Luís Maffei é poeta, professor de literatura portuguesa, doutor pela UFRJ, e, agora, professor da UFF.
sexta-feira, 30 de abril de 2010
quinta-feira, 29 de abril de 2010
quarta-feira, 28 de abril de 2010
HOJE TEM CEP 20000, NO SÉRGIO PORTO!
20 ANOS - 1990 / 2010
ESPAÇO CULTURAL SÉRGIO PORTO
RUA HUMAITÁ, 176 (2266 0896)
QUARTA, 28 / 04 – 20:30.
5 REAIS – PREÇO ÚNICO.
OS FABULOSOS
CRIANÇAS INSUPORTÁVEIS
BEATRIZ BASTOS, ISMAR TIRELLI, LAURA LIUZZI,
LUCAS VIRIATO E MARIANO MAROVATTO
BARTOLO
CRISTINA FLORES & GABRIEL FOMM
WALNEY COSTA
MOBILE PING-PONG
ARNALDO BRANDÃO, BETINA KOPP & TAVINHO PAES
AUTORES AUTOGRAFANDO
LIVROS DA 7 LETRAS EM PROMOÇÃO.
terça-feira, 27 de abril de 2010
domingo, 25 de abril de 2010
quinta-feira, 22 de abril de 2010
Lançamento de "Contos de Mary Blaigdfield"
Todos lá!
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segunda-feira, 19 de abril de 2010
de quando virei desconhecida
vovó parece querer despir-se de
si aos poucos,
os olhos vítreos sem
dono e as mãos
desobedientes imóveis no
ar, a língua dormente de tanto
ter de engolir remédio
e minha surpresa quando
gagueja: quem é você?
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Clara Balbi
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sábado, 17 de abril de 2010
retrato n.2
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minhas raízes são remotas,
desvanecidas, elas remontam
assassinatos diários entre famílias
que se comunicavam aos gritos
em dialetos mortos, sob lava,
com machadinhas sem fio,
que faziam sua modesta lei
partindo ossos sem valor.
talvez daí venha a atração
por ruelas com mal cheiro
onde a qualquer momento
há possibilidade de morte.
daí talvez as letras firmes,
sem forma muito definida,
que denotam transtornos
psicológicos preliminares.
ademais, a testa proeminente,
ossos que, restantes, estalam
encaixotados em carne dura
e dizem qualquer coisa do sangue
volátil, que sobe rápido às idéias,
passos curtos na direção duvidosa,
passos curtos, de pernas amarradas
que apenas apontam trilhas, pedras,
que fundam feridas abstratas, leis.
a saúde dos olhos indica apenas
lascas de tempo sobre chão frio.
da incomunicabilidade selvagem
arregalada em suores trêmulos,
fiz a sala onde vivo dos restos.
as uvas do prazer, invariavelmente
elas terminam em restos gástricos.
fui revelado no atropelamento
de anotações absurdas, pautadas
livremente pelo ritmo das ruas.
há que se endurecer ainda mais
após a revolução sem ternura,
ser o balaio mediterrâneo feito
do calor córsego, que escorre
pela incompreensão enojada
do mistério que avança frente à face
e enche os livros de tédio e filosofia
enquanto, em quartos acarpetados de
paredes lisas, cadeiras de assento duro
premeditam a ambivalência teimosa.
os pés já não tocam mais o chão.
de partir, não suportam mais dançar
um sapateado divertido em brasa,
do agrado dos calvos de braguilhas
abertas, dos senhores recomendados,
enfileirados nas prateleiras públicas.
uma vez o Fred Astaire, hoje a ponte
desfeita a cada passo diante do nada.
como nos filmes ruins de aventura,
sem ter permissão para olhar atrás,
enquanto moedas brotam dos esgotos
da moral cívica – uma vez o maníaco
agarrado em alto-mar a gelados remos.
vejo que perdi coisas, isso é notável.
mas me faltam as marcas da escolha
conflitante – ainda acredito em deus.
não alimento escrúpulos,
sou um homem correto.
não exatamente um dândi,
operário com unhas limpas.
muito difícil é prever a amputação,
falar sem voz pela geração festiva
quando os pés se agitam em doença.
uma vez a superfície da lua, hoje a porta
escancarada – nenhum pedido de retorno.
o fracasso é o hábito,
disse aquele homem
que morreu de amor.
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segunda-feira, 12 de abril de 2010
Ralo — um poema de Diego Grando
Ocorre que me escorro
ultimamente
pelos ralos
em ralos pelos
emaranhados tufos
deste louro
que me é caro
e que na superfície
sempre mais lunar
do crânio
do couro
fica raso e raro
avaro
cheio de intervalos
e entradas
sem saída:
duas enseadas
de pura testa
frontes de uma guerra
piloglandular
funesta
perdida
Restam-me as quimeras
da finasterida
a ilusão dos anti-queda
no transplante uma esperança
uma espera
uma fé publicamente inassumida
a esmola dos que têm menos
os fantasmas nos espelhos
e o consolo de que os brancos
pelo menos esses
quando vierem
serão poucos
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Diego Grando
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sábado, 10 de abril de 2010
quinta-feira, 8 de abril de 2010
Posse de D. Cleonice Berardinelli na ABL!
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quarta-feira, 7 de abril de 2010
terça-feira, 6 de abril de 2010
O rio e o mar — por Luciano Prado da Silva
O rio barracento era uma torrente só. Muita casa caiu, muita gente sumiu e outro tanto de gente chorou na tristeza que a chuva pariu. E ali, bem perto dali, tudo há dias era só sequía. Mas o barro do rio da rua lambeu as fendas do chão salgado do que já fora oceano, inundando suas rugas.
Só que, tadinhos, nesse impossível, os mil de mais de mil peixinhos embeberamse de um marrom gosto de esgoto: cadê o sal do nosso azul? Veio a Bolota, durinha de tão inchada, e se juntou aos sofás que boiavam, aos pneus que boiavam e àqueles miles de peixinhos com as boquinhas em beijo pedindo ar, ah! Que cardume fúnebre.
E foi que no dia seguinte tava lá eu, a Bete, Pedrinho e o Alex, mergulhando naquele rio de mar, incomodando o urubu na Bolota, jogando peixe um no outro, felizes na nossa desgraça, criando montões de anticorpos. E as ideias que se misturam, as coisas que não casam, dizem que sou leso da cabeça, mas a Bete ainda fala comigo — eu acho.
A minha mente... às vezes boia.
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Luciano Prado da Silva
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Esse texto está na capa do jornal Plástico Bolha #27. Faz parte do livro Aneurisma matou berimbau, de Luciano Prado da Silva, que pode ser adquirido aqui. Publicamos novamente esse clássico em função da chuva que se abateu sobre o Rio de Janeiro. Que as mentes ilhadas boiem também!