domingo, 17 de agosto de 2014

Pra sempre


Flores do campo, tulipas turquesas
Cheiro de grama e terra molhada
Balanço branco de madeira
E ao fundo, nossa casinha
Simples, da terra, do esforço,
Mas tão nossa, tão íntima,
Viva, cercada de ervas e temperos
Naturais, da nossa horta
Da rede, o barulhinho do mar calmo,
Como uma canção de ninar
Pra descansar no teu peito à noitinha
Novos livros velhos, prateleiras,
E fotos da revolução, dos ídolos, dos poetas
A vitrola e todos os LPs de colecionadores loucos
Enquanto tu escreves à energia solar
Nosso cantinho de meditação, nosso altar de conchas
E estrelas-do-mar...
E pra plantar: as mãos sempre cheias de sementes e ideias
Eu chego, sorrateira, te abraço sorrindo
Tu me olhas, teus olhos de caleidoscópios brilham
E me beijas com a boca de café e chocolate
Te faço um cafuné, me aconchego no teu colo
Fico pequena em ti:
"Meu amor", sussurro, "está crescendo vida em mim..."
E tu me diz, profundamente emocionado,
Que hoje é sempre o pra sempre.

Lia Ferreira, parceira antiga do blog