segunda-feira, 17 de março de 2014

Um poema de Martha Lopes



uma casca de ferida 
tampa morta da dor 
agarra um fio de pele 
uma hora esconde
outra hora exibe
o que pulsa por baixo e por dentro de mim 

nessa dança mórbida 
de compasso de pele pendurada
o corpo sua uma gota
não de suor, mas de sangue
que escorre peito abaixo 
e me desenha caminhos 
rubros e imprevisíveis 

perdida nesses traçados 
descubro-me corajosa: 
com a força de um suspiro
e de um dedo indicador 
arranco a casca da ferida 

em um segundo acabo 
com tudo aquilo que baila  
a dor de uma valsa podre
e assim, renovada
invento outra levada 
para passos de cicatriz.  


Martha Lopes


Martha Lopes é leitora-colaborado do jornal Plástico Bolha da cidade de São Paulo - SP.

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