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— O que você quer de Paris?
— Uma folha da borda do Sena,
Uma folha de castanheira,
Ressequida e amarela.
Bastará uma folha
E me virão à lembrança
Os beijos,
Os barcos,
As abadias;
Atravessarei pontes,
Arcos,
Águas ancestrais
E ficarei presa ao passado,
Às torres
E ao cais.
Uma folha só,
Da árvore mais velha
Ou da mais alta
E sorverei magia,
Gotas de chuva,
Pingos de luz.
Uma folha arrancada pelo vento
Como a que caiu
Sobre meu casaco de veludo
Naquela tarde bordô.
Uma folha do Sena
Armazena todo meu sonho
De ser feliz.
Uma folha da borda do Sena
É o que quero de Paris.
Raquel Naveira
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sexta-feira, 25 de março de 2011
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3 comentários:
Que singelo...
Raquel, infelizmente, nunca fui à Paris, mas lendo seu poema consegui sentir até o perfume da cidade Luz. Só a sensibilidade de uma das maiores poetas do mundo, consegue captar a alma e o real valor de cada um dos seus cantos.Um mundo de essências em uma folha seca. Profundo, como tudo que brota de sua alma. Parabéns, Lindo poema, e com a simplicidade dos Grandes Mestres! Ainda terei a felicidade de vê-la na ABL. Obrigada, pelo presente!
Uma folha da borda do Sena, e o seu poema escrito nela. Evoé!
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