"O que poderia dizer de novo para vocês, queridos alunos de Letras que frequentam os meus cursos de antropologia? Já exploramos algumas convergências entre os recursos etnográficos e os instrumentos de análise legados pela teoria da literatura. Procuramos também desconstruir as classificações que separam de maneira rígida o mundo da literatura de outras práticas culturais, como se a arte de escrever existisse à parte da cultura e – pior ainda – como se a realidade se adequasse às repartições departamentais. E vimos que, pelo contrário, o que se percebe como 'realidade' ordenada não passa de um caos, e que na medida em que nomeamos os fragmentos desse caos conferimos sentido às coisas e à vida."
Foi assim que Santuza Cambraia Naves abriu a sua participação no jornal Plástico Bolha, na coluna "Aos alunos com carinho" do #13. De lá para cá, foram mais de cinco anos de convivência que geraram a coluna "Por dentro do tom", onde parte de suas pesquisas acerca da antropologia da música eram desenvolvidas. Não é preciso nem dizer o quanto Santuza fará falta no Plástico Bolha, na PUC-Rio, nas Ciências Sociais e na música brasileira. Vale ressaltar o seu caráter interdisciplinar e transdepartamental, como uma pesquisadora que experimentava a vida de modo amplo e não compartimentado. Deixará muitas saudades.
Nesta quinta, às 18h30, vai haver na PUC-Rio uma missa em sua homenagem, para a qual convidamos nossos leitores, colaboradores e todos aqueles que tiveram a oportunidade de curtir a presença de Santuza enquanto ela esteve entre nós.
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