sábado, 24 de setembro de 2011

A menina que usava brincos

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Ela não vivia mais de brincos. Não, vivia. Mas não eram mais fixos. Agora eles eram retirados e postos de volta. Não tinham mais posto! Haviam perdido o privilégio do travesseiro. Do cheiro da cama. Dormiam deitados na mesinha, brilhando, brilhantes, à espera incansável da manhã. Do banho. Da roupa. E então retornavam ao local, agora, de passeio. Haviam de passear. Todos os dias. Até quando fossem trocados, acomodados no veludo macio e na escuridão sem previsão de término. Mesmo se por um período curto, substituídos por um modismo qualquer. Ou por anos. Para aí, quem sabe, só saírem para festas.

E talvez fossem muito mais felizes assim, observando dali de cima somente os sorrisos, mesmo que mentirosos, dos dias supostamnete alegres.
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Isabella Pacheco
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Isabella Pacheco
é tradutora, revisora e faz parte da equipe do jornal Plástico Bolha.

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sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Um arroto

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À falta do que dizer...
Um arroto. O vibrar de acordes. A melodia de um odor sol.
Quisera eu morrer de tédio. Ver-me livre desta preguiça suicida!
Mas a morte não é função dos fracos.
E eu fico. Inerte em espaço neutro.
Julgo tolice a morte banal. Arroto e vivo.
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Fabiano Mixo e Miguel Coral
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