sábado, 26 de maio de 2018

Simplesmente ideias


É à noite que elas surgem. Naquela hora em que deito a cabeça no travesseiro e espero o sono chegar. Quando fecho os olhos, elas se formam como nuvens no meu pensamento. Nuvens cheias, pesadas, verdadeiras Cumulus Nimbus anunciando a tempestade. Aí, me dou conta que enquanto minha cabeça está no céu, meu corpo está quente debaixo do edredom.

Dizem que as ideias devem ser capturadas antes que fujam. Mas quando se está deitado no fim do dia, essa tarefa fica um pouco difícil. Então lá vem elas!! E a imagem das nuvens cinzentas, de repente, se modifica para milhos que estouram e viram pipocas: uma, duas, três... ploc, ploc, ploc... E uma pequena luta se inicia: “Levante! Levante! Corra! Pegue um papel e uma caneta para anotar antes que elas desapareçam.” E repito: “Corra, Maria! Corra! Levante! Levante! Amanhã elas não estarão mais aí!! Rápido, rápido!! Elas são ligeiras e escapam da mão feito areia fina.”

Não adianta. O corpo cansado vence. Afinal, já estou deitada e acomodada entre as almofadas. A cama já está aquecida. Tá tudo tão escuro, silencioso, calmo e meus olhos estão ficando pesados. Já sinto os sinais do sono e meu raciocínio está mais lento. E assim, com que para me confortar, tenho um último pensamento antes de finalmente adormecer: “Ah, são só ideias. Amanhã eu as anoto!” 

 Priska Fernandes

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