segunda-feira, 12 de agosto de 2024

Disforia Genealógica — Fotomontagem e prosa poética de Maria Júlia Barroca

 Imagem: MANJUU

Como eu posso deixar você ir se o ar que eu respiro são as suas raízes que cresceram na minha medula?

Tenho medo do meu corpo. Ele é opaco a mim, uma sombra do tempo presente. Ao outro, ele é translúcido, uma extensão de um passado que não me pertence. 

Tenho medo de quem a essa couraça pertence. 

Tenho medo da dor.

Eu sei que a dor é maior do que a psiquê consegue carregar e do que a carne sustentará, mas até quando a carne é o fardo do ser de ser humano?

Enfim, tenho medo da minha dor. 

Maria Júlia Barroca 

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