a propósito da dor | não estavam erradas as pinturas antigas | quase nada mesmo muda | o sol se põe e ninguém liga | talvez com algum tempo instaure-se na memória um pouco de bolor | como geleiras que se fundem vagarosamente ao mar | talvez permaneça ainda a experiência do medo | numa confusão mental aguda | mas quase nada mesmo muda | apesar da cabeça embolorada de águas gélidas derretidas | permanece o mesmo o mar | exceto por um minúsculo ícaro alado | a morte triunfante alegre alaúde um ícaro afogado | as minhas pernas para o ar
Larissa Lins
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