sexta-feira, 20 de julho de 2018

Gazel-a


Presa bebendo o destino
no lago do olhar felino.

Ali, a fera babando
pelo encontro repentino

embriaga-se de estar.
Um silêncio adamantino

confundido com as folhas
se desprende, peregrino,

à presença. Devorá-la
com os lábios do intestino?

Foge o instinto. E imóvel,
treme a fera em desatino,

presa ao silêncio da presa,
fundo, em um olhar divino.

Entredevoradas, lambem
dos jasmins o clandestino.

E, assim, ferozes, se afogam 
no que escapa, cristalino.

Leonardo Menezes

Nenhum comentário: