Elegantes echarpes coloridas,
As suas joias são de
azul-turquesa,
Possuem as vontades reprimidas:
Eis as damas da elite assaz
burguesa!
Desfilam pela Gávea com seu
brinco
Abrilhantado pelos seus
diamantes!
E buscam o prestígio com afinco,
E rancorosas guardam-se pedantes!
Nas festas, nos seus chás, nos
seus cafés,
No meio do marido infame e
afoito,
Podemos enxergar o vil revés
Das saudades do século dezoito!
Sem corromper seu senso de
justiça
No Domingo comungam blasfemadas!
Fazendo a caridade tão mestiça
De dar a esmola aos pobres nas
calçadas!
Seus colares imensos de esmeralda
Refletem o sarcasmo deste mundo!
E o seu orgulho apenas se
respalda
Na inocência do peito vagabundo!
São tolas, e o que têm de
criminosas
Possuem também de índoles de
santas!
Perdidas nas tragédias orgulhosas
De abafarem os gritos das gargantas!
Marido e filhos para olhar apenas
Das damas tiram todo encanto e
luz...
E entristecem as vidas tão
pequenas
Que ao padre prometeram sob a
cruz!
Nem sabem que declinam por sofrer
Ao descobrir o esposo com a
puta...
E choram ter perdido o seu poder
Das juvenis belezas em disputa!
Nenhum relógio marca o sofrimento
Das senhoras singelas e tão
cultas,
Das senhoras que têm o sentimento
Oculto em terapêuticas consultas!
O seu pesar apenas se compassa
Na hierarquia fatal dos bons
costumes...
Pois do que querem - vã vontade
escassa -
A regra diz que querem só por
ciúmes...
E das normas impera a língua má:
Se mais prata
tiverem nos talheres,
Mais tristes
riem risos, mas será
Que sofrem como
todas as mulheres?
Guilherme Ottoni
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