Manhã de domingo, calor. Um leve incomodo no ventre. A noite havia sido agitada: sonhos e pesadelos, medo e excitação.
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Ela se levanta, uma estranha sensação percorre seu corpo, se olha no espelho demoradamente e meticulosamente. Apalpa seu corpo. Os pequenos seios se insinuam pela camisola fina. Os cabelos curtos mostram a curva do pescoço.
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Olha-se no espelho mais uma vez e se descobre bonita. Sorri.
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Os olhos faíscam, o ventre dói e ali no espelho, não mais se vê, é outra. Outras mãos, outros pés, outro ser.
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Vê-se mulher e o corpo se contrai bruscamente. Se contorce com a dor mas sorri e compreende que naquele instante morre uma e nasce outra.
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Morre a menina e nasce a mulher no sangue quente que escorre por suas pernas.
.Tânia Tiburzio
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