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o poema em posição de mudra
antídoto que medita
em cima da ogiva nuclear.
quando caminha,
caminha em topografias acidentadas,
com um jeans-azul encharcadíssimo,
mas caminha.
posiciona o crânio no raio x
que exibe a estrutura esquelética
de um ornitorrinco perfurado
por 365 arbeletes e arpões.
enquanto no travesseiro, a cabeça
é a manada de éguas castradas
relinchando por toda madrugada
dentro da sua quitinete.
[ . . . ]
como uma arara azul em apuros
eletricistas e alpinistas industriais,
telhadistas, carvoeiros, um parque fabril
e atletas de levantamento de peso
formigam nas partículas infinitesimais,
nos átomos e fractais que compõe a vértebra
deste entusiasmo
que expectoramos
encanamento que estoura
todo os dias neste alvoroço,
nesta preocupação
que sonha e se resonha mundo.
restam poucos metros cúbicos no cilindro
mas que oxigenam um bairro inteiro.
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