sexta-feira, 15 de março de 2024

Saideira, de Guilherme Ottoni


Para o amigo Thiago

O último gole acerta a dual vontade
De quem é livre por excesso, e o atira,
Com o achincalhe caro à realidade,
Ao chão de um bar que um dia lhe servira!
Dou esse gole ao fel da honestidade
Para inebriar-me da última mentira,
Mas se por vezes o ímpeto me invade
Deixo queimar a tentação em ira!
Bebo-o. Traio meu próprio livre-arbítrio.
E depois, boiando ao acaso em meu desejo,
Mofo nas lágrimas de um olho vítreo!
Sóbrio, tal apatia não se doma,
Porquanto a Liberdade, como a vejo,
Não se busca ou se pede, só se toma!


Guilherme Ottoni


2 comentários:

Celina Boga disse...

Saideira e difícil, pois sendo a última, requer saboreio que não combina com finitude.
Reluta-se o último gole. Disfarçado em aceitação. Mas, a liberdade não tolera atrasos, devaneios. Vc está certo!!!
Celina Boga, amiga de sua mãe!!

Celina Boga disse...

Saideira e difícil, pois sendo a última, requer saboreio que não combina com finitude.
Reluta-se o último gole. Disfarçado em aceitação. Mas, a liberdade não tolera atrasos, devaneios. Vc está certo!!!
Celina Boga, amiga de sua mãe!!