A arte de perder não é nenhum mistério;
Tantas
coisas contêm em si o acidente
De
perdê-las, que perder não é nada sério.
Perca
um pouquinho a cada dia. Aceite, austero,
A
chave perdida, a hora gasta bestamente.
A
arte de perder não é nenhum mistério.
Depois
perca mais rápido, com mais critério:
Lugares,
nomes, a escala subsequente
Da
viagem não feita. Nada disso é sério.
Perdi
o relógio de mamãe. Ah! E nem quero
Lembrar
a perda de três casas excelentes.
A
arte de perder não é nenhum mistério.
Perdi
duas cidades lindas. E um império
Que
era meu, dois rios, e mais um continente.
Tenho
saudade deles. Mas não é nada sério.
—
Mesmo perder você (a voz, o riso etéreo
que
eu amo) não muda nada. Pois é evidente
que
a arte de perder não chega a ser mistério
por
muito que pareça (Escreve!) muito sério.
Elizabeth Bishop
Tradução de Paulo Henriques Britto
segunda-feira, 28 de julho de 2025
A Arte de Perder, poema de Elizabeth Bishop — tradução por Paulo Henriquess Britto
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