terça-feira, 2 de abril de 2024

o verme, de Gabriel Silveira


ando na rua com passos em ritmo
de fuga
atentos ao primeiro sinal
ao primeiro estrondo de
algo que já é
banal.
procuro por portas abertas em cada esquina,
por frestas para ir quando o bicho pegar.
ele tem duas patas e um olhar odiento
é verme que rasteja na caveira
com rodas enquanto a fumaça se espalha pelo ar.
deixa no solo pegadas rubras e de preto zomba
do luto
de feridas que não cabem em números
do irmão do outro lado do muro.

crânio acéfalo de faca em riste
que rasga um país
ao meio.


Gabriel Silveira

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