergunto.

Mas sonho, mulher, com teus olhos verdes,
a sede na polpa que me trazem,
que fazem de mim poeta franco;
e estanco a paz no coração por eles.

Vem, mulher, perceber meu pranto,
o encanto teu molhar minha seca;
seca em mim todas as lágrimas,
lástimas, de mim, foram-se tantas.

Mas entende, mulher, o meu desejo
relampejo aos céus a minha luta,
a fruta dos olhos teus é minha poesia.
Por um segundo, nunca em vão, seja minha.

Galego


Galego é leitor-colaborador da cidade de Salvador - BA.

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