segunda-feira, 11 de julho de 2016

Homo ex machina


O espaço acima da história,
a velocidade acima do tempo,
o ímpeto acima da memória.

Um corpo morto já não é gente.
Um corpo é agora
inenarravelmente apenas um corpo morto;
apenas um morto,
apenas um corpo,
apenas um pedaço de silêncio nos trilhos,
um negrume, um bloqueio
ao que está sempre livre
no ranger de dentes do tempo.

Um corpo morto esteve nos trilhos
sem nome ou expressão de fome.
Um corpo existiu nos trilhos trincados
até ser dilacerado
pela supremacia da máquina.
Um corpo esteve nos trilhos
até ser moído
pela supremacia do homem
sendo menos homem
e mais máquina.


Jenifer Saska

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