quarta-feira, 3 de outubro de 2012

Palavras adversas, um poema de Ianê Mello


Se você me chama vida
eu te chamo morte
poço que aprofunda dores do sentir

Se você me chama alegria
eu te chamo tristeza
na penumbra que cobre a tarde devagar

Se você me chama desejo
eu te chamo indiferença
no esgar de sorriso a passear em lábios cor de sangue

Se você me chama presente
eu te chamo passado
no tempo que escorre pela fresta da porta entreaberta

Se você me chama brisa
eu te chamo tempestade
arrastando com fúria promessas guardadas no tempo da espera

Se você me chama completude
eu te chamo vácuo
nas horas que espero em vão sua presença dispersa em nuvens

Se você me chama verdade
eu te chamo calúnia
em palavras encobertas na tez branca pela véu da desesperança

Se você me chama grito
eu te chamo silêncio
e me despeço muda desse incansável sentimento que você teima em  sentir

Se você me chama nada
eu te chamo de amor
quando irônico sorri da dor que me rói por dentro
de com ferro em brasa ateia fogo no que de mim resta de humano

Ianê Mello.

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