segunda-feira, 28 de maio de 2018

[De]composição do silêncio



I

Há lembranças que chegam com o silêncio – trazidas
pelos meus mortos que – volta & meia – se atrevem
em meu jantar

(sabemos – querida irmã – pois as deixamos esquecidas
dentro de nossos olhos & de nossos armários de incoerências).

II

A solidão chega pelos espelhos cavos & em nuances
doentias que se decompõem na bruma
& nos brincos-de-princesa.

III

É madrugada agora!
Sentado no alpendre do apartamento fico a ver navios

(lembrando deusas – travestidas de brisa
dimanando [esplêndidas] pelo rio).

IV

Meu pai dizia
que a morte desce dos quadros distendidos em
paredões  de envelhecidos casarios portugueses
doBoulevard Castilho França
& evaporam [solenes] defronte ao Solar da Beira.

(assim – cara irmãzinha – adormeço
para ver se os querubins sobrevoam minha cabeça
de pedra).

Marven Junius Franklin

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