sábado, 31 de julho de 2010

Desafio Poético: platônico

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o bilhete de amor
tão contido
na caligrafia miúda
perdeu-se num bolso
na lavanderia dos sanchez
— os borrões azulados
do papel alvejado
em pedacinhos, tão poeticamente
foram-se
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foi-se também
a lavanderia
tampouco ficaram
os sanchez
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tampouco ficou
qualquer resquício da timidez
dos olhares
qualquer um
dos ônibus circulares
e daquele fim alaranjado de uma tarde em abril
qualquer pedaço de pano
de horas a fio
noites em claro
- qualquer coisa que lembrasse
a antiga possibilidade
de um caso de amor
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Bruno Nascimento de Abreu.
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Bruno Nascimento de Abreu é leitor e colaborador do jornal Plástico Bolha. Esse é o seu poema para o desafio poético "Amores Vagos", exclusivo para o Blog do Bolha. Os dois melhores poemas concorrem ao livro "Amores Vagos", do selo Estilingues. Participe você também!
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segunda-feira, 26 de julho de 2010

CEP20000 > Plástico Bolha > Banho de Língua

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ESPAÇO CULTURAL SÉRGIO PORTO
rua humaitá, 163
quarta, 20:30 / 5 reais
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ROBERTO PIVA POR 7 NOVOS
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PLÁSTICO BOLHA: BANHO DE LÍNGUA
Antonio Mattoso + Isabel Wilker + Lucas Viriato
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CRIANÇAS INSUPORTÁVEIS + THE ALBERTO
André Capilé + Beatriz Bastos + Augusto Guimaraens + Andytias Soares
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CAFÉ IRLANDA
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JONAS SÁ
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JULIO CALLADO
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FERNANDO DELAROQUE
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apoio prefeitura do rio
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dia 25 de agosto = festa de 20 anos do cep
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Arte em andamento: sarau dos escritores

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Lançamento de Rua da Praia em Porto Alegre

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domingo, 25 de julho de 2010

Dia nacional do escritor no Planetário do Rio!

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Hoje, o jornal Plástico Bolha foi convidado a participar das comemorações pelo Dia Nacional do Escritor, no Planetário do Rio, como parte do evento Planetário Social. Representaram o jornal os autores Alice Sant'Anna, Camila Justino, Lucas Viriato e Mariano Marovatto. Foi um papo muito agradável e descontraído, onde a plateia demonstrou bastante interesse pelos livros, a leitura e o mundo literário. Cada um falou um pouco de sua breve trajetória como escritor e, em seguida, foi a hora da leitura de alguns poemas de nossa autoria. Ao final, as perguntas e o tradicional sorteio dos livros, alegria das crianças de todas as idades. Depois, indo embora pela Gávea, o ônibus que levava nossa ávida plateia de volta para casa, cruzou conosco na rua com todos acenando afetuosamente, com Plástico Bolhas e nossos livros nas mãos, gerando uma sensação de reconhecimento muito inusitada nos quatro jovens escritores. Agradecemos ao Planetário do Rio pelo convite.
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Desafio Poético: "amores vagos" em poema!

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O tema, AMORES VAGOS, vem do primeiro título do selo estilingues, projeto de um grupo de amigos escritores, do qual faz parte nossa editora, Marilena Moraes. A proposta é dar o livro de presente, em troca de o leitor assumir o compromisso de “ler e passar adiante”, na conquista de novos leitores.
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Seguindo a filosofia do novo selo, o Plástico Bolha vai dar uma estilingada e escolher dois poetas para receber AMORES VAGOS, que, em quatorze contos, fala de encontros e desencontros, chegadas e partidas, de amores ácidos e cortantes, mas também de doçura e aconchego. Basta enviar seu poema sobre o tema para o e-mail do jornal. Escolheremos dois premiados, que ganharão exemplares do livro, se comprometendo a não quebrar a corrente, fazendo o livro circular, numa ciranda sem fim.
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Teclem com vontade, estilinguem livremente. Afinal, amor nem sempre rima com dor... e um vago amor pode se tornar preciso e verdadeiro.
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sexta-feira, 23 de julho de 2010

Amores Vagos — um livro de mão em mão

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No quarto de uma pousada, um presente, um livro. Para ler ali mesmo, ou para levar para casa. Os autores pedem apenas que seja passado adiante, depois de lido, que circule, livre, em várias mãos.
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Essa é a proposta de um grupo de escritores, que escolheram para seu projeto o nome estilingues. O primeiro livro, Amores Vagos, estará à disposição dos leitores em várias pousadas da FLIP deste ano.
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A ideia de que cada leitor passe adiante seu exemplar, promovendo a leitura, se assemelha à dos movimentos Fureur de Lire, na França, ou bookcrossing, criado por um americano, e que acaba de desembarcar na Espanha: os livros são deixados em um lugar público, um vagão de metrô, uma lanchonete, uma loja, para que outras pessoas deles desfrutem.
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Está prevista a distribuição de Amores Vagos em diversos eventos literários pelo Brasil afora, em universidades, e onde mais surgirem leitores interessados.
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O grupo, formado em uma oficina literária, nos anos 1980, no Rio de Janeiro, publicou A palavra em construção, coletânea de contos, em 1992; em projetos individuais, Cristina Zarur, Miriam Mambrini, Marilena Moraes, Nilma Lacerda, Vânia Osório, Sônia Peçanha e Alexandre Brandão garantiram boas críticas e alguns prêmios.
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Amores Vagos traz quatorze textos, apresentados por Luiz Rufatto; são contos sobre o amor, da maneira que cada autor imprimiu à sua escrita.
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Biblioteca Nacional: Leitura em Debate 2010

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quarta-feira, 21 de julho de 2010

segunda-feira, 19 de julho de 2010

Concessão, um texto de Marcus Paulo Eifflê

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A desigualdade nas interpretações será sempre um motivo de discussão. Isso é bom para programa esportivo. Tudo tem pontos de vista diametralmente opostos. Diz a regra da manutenção duradoura para um casal que intencione atravessar discordâncias que ele não pode ter tantos pontos de vista dessemelhantes manifestos gratuitamente, ou isso encurtará a vida útil da união. Às vezes, o melhor mesmo, pro bem da estabilidade do matrimônio, há quem diga, não eu, que o melhor é fazer vista grossa. Em certas ocasiões. Cada um faz a concessão que achar que aguenta.
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— Diz qualquer coisa.
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— Dizer o quê?
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— Diz que é um idiota.
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— Eu não sou um idiota.
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— Diz que vacilou.
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— Você já devia ter aprendido que as coisas não são preto no branco.
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— Eu quero que você vá colorir o quadro no tribunal, então.
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— Precisa tanta incompreensão?
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— Sai daqui, sai. Vai prum hotel. Qualquer lugar.
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— Esse apartamento é meu.
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— Não durmo com você nesta casa.
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— Fica acordada. Você não tem insônia?
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— Diz que vacilou, pede o meu perdão...
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Ele se repôs na pose, como se cedesse no seu orgulho:
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— Você me perdoa se eu disser?
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— Eu digo o que eu achar melhor.
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— Que loucura.

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— Se desculpa, fala alguma coisa do coração, pelo amor de Deus.
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— Perdão. Mas com reservas.
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— Que reservas, seu canalha?
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E ele abre os braços, dramaticamente:
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— Era virtual!

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Marcus Paulo Eifflê

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quinta-feira, 15 de julho de 2010

Azul-mar, um poema de Rafael Magalhães

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Sinto muita saudade
de você, tem dias que eu sinto
que sou ilha perdida
no meio de tanto mar
como fui me separar?
de um continente tão forte
deixei pra trás
muita terra segura
passei por tempestades
tormentas, chuvas imensas
e agora uma calmaria
em que paro tudo
e observo do mirante
o oceano, atlântico
pacífico, gigante
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Rafael Magalhães
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Rafael Magalhães é nosso leitor e colaborador de Vila Velha, ES. Esse é o seu segundo poema no Blog do Bolha.
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terça-feira, 13 de julho de 2010

Conto da menina-mãe, por Isabella Pacheco

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Ela cozinhava. Já. O antebraço menor do que a colher-de-pau que mexia a carne moída na panela, a pequenina subia num banco de madeira que ora pendia para os lados para preparar o almoço para si e para o irmão mais novo antes de se arrumarem para escola. Quarta-feira. Era dia de carne. Na ponta dos pés fechava os olhos para aguçar o olfato enquanto o vapor umedecia-lhe a face com o cheiro da proteína só degustada novamente na semana seguinte. Quem sabe. A rotina era dominada por ela. Mãe por necessidade desde os seis, assumira a responsabilidade do irmão e a própria por amor e instinto, tamanha dor que lhe causava a não-vontade da suposta mãe de cuidar dos seus. Jamais reclamara. Privava-se da infância quase por vontade, consciente de que para cada humano um destino particular Deus havia concedido, e de que podia transformar seu fardo no prazer de seus dias. Pensamento precoce para os treze. Não para ela. Não agora, que já alcançava o fogão.

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Dias. Quarta-feira. Carne. Semana. Semanas. Anos. Anos. Anos. Tornou-se mãe. De sangue. De caridade. De obrigação. De vontade de mudar o mundo. De vergonha de sua própria. E trabalhava. E cozinhava. E ensinava. E criava. E amava. E ajudava. E estudava. E era mulher.

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E depois de adulta, começou a sonhar. Sonhar com um mundo melhor. Com mais amor. Com mais justiça. Com mais honestidade. Com mais educação. Com menos vergonha. Com menos sangue. Com menos filhos. Com menos pensamentos precoces. Com menos fardos. Com menos destinos. Com menos vontades. Com menos infância. Com menos dor. Com menos instinto. Menos responsabilidade. Menos necessidade. Menos proteína. Menos vapor. Menos olfato. Sem ponta dos pés. Sem carne. Sem quarta-feira. Sem escola.

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Sem almoço. Sem banco de madeira.

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Sem panela. Sem colher-de-pau.

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E por um segundo quis ser seu irmão.

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Ou sua mãe.

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Isabella Pacheco

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segunda-feira, 12 de julho de 2010

sábado, 10 de julho de 2010

Elegia, um belo poema de Danilo Diógenes

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O céu está tomado.

Não me recordo das nuvens

ou das estrelas cambiantes

sob as quais passeávamos.

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As estrelas apontavam

o mar, o mar se dividia

e à beira da praia

as ondas degustavam

nossos pés.

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O mar em dois se dividia.

Ficávamos a esperar os povos fugitivos,

os escravos, os ladrões…

e a nossa imaginação falhava como um rádio velho…

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Hoje, porém,

o céu está tomado.

Não me recordo

das estrelas cambiantes

sob as quais

o mundo desfilava

enquanto

à beira da praia

as ondas degustavam

nossos pés.

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Os olhos do céu

agora muito se ocupam

em só espiar usinas

e navios que atravessam

a noite

com ativistas e carregamentos

clandestinos.
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Danilo Diógenes
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quarta-feira, 7 de julho de 2010

Cidade, um poema de Rafael Magalhães

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As casas amontoadas
conversam entre si
carregadas, pulsando
palavras, fôlegos
que entram e saem
pelas portas escancaradas
Quando chega o azul
da noite, o silêncio
é raro, os sonhos
explodem, fazem barulho
acordam os mistérios
segredos que voam
pelas esquinas
vazias
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Rafael Magalhães
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Rafael Magalhães é nosso leitor de Vila Velha, Espírito Santo.
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terça-feira, 6 de julho de 2010

"a flor do rosto", livro de Leonardo Vieira

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Lançamento do livro "a flor no rosto", de nosso amigo de bolha Leonardo Vieira.
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segunda-feira, 5 de julho de 2010

O baile, um poema de Roberto Borati

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pernas misturam
corpos suam
orgasmos ritmados
sorrisos cínicos
e morte feliz.
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Roberto Borati
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Lançamento de "Caminhos do Texto", no Rio!

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sexta-feira, 2 de julho de 2010

Resquícios confessionais

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Abortei o amor na clandestinidade dos excluídos, dos subversivos, dos exilados frente à própria felicidade. Não tinha direito a tanto, a tudo; o direito de governar-me nunca me fora entregue bem como as chaves do deserto de peles com que me cubro, e não me cabem. Abortei as faltas que, talvez, não me caibam como quem reduz ao pó a própria inexistência do grito à procura de alento. Os excessos presos à garganta, um nó de palavras símbolos e signos, corroboradas em cartas extraviadas na imensidão do afeto sepultado. Ao morto, duas moedas de prata sobre os olhos, o devido.
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Nathanael Araujo é leitor do Jornal Plástico Bolha virtual e impresso (adquirido em Rio das Ostras), já publicou um poema no blog do Plástico e escreve nos blogs: http://no/-particular.blogspot.com e http://coisasqueachamos.blogspot.com/.
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É hoje: "Me roubaram uns dias contados"

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quinta-feira, 1 de julho de 2010

ÀS CEGAS — autotradução de Marilena Moraes

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Encontro às cegas
Gato de olho azul
Gata triste e loura
Bar Anjo Triste
Big carro marrom

MAS
Gato de olho marrom

ENTÃO
Nada de baby doll
Nada de banho de bolhas
Nada de blues sob o céu azul
Nada de bellinis
Nem Bora Bora, nem Big Apple

Só um triste coração
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Marilena Moraes
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BLIND DATE — de Marilena Moraes

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Blind date
Blue eyes boy
Blond blue girl
Blue Angel bar
Brown big car

BUT
No baby blues

SO
No baby doll
No bubble bath
No blues under the blue
No bellinis
No Bora Bora, no Big Apple

Just broken heart.
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Marilena Moraes
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