Percebendo agora, essas paredes brancas foram um engano
Você me olha da porta com desinteresse e diz que discorda
Marguerite Duras me olha da cama e diz que concorda
Marguerite é qualquer coisa menos dura:
Diz, com ternura, “foi um engano”
Satisfeita, puxo o livro, sopro a poeira
Leio alto, com postura, curiosa e empolgada
Vejo luzes fraquejando, roupas adornadas e um lenço pendendo do [teto
Mapas enquadrados, cidades inflamadas e corpos recém descobertos
Na parede está a bomba (como um cogumelo)
Caindo sobre o quarto (atmosfera de encanto mesmo ao som dos seus [protestos)
Eu sei que você está odiando
Porque sua cara evidencia o quanto tudo é ordinário
E revela, sem sutilezas, a nudez do meu palco
Ainda tenho Hiroshima às minhas mãos
Tenho Marguerite me encarando e você claramente enfadado
“Hiroshima é super trágico”
Dou tudo de mim (estou encenando)
Dou tudo de mim e ainda assim
A plateia pode estragar o espetáculo Paula Reis Vianna
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