quinta-feira, 24 de setembro de 2015

Perdidos no espaço


As estrelas estragam a trama negra
do céu. Traças de luz sobre o veludo
traçam leões e bússolas, escudos
e escorpiões. Seus símbolos e letras

revelariam todos os segredos:
saúde, morte, amor, fortuna e azar.
Como se as traças dessem pra tramar
mais que furos de luz no fundo negro.

Leoni

quarta-feira, 23 de setembro de 2015

IX


A cabeça do poeta: noite
em miniatura — no interior
do ovo ainda inteiro e intacto
a noite elabora a gema,
poema à imagem do sol;

sob a casca em branco
a técnica do espanto
até que na temperatura exata
do ovo se evade
a forma áurea da ave.

Erick Moraes

sexta-feira, 18 de setembro de 2015

Axiomas de prelúdio


Pega a Onomatopeia pega ela depressa pega e se exaspera e pega e se apressa. Pega com pressa, faz uma compressa para dor de cabeça. Liberta toda a fome da sexta-feira. Libera a cabeça que gira depressa. Liberta o sentimento poeta. Liberta várias almas com calma. Abre o decassílabo, persegue nele o destino. Segue de mansinho, vai depressa ao Anacoluto. A casa, o homem adentrou batendo as pernas com tudo. Contudo a hipérbole é assintomática. Tic-Tac no meu coração. Faz a metonímia transar a metáfora na maior das sinestesias com a personificação do criado mudo, pois o crioulo surdo já fala de provérbios velhos.

Axioma marginal
Polissíndeto acidentalmente marginal te dou aval
Que fales por mim!
Que saia das saias de roda
Que force a força do braço
Que pegue a enxada na roça
Axioma marginal
Não seja tu o meu banal
Sonho realmente
Verdadeiramente venal
Real metáfora
O sapo engole a cobra
Língua de sogra
Veneno chacal
E gato foge de cão
A galinha fala do milharal no quintal
Infâncias da gente
Seja veemente
Venha ainda que descontente
Quebre um dente
Leia a prosopopeia
Faça um verbeto
Reverbere no clarinete do negro
Antes venha com antíteses
Mímicas e mímeses
Engrosse o glossário
Escondendo o guarda-chuva no armário
Já que eu sei
O cacófato lerei
Saio do pleonasmo
Sou vicioso exagero
Ah! que coisa verifica a zeugma
E evita o barbarismo
Vibre com sufixos
E prefixos
Também não os esqueça
Guarde este poema de cor no coração.

Antônio Marcos Abreu de Arruda

quarta-feira, 16 de setembro de 2015

Algo ainda mais estranho e inexplicável


Desde que as fábricas do Cinturão de Órion
Patentearam os rubik’s cube
Invenção barata feita pela raça
Do terceiro planeta de um sistema solar
De uma galáxia empoeirada


Ficou impossível para todos
Ter uma razão de existir
É bem verdade que ainda
Existiam as palavras-cruzadas
Mas não era a mesma coisa


Os governantes da terra ainda se organizaram
Para a partir de uma base em marte
Enviar uma missão de camelôs astronautas
Para comprar o objeto em Alnitaka


Mas foram barrados pelo alto custo da missão
E pelo questionamento de políticos socialistas
Que suspeitavam que os cubos seriam
Comercializados a preços absurdos
Priorizando uma minoria burguesa


Preocupado com o alto índice de suicídios
O presidente das galáxias tomou uma medida
Que obrigava as fábricas enviarem um cubo
À cada planeta do universo e que os deixassem
Aos cuidados das mais famosas instituições planetárias


As fábricas tiveram prejuízos
O que as levaram a comprar peças
De segunda para os motores de dobra
Das naves mercantis interestrelares


A nave que trazia o cubo ao planeta terra
Errou o cálculo da dobra e foi para o passado
No planeta na cidade das sete colinas
Fizeram o primeiro contato com a instituição


Os homens de vermelho e chapéus engraçados
Não sabiam como tratar aquele assunto
Mas o entregador como todos os entregadores
Queria apenas cumprir seu dever


E deixou o objeto ali mesmo na porta embalado
Em plástico-bolha o que mais tarde seria
Uma febre mundial estourar aquelas bolhas
Que faziam barulho agradável aos sentidos


Os velhinhos de chapéus engraçados
Carregaram o objeto para dentro
E ali começou o maior de todos
Os desafios que tiveram em suas vidas


Anos a fio tentaram resolver
O enigma daquele cubo
Doutores foram levantados
Mestres questionados em oculto
Muitos ficaram loucos de pedra


Até que um dia para conter o frenesi
Dos que queriam resolver o cubo a qualquer custo
A instituição o colocou numa caixa e o trancou
Numa sala onde um único homem teria a chave

A sala ficou conhecida como a sala das lágrimas

Savannarola

terça-feira, 15 de setembro de 2015

Mostra Bosque - PUC cena experimental


O Plástico Bolha vem divulgar, através da matéria de Santiago Perlingeiro, a iniciativa Mostra Bosque - PUC cena experimental, em andamento desde sexta-feira (dia 11) e que se estende até dia 18. A programação detalhada do evento e demais informações podem ser acessadas pelo facebook https://www.facebook.com/mostrabosque?fref=ts

Segue a matéria de Santiago, publicada pela NOO:
http://noo.com.br/mostra-bosque-ta-de-volta/ 


sexta-feira, 11 de setembro de 2015

Divina confusão


Contra o pôr do sol, alinhado                                  
ao nascer do dia, bem no alto          
da montanha — lá, o Redentor.      
Um erro de cálculo: Cristo               
(oxalá que mal saiba disto!)             
manda pra Meca seu louvor.

Alexandre Bruno Tinelli

quarta-feira, 9 de setembro de 2015

Soneto do nonsense


Certo dia meu bom jardineiro
Não quis bala como pagamento
Papilas sinvastativas no celeiro
Cachorro morto não liga pra faturamento

Na minha casa nem tem grama
Fiz a canja no estilo anagrama
Hoje é o dia, fotograma vira anedota
Esse cotovelo de plástico pertence ao agiota

Nessa vida que  Deus me deu aprendi
Gatos vesgos têm dificuldade de tossir
Cumpadi, seu “modos operante” acabou de sair

Meu soneto é fácil de levar a cabo
Foi só seu título pronunciar
E fiquei com vontade de comer quiabo.

Raphael Aguiar