quinta-feira, 28 de julho de 2011
Ou Hamuretsu
sexta-feira, 22 de julho de 2011
Eterna
Não sei de onde vêm,
és tão antiga e, no entanto, tão contemporânea.
Fitando o tempo e os homens.
Só a vejo no horizonte sem fim,
Vindo, vindo... balançando seus belos adornos brancos, enlourecidos
no brilho do sol, és mágica.
Se deixando pentear pelo velho e generoso vento terral
fica mais bela, aos meus olhos.
És bela e de majestosa exuberância, sem o vento também.
E quero ousar-te, pois o tempo em mim é limitado.
Eu sei e não nego.
Permita-me ser mais um a te contemplar,
se deixando dominar por mim, bem suave.
Desabrocha-me de vez
nas tuas entranhas magistrais,
mesmo sem saber no que vai acontecer.
Me ouso, me abuso sem pudor no teu tubo sem fim,
envolvendo-me,
no possível fim sem fim, não acabe de vez, não entendo.
Pois assim me entristece.
Respiro fundo e tomo força,
porque, a verei de novo,
mesmo com as mil e uma formas, serás bela assim mesmo.
Continuarei fiel a ti, és de verdadeira vontade,
sempre que meus olhos me permitirem vê-la,
deixando cada vontade sendo alimentada no eterno mais.
Oh, vontade sem fim!
Perpétua vontade de tê-la!
Não há igual!
Seja serena comigo, seja onda!
Leonardo dos Santos Dias
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quarta-feira, 20 de julho de 2011
eumaranhado
eu
amrnaho emraahanr eueamrnaho
frrrgllr mraanhao eeiaua mraanhao frrrgllr eeiaua
eu
amrnaho emraahanr tueamrnahas
frrrgllr mraanhao eeiaua mraanhao frrrgllr eeiaua
eu
amrnaho emraahanr eleelaeamrnaha
frrrgllr mraanhao eeiaua mraanhao frrrgllr eeiaua
eu
amrnaho emraahanr nóseamrnahaoms
frrrgllr mraanhao eeiaua mraanhao frrrgllr eeiaua
eu
amrnaho emraahanr vóseamrnahahanis
frrrgllr mraanhao eeiaua mraanhao frrrgllr eeiaua
eu
amrnaho emraahanr eleselaseamrnaham
frrrgllr mraanhao eeiaua mraanhao frrrgllr eeiaua
eu
Wilmar Silva
Wilmar Silva é poeta, performer, editor, curador, artista visual e sonoro e amigo do Plástico Bolha.
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quinta-feira, 14 de julho de 2011
quarta-feira, 13 de julho de 2011
Avenue de La Motte-Picquet
Avenue de La Motte-Picquet
caminhávamos, eu e você,
numa noite de inverno de volta pra casa.
Uma flor entre os arbustos, uma lembrança
nomes e luzes mais quentes e novos:
caminhávamos lindamente até Grenelle
como nunca, como nuvens, como noivos.
Deine Wärme, deine Hände, dein Tee
deine flimmernden Augen, deine Nähe
waren für mich dort sofort ein Zuhause.
Nos sentamos no banco do ponto,
pouco antes de estar tudo fechado
e era bom, era simples e pronto
mesmo que comida de supermercado.
Avenue de La Motte-Picquet
Nous marchions, tu et je,
dans une nuit d’hiver de volta pra casa.
Rafael H. Silveira
Rafael H. Silveira já publicou no jornal Plástico Bolha e acaba de nos enviar esse poema direto da Alemanha.
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segunda-feira, 11 de julho de 2011
Lançamento: Arranjos de pássaros e flores
Lançamento do nosso amigo de bolha Wilmar Silva no Café Book de Belo Horizonte, na próxima terça-feira. Apareçam!
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sábado, 9 de julho de 2011
Melado gostoso
Um tanto
de jorro dentro
outro tanto
jorra fora.
Cada pica, um
pau dentro, cada
dentro, em
toda hora.
Cada coito, um
desejo, cada desejo
uma outra tora.
Anelise F.
quarta-feira, 6 de julho de 2011
Eco Performances Poéticas
Já vamos para mais da metade de 2011 e o Eco Performances Poéticas prepara mais uma edição, cumprindo com o compromisso de tirar a poesia do gabinete e arrastá-la para o palco do Mezcla toda primeira quinta-feira do mês.
A edição de julho traz dois estreantes no elenco do Eco: Maria Diva Boechat, que participa pela primeira vez do evento, acompanhada das poesias de seu recém-lançado livro Cerâmicas e Tarcízio Dalpra Jr., mais conhecido por seu trabalho com teatro, mas que pretende mostrar que dramaturgos também fazem bons versos. Já o terceiro elemento dessa edição volta ao elenco principal depois de mais de um ano: o editor do Jornal Plástico Bolha Lucas Viriato, também conhecido como "o carioca mais mineiro que já pisou no Eco".
Além dos poetas convidados, o Eco conta também com o clássico Microfone Aberto. Traga seu texto, faça inscrição no intervalo e fique à vontade para ter seus três minutos de fama.
Tudo isso no dia 07 de julho, quinta-feira, no Espaço Mezcla (Rua Benjamin Constant, 720, Centro. JF), sempre ao som da afinada e afiada discotecagem de Pedro Paiva.
Não se esqueça que começamos pontualmente às 20 horas. E a entrada é grátis. Espalhe e compareça!
terça-feira, 5 de julho de 2011
Álcool
Eu descanso
Eu escrevo linhas trôpegas sem rumo
Eu sou o antigo futuro
Eu, balanço sem nó,
Vôo, rodopio e estremeço
Caio,
E ainda ouso balançar de novo.
segunda-feira, 4 de julho de 2011
Procurando o mantra da noite
O que espera essa noite de mim conhecerei
Digno de estranhar-me pelo elemento obscuro
No jantar das pessoas vegetando fora da inteligência;
Dessa vida tenho tudo diante dos meus pés, vejo mais
Ainda sobre o espírito absoluto e o corpo mutável.
Dilacerado desejo ardente nos vitrais do templo reinante
Nessa rua cosmopolita. Procuro agora ditoso e seriamente
Maluco por límpidas atenções febris! Febris! Esta é a palavra
Cortante! Dilacerante vertendo o vinho tinto do crepúsculo
Medonho de mui prazer.
Mais calmo entender sob a sombra do querer-te Amor saltitante;
Pouca emanação doce do homem bruto pelo dobrar de
Raiva, vendo sem sequer ter prometido o que jamais iria cumprir!
Não ponha pra fora escorraçando um cão servil e desastroso
Como qualquer vadio que acaba presenciando a asneira
Suicida dessa era mórbida - burra burra burra burra !........
Vadio e tudo o que quiseres proferir da patética boca;
Vadio sondando a tolice que tanto acabamos por voltar,
Para onde nunca sairemos, ou com certeza, nunca ilesos.
Densidade por densidade simplificando todo o nosso caminhar
Solitário, bobos que somos apaixonantes - e peça noturna
Trágica conhecemos bem, e continuamos a nos deitar com
Vossa graça. E a senhora diz:
Já são dez da manhã vagabundo!
André Siqueira
do fim e do início, do dez e do onze
se cheguei aqui, não sei por onde comecei. o centro da cidade não me leva a lugar nenhum: passar por ele é mero acaso. é como que topando com joaninhas. pode ser sorte, pode ser azar. à margem, à margem, à margem? talvez a margem do la plata, e só. as orillas do cortázar não andaram comigo, tão pouco vieram pra casa. de lá, observei as meninas de 35 passando, passando, passando como o vento. não quis muita conversa, hesitei, olhei para os lados e, quando ninguém mais me fitava, virei para elas e gritei “me mandem um postal falso dessa cidade arrependida”. o depois ninguém quer saber. os olhares estão comigo e camuflados entre letras tortas de uma mente fugidia. e parece que só olhares: buenos aires não tem voz, não tem música, não tem ruído. e eu grito, eu grito, eu grito. uma cidade quase destruída por sua loucura. não é américa, não é milão: é orilla, orilla, orilla. buenos aires, mi terra querida, gardel te predestinou um futuro trágico, melancólico e doído. e troco tudo isso por um miles davis tranquilizante, mas cheio de sobressaltos. so what? minha paradinha foi, sim, estratégica. queria tanto falar. mas o jazz sem voz é sempre mais agradável. jazz, vinho e fumaça: a combinação ainda não está perfeita. procuro o doce e o amargo da cerveja. troco um, pelo outro e vou trocando de acordo com a música que toca. caminho pelas ruas transladadas da cidade não-proviciana que me oferece bugigangas, camelôs e flores, muitas flores. visto as quinquilharias e penduricalhos como se eu fosse um museu de tudo e carrego a cidade aconchegada em bolsos vazios e olhares cheios. procuro clarissa pelas ruas arborizadas e a vejo no calçadão da florida, claro, calma e feliz. buenos aires é isso, um pequeno buquê de flores barato: de vida curta sem ser pequena.
Renata Gomes