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Num dia de chuva, enquanto um corpo à terra descia,
Três borboletas brancas, miúdas brincavam
No jardim sem lamentar pel’alma que ali não mais jazia
E as flores ao redor delas erguiam o lamento pela vida
Em que já não mais existia o sopro pujante
Que apaga a chama da efêmera vela.
As três borboletas brancas, miúdas ziguezagueando
Em meio às folhas pinceladas pelo vento
Procuram nas coloridas flores a seiva fecunda
Que a elas concede mais tempo.
Se o pranto oculta o dia que
As miúdas borboletas brancas não exaspera,
O crepúsculo da tumba revela a luz do caminho
Que o eterno bolor cordialmente espera
Pelo corpo adormecido sob o solo do jardim florido
Que acolhe as três borboletas brancas, miúdas,
E agora chega mais uma,
Só que esta é amarela.
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Glaucia Brum Carlos
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Glaucia Brum Carlos é aluna do curso de Produção Textual da PUC-Rio.
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