segunda-feira, 31 de julho de 2017

Lenço Perfumado


Por acaso me emprestou
o seu lenço perfumado.
Me embriaguei com o cheiro;
me apaixonei - pelo olfato.
O porte era viril,
com a farda de soldado.
Namoramos nos jardins;
contamos nossos passados.
Seu corpo era um navio
que singrava em minhas águas.
nas excursões ao prazer
sua audácia me guiava.
Fiquei com ele pra sempre
pelo seu jeito suave,
não reclama da comida,
quando bebe não me bate.
Às vezes penso na vida
e no moço que encontrei.
Para o mundo ele é um Homem,
para mim ele é um Rei.

Denise Guinle

sábado, 29 de julho de 2017

Poema de Ledusha


palavras de neve azularam como por encanto
da nossa paisagem
e naves rubras de febre aportam no açúcar da tarde
o sol ganha uma coroa de espinhos
e a paixão é uma romã a cuspir faíscas de rubi

Ledusha

quinta-feira, 27 de julho de 2017

Rede


Teu corpo despejado em mim,
me enrosco toda em ti...

No balanço lento das tuas curvas
e no ritmo desse vai e vem,
te aconchego que nem concha.

Eu, casulo,
te envolvo borboleta.

Dentro de mim, entregue,
não pense, descanse
e esqueça o resto

Sinta a brisa que te venta o rosto,
o toque macio que te encosta a pele,
meu embalo pendulado,
o canto gemido dos meus ganchos enferrujados.

Vem que eu te quero todo, moço...

Deite no meu colo largo de lua crescente,
que eu me rendo.

Helena Lima

segunda-feira, 24 de julho de 2017

estética


pensando cá com meu robe sem botões
o que eu queria
era fazer um livro todo de gravuras
um poema prenhe de mentiras
um verso plástico como um ovo

Ledusha

quarta-feira, 19 de julho de 2017

Secretaria municipal de transporte urbanos


a diferença entre 347
o 346
é uma questão
de (h)uma(u)nidade.

Flávio Machado

segunda-feira, 10 de julho de 2017


Os que só tragam com filtro. Os que conduzem a dança. Os de papo requentado. Os que espalham o conflito. Os grosseiros de foulard. Os que fazem as cutículas. Os que têm presas no olhar. Os prósperos despreparados. Os que vão lamber o limbo. Os belos atormentados. Os previsíveis sem sal. Os ternos de abraço manso. Os que usam o saber como arma de poder. Os que citam sem parar. Os que gostam de mulheres. Os que gostam das mulheres. Os mitos desamparados. Vampiros por trás de lentes. Os que só querem mamar. Os que portam falos bélicos. Os marinheiros sem mar. Os que nos devolvem o riso. Sensíveis sem onde morar. Os que decifram. Os que devoram. Casados infantilizados. Os que consertam cadeiras. Os indeléveis carnais. Os de coração falido. Raros sexys calados. Os gananciosos banais. Marxistas que espancam mulheres. Os que se desmancham no ar.

Ledusha