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Este é o retrato de uma princesa,
Uma infanta,
Que jamais foi rainha
Mas que guarda
Na palidez da face
Uma tristeza oculta,
Um sofrimento
Que a torna imortal
E santa.
O retrato da princesa,
Pequena infanta
Vestida de negro,
Diz que ela nunca se casou,
Que sucumbiu
No auge da vida
A uma febre,
A uma chama
Que a consumiu
E fechou-lhe a garganta.
O retrato da princesa,
Pobre infanta,
Mostra um corpo frágil,
Uma cabeça erguida,
Uma testa ampla,
Gerada por príncipes,
Talvez das Astúrias,
Há no seu olhar
Um fascínio que encanta.
No retrato da princesa,
Um espelho ao fundo
Devora a sua imagem,
O seu sonho de infanta.
Seria ela Margarida?
Amélia?
Maria?
Teria sido solitária,
Exilada,
Sem reino,
Sem destino,
Decapitada?
O que há nesse retrato
Que tanto me espanta?
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Raquel Naveira
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